𝑪𝒂𝒑 𝟐𝟐 | 𝑩𝒍𝒐𝒐𝒅 𝑪𝒂𝒑𝒕𝒊𝒗𝒊𝒕𝒚

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Passei a madrugada escrevendo esse capítulo, como não consegui postar ontem, estou postando agora como prometido.

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Sinto o sangue ferver como metal aquecido — uma raiva antiga, suja, pronta para explodir

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Sinto o sangue ferver como metal aquecido — uma raiva antiga, suja, pronta para explodir. No galpão ninguém dorme; sombras se mexem, risos abafados, ferramentas que tilintam como promessas. Essa fúria que me corrói me assusta porque eu conheço o meu limite: é fino como vidro e afiado como lâmina.

Sei do que sou capaz. Sei que, se alguém tocar em quem eu amo, o mundo pode se partir sob meus pés e eu sorrirei enquanto observo os estilhaços.

Saio do galpão porque preciso de ar que não cheire a óleo e raiva. Acendo um cigarro olhando as estrelas — a nicotina queimando parece coordenar com o ritmo acelerado do meu coração. Alguém pode me ver, e foda-se; preciso dessa mentira que me acalma por segundos. Quero que tudo acabe.

Sinto que o fim está perto, e isso me dá um prazer cruel.

Alguém se aproxima pelas sombras. Apago o cigarro com o salto do pé e me viro num movimento tão rápido que o mundo ao meu redor parece perder uma batida. Dou um soco cego — o golpe não passa porque dedos firmes prendem meu pulso com a facilidade de quem conhece corpo e destino.

Matteo.

— Bom reflexo. — ele solta o aperto com um sorriso duro. — Toma mais cuidado.

A voz dele é servo e contenção. Eu a desprezo.

Matteo — Você não deveria estar fumando — diz ele, cruzando os braços como se fosse o pai do mundo.

— E você não deveria se intrometer na minha vida — respondo, seca.

Não suporto palhaços que se achem donos do meu corpo.

Matteo — Chloe, você não tem idade pra isso. Para de foder com a sua vida. — a acusação é infantil; ele tenta consertar a própria autoridade.

Um riso frio explode no meu peito.

— Você não presta pra nada, Matteo. Para de fingir. Eu faço o que quiser. — a ameaça desliza na minha fala tão natural quanto o veneno.

Apostando tudo, ergo o queixo e encaro seus olhos castanhos — eu poderia arrancá-los e pendurá-los numa corrente de metal. Ele sorri de lado, desafiador.

Matteo — Você é a porra de uma mimadinha teimosa — rosna, a voz baixa como metal aquecido.

— Vai se foder, imbecil — respondo, e a minha voz é uma lâmina. — O sangue que corre em mim tem o sabor do fogo. Fale comigo com respeito ou eu faço você implorar por misericórdia antes de fechar o seu peito para sempre.

Matteo — Está me ameaçando? — sussurra, como se provocasse orgulho.

— Não, Hidalgo. — meu tom é gelo. — Estou avisando.

𝑴𝑰𝑵𝑯𝑨 𝑶𝑩𝑺𝑬𝑺𝑺𝑨̃𝑶-𝑻𝑶𝑴 𝑲𝑨𝑼𝑳𝑰𝑻𝒁Onde histórias criam vida. Descubra agora