𝑪𝒂𝒑 𝟐𝟑 | 𝑨 𝑽𝒐𝒘 𝒐𝒇 𝑩𝒍𝒐𝒐𝒅

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Desde que Chloe saiu, Ysadora não parou um segundo

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Desde que Chloe saiu, Ysadora não parou um segundo. Andava em círculos, os dedos trêmulos mordendo o resto das unhas, os olhos vidrados em nada — como se estivesse vendo o pior. Eu tentei falar que ela voltaria, que era só uma volta rápida, que ela devia descansar… mas o instinto de mãe dela sempre foi mais forte que qualquer palavra minha.

Ysadora é uma mãe foda. E, no fundo, eu sempre soube que ela morreria pelos nossos filhos sem pensar duas vezes.

Eu disse a Bill que deixasse todos descansarem um pouco. Precisávamos de forças quando o sol nascesse — tínhamos muito trabalho pela frente. Matar cansa, esconder cansa, viver entre o medo e a culpa cansa.

A noite estava pesada.

O silêncio, quase sagrado. Todos dormiam um sono fundo, o tipo de sono que só vem depois de dias de sangue e adrenalina. Mas, conforme as horas se arrastavam e nenhuma notícia da Chloe chegava, o incômodo virou agonia.

Ysadora estava em pedaços. A cada minuto, eu via o desespero consumindo ela viva.

Ysadora — Ela está demorando demais, Tom… — a voz dela falhou. — Não devíamos ter deixado ela sair.

As mãos dela foram ao peito, como se tentassem segurar o coração antes que ele despencasse.

— Calma, meu amor. Eu vou lá fora procurar. — beijei sua testa, o gosto salgado do medo grudou nos meus lábios.

Peguei o casaco e saí. O vento frio cortava a pele como lâminas. Andei pelo galpão, chamei o nome dela. Nenhuma resposta. Só o eco devolvendo minha culpa.

Continuei andando, mais longe, gritando outra vez — e nada. O vazio respondeu com um silêncio que parecia zombar de mim.

Quando voltei, o peito queimava. Ysadora correu até mim, o rosto pálido, as mãos tremendo.

Ysadora — Cadê ela? Cadê nossa filha, Tom?

Não consegui responder.

O coração disparou, a cabeça girava, e a voz dentro de mim começou a sussurrar o que eu já sabia: você falhou, de novo.

Falhei como pai.
Falhei como homem.
Falhei como tudo que tentei ser.

— Todo mundo acorda. Agora! — gritei, esmurrando a mesa, as veias latejando nas têmporas.

As luzes se acenderam com violência. Um a um, os corpos começaram a se mexer, olhos pesados, confusos, tentando entender.

Mas eu já sabia.
Algo estava errado.
E, dessa vez, o erro tinha o nome da minha filha.

Bill — Me dá um motivo bom pra eu não te bater, Tom Kaulitz. — a voz dele é um corte seco, cheia de aço.

— Chloe sumiu. — digo sem rodeios.

É como acionar uma bomba no ar. Todo mundo pula de uma vez, corpos se chocam, olhares viram lâminas.

Matteo — Como assim sumiu? — ele engasga com o horror.

𝑴𝑰𝑵𝑯𝑨 𝑶𝑩𝑺𝑬𝑺𝑺𝑨̃𝑶-𝑻𝑶𝑴 𝑲𝑨𝑼𝑳𝑰𝑻𝒁Onde histórias criam vida. Descubra agora