The Solution

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    Harry estava no templo de Apolo sozinho. Perto do castelo, ele havia mandado construir um templo novo há poucos anos, muito mais bonito e cheio de ouro, colunas de mármore e muitas oferendas diárias ao deus-sol, que há anos permitia que Wessex fosse um dos reinos mais bem sucedidos entre os sete. Ele andava de um lado para outro, entre a fumaça do ópio e dos sais de banho que davam ao local um aroma de flores silvestres e algum tipo de fruta que Harry não conseguiu identificar qual. Ele estava abalado, o que tinha acabado de acontecer com Gemma fazia uma culpa absurda cair sobre seus ombros.

    Ele tinha certeza que tinha irritado os deuses e aquilo era uma punição. Ele precisava mais do que nunca provar que não os estava subestimando e que teria que mudar sua postura referente à cumprir a promessa de sua mãe. Ele não conseguia e não queria pensar em sua vida sem Louis, pois a certeza de seu amor pelo ferreiro era clara, ele não tinha dúvidas que só seria feliz com aquele homem.

    - Por que permitiu que eu me apaixonasse por ele se ele não era para ser meu? - O rei sussurrava olhando para a bonita escultura de Apolo, que mostrava o deus apoiado em um dos joelhos, com o arco e flecha apontado para a entrada do templo. A escultura era feita de ouro polido e mostrava um verdadeiro guerreiro. O mais bonito dos deuses tinha a força e a beleza solar que quase dizia aos homens que eles viviam apenas porque ele próprio permitia.

    Não que Styles estivesse esperando uma resposta, mas queria algum sinal, não entendia o que estava fazendo de errado se sentia em sua alma que ficar com Louis era a coisa certa a fazer. Sua irmã estava no castelo, recuperando-se de seu quase encontro com a morte e nada tirava da mente do rei que a culpa era dele e somente dele.

    Ele estava nervoso, triste e confuso ao mesmo tempo. Aquele templo lembrava mais uma prisão de pedras do que uma homenagem reverenciando e agradecendo ao deus pelas bênçãos. Quando sentiu-se observado, percebeu uma das discípulas aparecendo entre a fumaça, ela vestia um fino vestido branco, deixando a mostra quase seu corpo inteiro. O branco simbolizava a virgindade da moça e os cabelos eram longos como se nunca tivessem sido cortados. As discípulas de Apolo eram conhecidas pela beleza e por serem mensageiras do Olimpo. Ao contrário do que acontecia geralmente, era o único lugar onde quem se curvava era o próprio rei.

    Harry apoiou-se em um dos joelhos baixando a cabeça assim que a moça apareceu. Ela estava claramente perturbada, seus olhos estavam vermelhos e pareciam olhar o nada, ela encarava a parede de pedra e permanecia em silêncio. Harry havia pedido às moças que fizessem conexão com Apolo pedindo por aconselhamento, o rei precisava saber o que fazer diante do que tinha acabado de acontecer com Gemma. Pacientemente, ele esperou em silêncio que a moça falasse quando estivesse pronta.

    Ela deu alguns passos na direção de Harry e maneou a cabeça para encará-lo. Não parecia ela, parecia que seu corpo estava sendo usado por outra pessoa. Quando ela começou a falar, sua voz saiu firme e não parecia vir de uma menina doce de não mais que quinze anos.

    - Cumpra a promessa da rainha. - A moça disse e Harry fechou os olhos, era exatamente o que ele não queria ouvir. - Althea já teve seu primeiro bebê.

    A moça se retirou devagar, voltando para o meio da fumaça onde as outras discípulas também permaneciam. Harry levantou-se desolado, aparentemente a história era verdade, ele precisava se casar com Taylor, os deuses estavam ficando impacientes e logo começariam a castigá-lo. A decisão que o rei tomou naquele momento não era nem de perto o que ele queria fazer, mas precisava, não poderia arriscar a vida de sua irmã ou de quem mais fosse apenas por um capricho de seu coração, por querer ficar com quem não poderia ter, era óbvio que seu romance com Louis, para os deuses, era uma verdadeira afronta.

    Ele deixou o templo e foi em busca do velho Alaister. Lembrava-se muito bem de que ele era o único sobrevivente da guarda real de seu pai e saberia dar bons conselhos. O único problema é que Harry sabia que aquele homem, além de velho, tinha fama de não ser bom da cabeça. Mas Harry precisava socorrer-se até a última palha, iria agarrar-se a qualquer informação, a qualquer coisa que pudesse contestar o que tinha acabado de ouvir da discípula. A última coisa que ele queria era cumprir aquela promessa.

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