Gritos.
Um tiro.
Corpos pútridos estavam sem rumo, os sons repentinos lhes apontam um caminho a seguir.
Não há estratégia.
Não há plano.
Apenas o desejo animalesco de se alimentar, apenas o anseio infindável por carne humana.
As criaturas se aglomeram.
Uma horda se junta.
Alguns atravessando a rodovia Castelo Branco, outros saindo dos galpões abandonados da avenida Fernando Cerqueira César Coimbra.
Eles caminham a passos cambaleantes, unidos por um objetivo instintivo, as criaturas seguem em direção a um terreno baldio.
Dentro de um terreno baldio.
Há um barraco com uma das paredes laterais destruída.
O corpo de um velho enorme com a face aberta por uma faca e uma atitude violenta.
O corpo de um filho deste mesmo velho com um profundo corte aberto na garganta, corte feito pela mesma faca que abriu a cara do velho, corte esse que fez o filho do velho sangrar até a morte.
O segundo filho está no chão beirando a inconsciência, uma flecha perfurou sua coxa esquerda, outra transpassou o seu olho direito e uma facada perfurou seu olho direito.
Um arqueiro de cabelos cacheados está caído com o rosto no chão, um tiro o atingiu pelas costas.
Do cano do revólver uma fina linha de fumaça serpenteia em direção ao céu. O braço forte, porém trêmulo ainda está erguido. A visão do pai e dos irmãos caídos invade a mente do atirador.
Ele sabia que algo assim ainda ia acontecer, nunca concordou com o "vício" da família, mas de alguma forma aquelas mortes seriam o fim daquele mal, que muitas vezes ele mesmo ajudou a causar, uma sensação estranhíssima de alívio o tomou.
Passou a mão na testa, enxugou o suor, caminhou até o irmão caido com a flecha fincada no ombro.
-Que disgraça fizemo de nossa vida Manuel?! Olha o que chegô pra nóis! - falou em meio as lágrimas dirigindo-se ao irmão caído.
O gigante Manuel, sofria com as dores provenientes do ataque do arqueiro.
-Acaba logo com ele... - falou o gigante ferido num sussurro.
-Ja dei um tiro no vagabundo, ele tá caído.
-Acaba com ele ..., atira na cabeça.
-Pára Manuel. Eu vo cuida docê, dexa o fi di rapariga pra lá, dei um tiro no lombo dele.
O atirador baixou-se e ajudou Manuel a se sentar, o homem ferido gemeu alto, as dores dificultavam sua concentração.
-Não quero sua ajuda!- resmungou Manuel.
-Calma mano.
-Atira logo na cabeça dele! - falou o homem ferido, juntando forças pra fazer as palavras deslizarem pra fora da boca.
-Me deixa aqui e atira logo na cabeça dele! - gritou Manuel juntando raiva a sua fala.
-Ta bom cacete! - gritou o atirador largando no chão o irmão ferido, fazendo Manuel urrar de dor ao chocar as costas contra o solo de terra.
Manuel fechou o olho bom, sentindo a dor lancinante que o acometia no buraco deixado pela faca do arqueiro, tentou relaxar enquanto descansava a cabeça.
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Pé de cabra A era dos mortos
HorrorPé de cabra é a saga zumbizesca que explora novas possibilidades sobre as origens do apocalipse zumbi, com personagens fortes e reviravoltas em solo tupiniquim. Venha se encantar com as possibilidades que um motivo inicial diferente é capaz de...