- Meu equipamento está aí dentro!- gritei quando minha mochila que foi jogada no sofá quase caiu no chão.
- Ela tem muito cuidado com essas coisas de foto e computador.- Sophie explicou de forma desinteressada.
Ela nunca levou a sério meu trabalho, aliás, nenhum trabalho já que ela vivia do dinheiro dos pais.
- Por isso eu não queria que ninguém pegasse a minha mochila- abri irritada checando se alguma coisa tinha estragado.
- Eu não sabia, são só coisas- Ele disse com o mesmo desdém que pessoas falam sobre meus gostos e trabalho.
-Não são só coisas, é meu trabalho e se algo quebrou você pode apostar que vou fazer você pagar- ameacei ainda mexendo na mochila.
- É fotógrafa?- Ignorou o que eu falei.
- Não interessa- nada estava quebrado, graças a Deus. - Não te conheço, aliás, o que ele está fazendo aqui?- Perguntei para Sophie que estava parada observando nosso bate papo nada afetivo.
- Noah- Ele estendeu a mão para que eu o cumprimentase.
- O que?
-Meu nome-
Olhei para sua mão mas não fiz menção de apertar. Ele percebeu e recolheu.
- Sophie?- chamei atenção dela que havia esquecido minha pergunta anterior e estava entretida em seu celular.
-Han, oi?-
-Quem é ele e o que ele está fazendo aqui?
Ela olhou pra o estranho e depois pra mim confusa.
-Kate, você deveria ligar para papai...- respondeu sem graça.
Peguei meu celular no bolso, ignorei as 25 mensagens e 20 ligações perdidas de alguém que eu queria ignorar e liguei para meu tio.
- Oi Kate!- Ele atendeu com a voz animada.
-Tio, quem é esse cara e o que ele está fazendo aqui?- Perguntei meio mal educada, mas eu precisava saber logo.
-Que cara? - Ele perguntou confuso.
-Que cara?- repeti a pergunta
-Noah- o estranho estava de braços cruzados encostado na porta rindo de minha raiva.
- Ele disse que se chama Noah e que vai ficar aqui porque estamos presos!- exclamei rapidamente.
Meu tio estranhamente gargalhou do outro lado da linha e eu não entendi. Será que ele ouviu bem o que eu falei?
Sophie me olhava com cara de paisagem e o outro ainda encostado na porta estava de braços cruzados com cara de quem estava se divertindo muito com a situação.
-Tio?- Chamei atenção para que ele parasse de rir.
- Desculpe querida, Noah é um velho amigo da família, eu pedi que ele acompanhasse vocês mas como aconteceu o acidente ele vai ter que ficar aí com também, eu fico até mais tranquilo que está de olho nas minhas meninas-
Eu não estava acreditando muito naquilo.
- Kate?- Ele me chamou no telefone porque fiquei calada.
-Tu..Tudo bem, desculpe minha falta de educação- falei baixo, totalmente sem graça.
- Não se preocupe querida, pode nos ligar a qualquer momento, boa noite, até mais.
Desligou.
Me dirigi até o sofá, peguei minha mochila sem olhar para aquele homem só pra não correr o risco de voar no pescoço dele e fui direto para o banheiro tomar um banho frio...quer dizer, não muito frio assim.
A casa era grande o suficiente para cada um ficar no seu canto e com sorte eu não teria que me bater com certas pessoas.
Pra falar verdade eu ultimamente mais precisamente a uma semanas tenho ficado muito irritada, mais do que o normal mas por um motivo.
Talvez eu esteja agindo com um pouco de falta de paciência mas pensar em tudo que aconteceu e como eu fugi quando eu queria/poderia/deveria matar alguém me deixa ainda pior e o que mais me doeu na verdade foi o papel de idiota que eu fiz e perceber que todo mundo deveria saber..
A água caiu quase congelando nas minhas costas e eu gritei de susto, tratei de regular para o morno e esperei mudar a temperatura antes de me enfiar debaixo do chuveiro agradecendo por o banheiro ser dentro do meu quarto e desse jeito ninguém tinha me ouvido.
Depois do banho não sei ao certo quanto tempo depois, sai enrugada procurando roupa mas lembrei que tinha deixado a mochila ao lado da cama.
Vesti um roupão que parecia um pouco pequeno pra meu tamanho para voltar ao quarto mas eu vi minha imagem no espelho e parei para me observar mais de perto.
Vaidosa nunca fui, não muito, por isso, não lembrava muito de cuidar de mim mesma e isso era nítido nas minhas olheiras e o bendito cabelo com vida própria que por hora estava rebelde.
Em comparação com Sophie por exemplo, uma loira linda, com corpo cheio de curvas e um lindo e brilhante cabelo loiro natural e eu com pele mais morena, magra demais, rosto comum,e o cabelo numa indefinição terrível. Mas eu não era tão ruim assim, só eu mesma, a boa e velha e comum, eu.
Cansada de avaliar meu rosto sai do banheiro e voltei ao quarto. Ainda estava escuro porque eu entrei rápido e nervosa demais para me lembrar de ligar a luz. A mochila ainda estava lá fechada ao lado da cama, me apressei a abrir e procurar uma roupa ,o frio estava começando a apertar e eu comecei a me arrepiar.
Em fração de segundos ouvi a porta abrir e eu gritei de susto.
E lá estava ele, o estranho tão assustado quanto eu com a mão na maçaneta.
- Oi Kate!- Falou com a maior cara de pau do mundo.
-Sai do meu quarto! - Berrei .
- Tudo bem, calma!- E ele continuava lá parado na porta do quarto olhando pra mim.
- Que diabos você está fazendo aqui?- Perguntei ainda meio alterada de nervoso.
- Eu escolhi esse quarto pra ficar-
- Só que é meu, vai embora- mandei.
- Vou indo, mas se decidir dividir o quarto, estamos aí!- falou saindo.
Joguei um travesseiro nele mas nem chegou perto, ele correu rápido demais.
Corri até a porta e gritei.
-Pra você, meu nome é Katarina-
Ouvi uma gargalhada alta.
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Um amigo profissional (Concluído)
RomanceApós descobrir que estava sendo traída, a controladora Kate decide ir para a casa do campo dos tios e ter algum sossego para poder responder o sua grande dúvida: Porque fui traída? Noah tem exatamente aquilo que Kate não gosta, está fora do cont...