Pé de cabra - Capítulo VIII - O conteúdo dos tambores

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 Ainda cheio de adrenalina ele não soube o que dizer. Olhou o chão e viu que o revólver do velho permanecia ali. Foi até ele e o apanhou, conferiu o tambor e viu que ainda restavam cinco balas.

Respirou fundo.

O terreno tinha uma bela vista para o centro da cidade de Carapicuíba.

O arqueiro sentiu o vento tocar o seu rosto, enquanto seus cabelos balançavam ao sabor dos movimentos do ar ao seu redor, ele observava em silêncio o horizonte. Olhou a pequenina que estava abraçada a uma mochila, ela olhou de volta com temor no olhar.

-Pode ter certeza que o que fiz a ele, foi pra que ele não fizesse mal a você. - disse ele guardando a arma dentro da mochila.

-Eu sei. - respondeu a pequena num sussurro

O arqueiro olhou a garota e percebeu que seus pés estavam descalços, ela vestia short e camiseta, ele entendeu que os tremores da criança não correspondiam somente ao stress dos últimos momentos, mas também ao fato da temperatura estar caindo. Olhou o céu e viu que nuvens escuras carregadas presenteavam aquele dia de inverno com um toque a mais de terror.

Sob o olhar curioso da pequena, ele abriu a mochila, e retirou uma barra de chocolate, que ofereceu a ela estendendo a mão, diante daquele gesto o olhar da pequena se acendeu, como se depois do trauma suas funções biológicas se religassem e ela descobrisse que a fome ainda fazia parte de suas necessidades.

-Pega, você não ta com fome?

Ela fez que sim com a cabeça, mas olhou o corpo do velho no chão, e em seu rosto desenhou- se uma expressão tensa indicando que estava incomodada por estar diante daquilo.

O arqueiro percebeu a tensão da garota e caminhou em sua direção, tocou seu ombro com a mão e entregou a ela a barra de chocolate.

-Vem comigo, vai comer ali atras do barraco, enquanto isso vou dar uma olhada lá dentro e ver se encontro um calçado pra você.

-Meu chinelo das Monster High tá la dentro. - disse ela caminhando ao lado dele.

-Pode deixar que eu pego pra você.

Ele a conduziu até o lado do barraco de onde já não mais podiam ver o corpo do velho. Ela sentou no chão encostando na parede de madeira da pequena moradia improvisada, ele abaixou até ficar com o rosto na altura do dela.

-Aqui tem água. -disse ele retirando da mochila uma garrafa e entregando a ela.

-Obrigada. - respondeu ela num fio de voz.

Ele olhou a pequena tomando água, sentiu por ela profunda simpatia desde o primeiro momento em que a viu, ela tinha um jeito de bichinho abandonado que mexia com algo dentro dele.

-Vou deixar a mochila com você, tem umas bolachas e uns salgadinhos aqui, coma tudo o que quiser, eu já volto.

Ela aquiesceu com a cabeça e agradeceu com a voz um pouco mais firme.

-Obrigada.

Levantando-se, ele retirou do coldre a arma que havia conseguido com o zumbi vestido de segurança, prendeu o arco nas costas junto com a aljava que continha as cinco flechas restantes, posicionou a faca no cinto e em seguida caminhou na direção do barraco. Enquanto caminhava olhou o terreno no qual estavam, ele dava acesso a rua debaixo, era pouco maior que um campo de futebol de salão, mais próximo do muro na parte inferior do terreno haviam alguns entulhos e mato alto.

Passou pela porta aberta do barraco, e olhou em volta, havia uma cama de casal, com cobertores e lençóis que fediam a urina, o barraco exalava um cheiro podre de comida estragada e haviam utensílios domésticos espalhados pelo chão.

Pé de cabra A era dos mortosWhere stories live. Discover now