Pé de cabra capítulo VI - Mais forte agora

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 A estrada estava escura.

O poderoso ronco do motor, da Harley Davidson Night Rod Special, soava quase como um grito que saudava a sobrevivência. A moto seguia na frente, pilotada pela bela ruiva com o lenço de maxilar de caveira cobrindo-lhe o rosto. Logo atrás as duas Blazers da policia militar a acompanhavam.

Uma fina e insistente garoa brindava os vitoriosos sobreviventes daquela noite tenebrosa.

As únicas luzes que podiam ser vistas eram os faróis da moto e dos carros. Eles passaram pela cidade de Santana do Parnaíba, próximos ao seu centro histórico.

Volta e meia avistavam algumas das criaturas que ao perceberem os veículos agitavam-se e tentavam em vão persegui-los, as ruas estariam desertas se não fossem alguns poucos zumbis.

Lock abriu a janela e em seguida acendeu um cigarro, que prendeu entre os lábios.

-E ai mano, ta tudo bem? - perguntou Lock olhando pelo retrovisor o amigo que estava no banco de trás.

-Tranquilo. - respondeu Tony sem desviar o olhar do que estava fazendo. -To dando uma olhada no que conseguimos nessas mochilas.

-E aí? Algo interessante? - perguntou Lock, focado na estrada escura.

-Conseguimos mais algumas armas, munição, duas granadas, tem uma bolsa cheia de medicamentos também, umas bandagens, apetrechos de primeiros socorros e tal.

-Entendi. - respondeu Lock, olhando o carro da frente dar seta pra direita.

Estavam entrando em uma estreita estrada de terra, que ficava cada vez mais íngreme, somente os faróis dos veículos propiciavam a iluminação daquele percurso.

-E ai Lock, salvos pela lenda viva pós apocalíptica, qual a sensação? - perguntou Tony sorrindo.

-Felicidade extrema manolo, ainda mais porque o tal "Pé de cabra", é simplesmente a mina mais gata que eu já vi na vida. - respondeu Lock olhando pelo retrovisor com um sorriso largo.

-Deve ser também a mais forte. - respondeu Tony com olhar intrigado.-Viu como o pé de cabra que ela jogou atravessou a cabeça do vagabundo e ficou travado na parede?

Lock ficou em silêncio e olhou o amigo pelo retrovisor.

-No mínimo estranho mano, já é dificil perfurar um crânio de zumbi estando perto, imagina jogar lá de fora do posto, atravessar um crânio e se cravar na parede sustentando todo o peso do corpo do infeliz.

Os dois ficaram em silêncio pensando naquilo tudo.

-Ainda bem que não foi na minha cabeça! - enfatizou Lock, arrancando um sorriso do companheiro no banco de trás.

Enquanto isso no carro da frente.

Mayara estava no banco do passageiro segurando a espingarda calibre doze, separando munição e recarregando a arma. Ela não havia dito nada desde que deixaram o posto.

O clima ainda estava tenso em virtude dos últimos acontecimentos.

Os garotos sentiam a tensão e trocavam olhares através do espelho retrovisor, encorajando um ao outro a dizer algo, Daniel quebrou o silêncio:

-E ai May? Como você tá? - disse pondo a mão no joelho da amiga.

A garota olhou-o com os olhos marejados, encarou-o por um instante em silêncio e olhou a mão do amigo em seu joelho.

Mayara suspirou profundamente, e sobre a mão de Daniel colocou a sua, retribuindo o carinho do amigo. Ela sorriu levemente e olhou pra estrada pelo pára brisas

-To bem... Mesmo com tudo o que aconteceu, eu to me sentindo muito bem.

Ela fez uma pausa tentando reforçar o sorriso.

-Aquele cara ia me estuprar, mesmo em desvantagem vocês me defenderam, arriscaram suas vidas por mim.

A garota ficou em silêncio por um instante, e olhou pela janela.

Lucas pôs a mão em seu ombro e se aproximou, ela deixou a espingarda sobre o colo e apoiou a outra mão sobre a dele, e sobre ela abaixou a cabeça apoiando o rosto.

-Eu to me sentindo mais forte agora, nunca tinha atirado numa pessoa, mas estourar o joelho daquele safado me fez encontrar um lado meu que eu nem sabia que tinha. - ela fez uma pausa - E eu to gostando muito disso.

-Então a May ta virando hominho e tá curtindo? - disse Daniel apertando o joelho da garota.

Mayara deu um gritinho acompanhado de uma gargalhada, que foi seguida por todos os amigos dentro do carro.

-Agora só falta ela pegar a Pé de cabra pra virar o macho alfa do bando. - completou Lucas.

Eles riram alto.

Lucas recostou-se no banco, curtindo aquele momento de felicidade que tanto custou a chegar, olhou os amigos sorrindo depois de toda aquela tensão e sentiu que uma vez mais a faísca de esperança se acendia.

Mayara agitou-se no banco da frente, estava a procura de algo, após ter olhado sob o banco do passageiro, voltou-se pra Lucas e questionou:

-Lucas, você pegou a minha mochila?

Continua...

Pé de cabra A era dos mortosWhere stories live. Discover now