𝑪𝒂𝒑 𝟏𝟓 | 𝑽𝒊𝒄𝒆𝒏𝒕 𝑺𝒂𝒍𝒗𝒂𝒕𝒐𝒓𝒆

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Já faz uma semana desde tudo o que aconteceu

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Já faz uma semana desde tudo o que aconteceu. E, mesmo com o tempo passando, algo estranho vem acontecendo. Algo que venho escondendo dos meus pais.

Mathias.
Ele aparece todos os dias. Me vigiando na saída da escola como se fosse um fantasma. Acha que está disfarçado, mas não engana ninguém. Boné azul, blusa branca, aquele casaco cinza encardido, óculos escuros mesmo sem sol. Sempre com a mesma roupa. Parece que nem tem mais o que vestir.

Nojento.

Mas não sinto medo. Na verdade, só consigo pensar no dia em que vou vê-lo morto pelo que fez com a minha mãe.

Hoje, mais uma vez, ele está lá. Atrás dos arbustos, achando que passa despercebido.

Ridículo.

Reviro os olhos e respiro fundo. Chega disso. Chega de fingir que não vejo. Hoje eu vou até ele. Mas vou fazer isso do meu jeito, sem ele perceber.

Atravesso a rua, corto por trás do quarteirão. Ele não vai me ver. Mas eu vou chegar até ele.

Minhas mãos tremem um pouco quando toco no canivete escondido na cintura da calça. Frio. Afiado. Pronto.

Chego por trás. Em um movimento só, passo o braço pelo pescoço dele. Ele se assusta.

E então corto.
O sangue quente escorre pelas minhas mãos. Meus dedos apertam ainda mais o pescoço dele, sentindo o corpo tentando reagir, mas fraco, rendido. Ele levanta os braços, como se isso fosse me parar.

Mas não vou soltar.
Não até ele pagar.

— Me dá um... — sussurro rente ao ouvido dele, com a lâmina firme contra sua pele. — Um único motivo pra eu não cortar seu pescoço aqui mesmo e te ver sangrar até morrer.

Ele engole em seco. Sinto o tremor percorrer seu corpo.

Mathias — Eu sou o seu avô, criança! — diz ele, com a voz fraca, sufocada entre o medo e o desespero.

— Você não é nada pra mim. — minha voz sai firme, gélida. — Eu te conheci agora, e isso já foi mais do que eu queria. Meu avô  é o Damon. — digo firme — Você acha que está passando despercebido? Me observando como um rato covarde todos os dias. Gostou do que viu, hein? Não cansa de me vigiar?

Ele ri. Uma risada baixa, carregada de algo podre.

— Inteligente... — murmura, com um fiapo de voz. — Igualzinha à sua mamãe.

Meu punho aperta com mais força. A raiva pulsa nas têmporas.
Mas eu não tremo.

Solto o pescoço dele de repente, e o corpo cai no chão com um baque seco. Ele engasga, tossindo, tentando recuperar o fôlego. Sem dar tempo para ele reagir, ergo o pé e pressiono contra sua garganta, firme o suficiente pra deixá-lo desesperado, mas não ao ponto de desmaiar.

𝑴𝑰𝑵𝑯𝑨 𝑶𝑩𝑺𝑬𝑺𝑺𝑨̃𝑶-𝑻𝑶𝑴 𝑲𝑨𝑼𝑳𝑰𝑻𝒁Onde histórias criam vida. Descubra agora