Pé de cabra Capitulo I Faísca de esperança

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O Sol do meio dia já não era o mesmo, naqueles dias que não eram mais os mesmos, pensava Mayara enquanto passava a mão no cabelo Channel preto, que desenhava tão delicadamente seu rosto de menina de dezesseis anos.

Sua pele clara contrastava com os cabelos escuros, que por sua vez destacavam ainda mais o azul de seus olhos. Seus dedos passeavam calmamente pelos fios, gostavam do tocar, do afago e do carinho, sensações e sentimentos, que aos poucos foram perdendo o seu significado dentro do contexto atual.

A garota refletia sobre tais fatos enquanto via a apreensão do companheiro de bando que observava atentamente o alvo da próxima empreitada do grupo, invadir o posto que parecia abandonado.

O céu nublado condizia com o clima tenso dos últimos tempos, cada vez mais daquelas coisas e menos pessoas. Viver tinha se tornado um tenebroso filme de terror em que todos eles se viam obrigados a atuar.

Estavam na mata há algum tempo, já não tinham mais água e a comida estava prestes a acabar. Preferiam manter distancia das estradas pra evitar hordas que estivessem de passagem.

Mayara respirou profundamente sentindo a garganta seca, apoiou a delicada mão sobre o ombro forte de Lucas, que com o binóculo procurava se inteirar do que acontecia no posto.

-E aí? Perguntou ela franzindo a testa.

-Pelo jeito ta vazio, mas daqui não dá pra dizer se vai ter alguma coisa útil pra gente.-respondeu ele sem desviar o olhar.

-A gente tem de ir ver man, já não dá mais pra ficar no mato, tamo sem água e de comida quase zerados.- disse Daniel se aproximando.

Daniel era branco, media por volta de um metro e oitenta, vestia calça jeans azul, um agasalho de moletom com touca que naquele momento cobria-lhe a cabeça, e calçava All Star preto, carregava nas costas uma mochila quase vazia não fossem alguns pacotes de bolacha água e sal pela metade. Nas mãos carregava uma trava de carros do tipo que prende o volante e o freio do veículo, basicamente uma barra de ferro redonda com duas extremidades de ganchos que media pouco mais de um metro.

-Eu sei man, a gente só precisa ter cuidado pra evitar surpresas. - respondeu Lucas baixando o binóculo e direcionando o olhar pra eles – Bóra então?

Mayara aquiesceu com a cabeça enquanto seus olhos grandes como os de uma criança fitavam o posto de gasolina. Sorriu com os lábios delicados enquanto ajeitava a jaqueta de couro, preparando-se pro deslocamento até o posto. Ela está com uma calça jeans preta e coturnos pretos que lhe subiam pelos calcanhares, ela carregava uma mochila rosa com duas garrafas vazias, um alicate pra fios de cabo vermelho, nas mãos trazia uma pá de jardinagem de cabo amarelo que tinha por volta de um metro de comprimento.

-Cadê o Lock?- perguntou Lucas.

-To aqui mano, tava dando uma urinada ali atrás. – disse o menino de pele cor de chocolate e cabelos crespos, saindo do meio do mato e juntando-se ao outros, ele usava um agasalho de moletom verde com touca que lhe cobria a cabeça naquele momento, uma camiseta do Master of puppets do Metallica, calça jeans azul e All Star preto, nas costas uma mochila do governo do estado de São Paulo azul, com meio pacote de pão de forma e dois pacotes de salgadinhos fechados, no bolso do agasalho um revólver calibre trinta e oito com quatro balas no tambor, no cinto ele havia improvisado um coldre pra um martelo de cabo preto que usava pra golpear.

-E o Tony? – perguntou Daniel.

-Quem você acha que sacudiu pra mim? – respondeu Lock em tom jocoso, olhando o amigo que se aproximava, ajeitando o que ainda restava na mochila.

Pé de cabra A era dos mortosWhere stories live. Discover now