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12:40 ainda Segunda-feira

Demorei um pouco pra conseguir falar, a voz saiu ainda falhando.

Eu: Alô, Gio, por favor antes de mais nada, não desliga, por favor, eu imploro.

Giovana ficou um tempo sem falar, eu só ouvia a sua respiração do outro lado da linha.
- fala comigo, por favor! - insisti.

Gio: Ah meu Deus, é você Mel? Me desculpa não atender. Aconteceu uns problemas aqui, não queria te preocupar.

Eu: Sim, eu imaginei que havia acontecido algo, o que houve? Fala pra mim. Você sabe que pode contar comigo. E o por que do pedido de desculpas?

Gio: Nossa, olha pra você.. Eu fui uma filha da puta e você ainda tentando me ajudar. Eu ia mentir, inventar uma história, mas já fugi por tanto tempo, que acho que pelo menos na primeira vez na vida vou ser sincera com você. Vou começar pelo principal, eu sou uma grande mentirosa. Eu não moro em uma mansão como havia dito, não tenho pais e irmãos, eu moro de favor na casa de uma tia, eu não tenho 19 anos, tenho 16. Eu não frequento todas aquelas festas, baladas e bares que eu digo que frequento, até por que não tenho idade pra entrar, eu não tenho uma amiga real. Eu não tenho nada! Eu só inventei tudo isso, por que você parece ter uma vida perfeita, com sua mãe, seu irmão, sua melhor amiga real, de carne e osso, seus amigos, seu emprego maravilhoso. Os lugares que você vai. Tudo pra você é perfeito. Eu tenho inveja da sua vida. De você. Eu queria ser você! Inventei tudo isso pra parecer mais legal, e você gostar de mim. Querer ser a minha amiga. Agora você entende?

Eu não sabia o que falar, no momento eu não estava chateada e nem um pouco com raiva dela, estava com pena. E não ia brigar com ela, minha intenção era fazer de tudo pra ajuda-la.

Eu: Giovanna pelo amor de Deus!! Para com isso. Minha vida não é perfeita. Não. Nem um pouco. Passo por muitas dificuldades todos os dias que você nem imagina, meu emprego não é maravilhoso, eu só trabalho la pra ajudar em casa. Meu irmão é um merda, eu não suporto ele. Prefiria não ter irmão. Enfim, minha vida não é um conto de fadas como você imagina. Tirando a Isa, eu to rodeada de pessoas falsas, que dizem ser amigos, mas que só falam comigo por puro interesse. Sempre querem alguma coisa. Você não precisa ter inveja de mim. Nem precisava ter mentido sobre tudo isso. Eu gosto de você pela sua personalidade. Pelo o que você é!

Gio: Ah, e mesmo, vamos ver se você vai continuar gostando de mim, sabendo que eu inventei que o Lucas viria pra ca, só pra ver você sofrer. Hahaha

Eu: VOCÊ O QUEEEE??!

Gio: É, isso mesmo que você ouviu. Satisfeita? É isso. Tchau.

E então a falsiane, escotriane, putiane, (e todos os xingamentos existentes da face da terra) da Giovana, desligou o telefone na minha cara.
Isso mesmo. Desligou o telefone na minha cara.
Da pra acreditar? A minha vontade era ir atrás dela, onde quer que ela esteja e bater nela com um gato morto e só parar quando o gato miar.
Ahhhh, aquela falsa. Aquela piranha. Me fez acreditar que o Lucas viria pra cá. Me enganou. Como ela pode? Que ridícula. Todo ódio do mundo para com ela nesse momento é pouco.
Isa interrompeu a minha linha de pensamento e xingamentos ofensivos, e veio com toda sua irônia me dar liçãozinha de moral.

Isa: Viu só? Eu estava certa. Eu disse desde o começo que essa guria não prestava. Desde o primeiro dia. Mas você me ouviu? Nãaaao! Só deu ouvidos a essa Giovana Banana, e olha só no que deu. Agora ai está você. Chorando, gritando, se debulhando em lágrimas. Enquanto ela esta la, rindo, zoando e..

CALA A BOCA!! -Gritei nervosa.

Você só sabe ficar ai, jogando na minha cara que estava certa, ao invés de me consolar. Eu estou um caco, e você vem se gabar por estar certa? Ok, Isabela. Você esta completamente certa. Feliz? - continuei.

Me levantei do sofá, no qual eu tinha sentado no momento de desespero, raiva e magoa. E fui em direção a porta.

Ah, e a propósito, Giovana Banana continua sendo um apelido ridiculamente infantil, assim como você. - disse enquanto saia pela porta e a bati com toda a minha força.

Corri para casa o mais depressa que pude, eu só queria minha cama, meu cobertor. E nada mais.
Ao entrar em casa o encosto do meu irmão estava jogado no sofá com os pés em cima da mesinha de centro assistindo a um jogo idiota de futebol.
Ao me ver entrar chorando, ele começou a rir, e com certeza não ia deixar passar a oportunidade de jogar mais uma das suas piadinhas ridículas.

Guilherme: ue, o que aconteceu melzinha? Brigou com o namorado? Hahahah.. Ah, é. Esqueci. Você não tem um. Hahaha

Eu: Não é da sua conta imbecil.

Joguei com toda a minha força o controle da televisão que estava em cima da mesinha bem no meio da cara dele. Pelo grito que ele deu, deve ter doido. Pois eu acho pouco. Tem que doer mesmo. Ah, me poupe, esse garoto não tem mais o que fazer a não ser me pertubar? E ficar se masturbando no banheiro? Puf, podre. Subi as escadas e nem ao menos olhei pra trás. Só ouvi os gritos distantes dele. Dizendo que eu tinha quebrado o seu nariz e que ia contar tudo para nossa mãe.

Vai contar para a mamãezinha é? Bebê chorão! Vê se cresce moleque. - gritei da ponta da escada e entrei no meu quarto.
Me joguei na cama, fiquei chorando por horas e acabei dormindo.

Acordei por volta das 21hrs, levantei ainda sonolenta, e fui até o banheiro. Tomei banho e vesti uma roupa qualquer. Meu ânimo era 0.
Fui até a cozinha comer algo. Peguei a primeira coisa que vi na geladeira, nutella e coca-cola. Abri um saco de bisnaguinhas, e me sentei a mesa para comer.
Enquanto comia, pensei na merda que tinha sido o meu dia. Primeiro o lance com a Giovana, não quero nem citar isso nesse momento pra não ficar com ainda mais raiva. Depois, briguei com a minha melhor amiga. E por incrível que pareça, essa foi nossa primeira briga. Nunca haviamos brigado antes. Já chegamos a descutir, mas geralmente sentamos, conversamos e tudo se resolve. Mas sinceramente, dessa vez ela foi uma completa idiota. Eu estava precisando dela. O por que de fazer isso? Meu Deus, o que mais está faltando acontecer pra essa bosta de dia ficar ainda pior?

MELISSA ANTENUCCI MARTINS!! - gritou minha mãe da sala.

Nem sabia que ela ja havia chego do trabalho, mas uma coisa é certa: Quando ela diz meu nome completo, e grita assim.. Boa coisa é que não é.

Por que eu fui abrir a droga da minha boca pra perguntar se dava pra ficar pior?!

Por trás de uma tela || HIATUSOnde histórias criam vida. Descubra agora