MEGAN POV.
Sobrevivi ao meu terceiro dia sem Kate. Ou pelo menos acho que sobrevivi, minha aparência era péssima, não dormia a três noites e só o que eu faço é passar o dia inteiro dentro do meu quarto. De acordo com Jenny eu estou com princípio de depressão, mas eu acho isso um verdadeiro absurdo. Claro, eu já tive dias melhores, mais o fato de eu querer ficar sozinha não quer dizer nada.
Acordei com o barulho de chuva na janela, aliás, não acordei. Pela lógica não tem como acordar se você sequer conseguiu dormir. Os últimos dias foram de pura chuva, o tempo estava um bosta assim como minha vida. Até o tempo colaborava pra o meu desânimo. Eu sentia falta de Kate, muita falta, mas eu precisava me afastar dela. Precisava controlar meus sentimentos, afinal, qual seria a reação dos meus pais em saber quem tem uma filha lésbica? E o Aiden? Tadinho, ele não merece uma coisa dessas.
Meus dias trancadas no quarto se resumiam em ouvir música, pensar em Kate, ler, pensar em Kate e é claro ler e reler a mensagem que Kate havia me mandado naquela noite.
"Droga, você também não me ajuda. Queria tanto ficar bem sem você, sem falar, sem contato, mas ao mesmo tempo quase morro quando você não me liga. Mas decidi que preciso te esquecer, só que eu acabo lembrado de como você é linda quando tá comigo, do seu sorriso, dos seus olhos fixados nos meus. Talvez essa seja a parte que mais me dói, ter que esquecer tudo isso. Ou talvez, o que mais me dói é ter fantasiado nossa relação porque você me deu espaço pra isso. " Kate
Ah Kate, como eu queria ficar com você, mas eu não posso. Só de imaginar a tristeza dos meus pais me dá um nó no estômago, ou de imaginar a expressão no rosto do Aiden quando eu contar pra ele o real motivo de estar terminando o namoro com ele. Eu não seria capaz nem em um milhão de anos de passar por tudo isso.
Resolvi então levantar da cama e deixar um pouco meus pensamentos de lado, mesmo querendo ficar no meu quarto pro resto da vida, eu precisava me alimentar.
- Bom dia Meg, você está ótima - me saudou Jenny alguns segundos depois de ter entrado na cozinha, seu tom de irônia me dava nos nervos, sei que não estou com a melhor aparência do mundo, mas não precisa ficar me lembrando disso toda hora.
- Bom dia.
- Vai pra aula hoje?
- Acho que não, estou sem ânimo - já fazia alguns dias em que eu faltava as aulas. Pra ser mais exata, desde o dia em que eu fugi de Kate. Sabia que se fosse pra aula eu iria bater de cara com ela, e eu não precisava vê-lá, aquilo só ia fazer com que eu me sentisse ainda pior. E por outro lado, pessoas com "princípio de depressão" não saem de casa.
- Você vai acabar reprovando a cadeira, sua sem noção. Por que não volta logo a falar com Kate, você está parecendo uma morta viva Meg - Ah, não, não, não e não! Não acredito que ela vai tocar no assunto Kate a essa hora da manhã.
- Obrigada por me lembrar da minha bela aparência e por se preocupar com as minhas aulas, mas deixe que da minha vida cuido eu - respondi Jenny com um tom frio e sério, apesar de ser minha amiga ela não tinha o direito de se meter assim na minha vida. Eu estava dando o meu melhor pra esquecer Kate e sai daquela fossa o mais rápido possível, porém estava sendo mais difícil do que eu esperava.
Após minha resposta Jenny provavelmente se tocou que estava sendo ridícula e caminhou em direção ao seu quarto sem dizer mais nenhuma palavra. Eu voltei a tomar meu café, que por sinal estava amargo e forte. Nada muito diferente dos outros dias, tudo na minha vida estava amargo, sem graça e sem vida. Eu sabia que precisava me animar, sair e respirar um ar, mas eu não tinha vontade e não fazia a menor questão de tentar. Infelicidade se torna costume, rotina, vício. Tem gente que se apega a tristeza, e eu tinha medo de está me tornando uma dessas pessoas.
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Lesbian
RomanceMegan Still é uma jovem de 19 anos, filha única de uma família religiosa. Meg acaba de entrar na faculdade de direito, onde conhece Katherine Loud, uma jovem que está disposta a conquista-lá e mostrar a ela os prazeres da vida. Com Katherine, Megan...