Capítulo 2

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- Meu equipamento está aí dentro!- gritei quando minha mochila que foi jogada no sofá quase caiu no chão.

- Ela tem muito cuidado com essas coisas de foto e computador.- Sophie explicou de forma desinteressada.

Ela nunca levou a sério meu trabalho, aliás, nenhum trabalho já que ela vivia do dinheiro dos pais.

- Por isso eu não queria que ninguém pegasse a minha mochila- abri irritada checando se alguma coisa tinha estragado.

- Eu não sabia, são só coisas- Ele disse com o mesmo desdém que pessoas falam sobre meus gostos e trabalho.

-Não são só coisas, é meu trabalho e se algo quebrou você pode apostar que vou fazer você pagar- ameacei ainda mexendo na mochila.

- É fotógrafa?- Ignorou o que eu falei.

- Não interessa- nada estava quebrado, graças a Deus. - Não te conheço, aliás, o que ele está fazendo aqui?- Perguntei para Sophie que estava parada observando nosso bate papo nada afetivo.

- Noah- Ele estendeu a mão para que eu o cumprimentase.

- O que?

-Meu nome-

Olhei para sua mão mas não fiz menção de apertar. Ele percebeu e recolheu.

- Sophie?- chamei atenção dela que havia esquecido minha pergunta anterior e estava entretida em seu celular.

-Han, oi?-

-Quem é ele e o que ele está fazendo aqui?

Ela olhou pra o estranho e depois pra mim confusa.

-Kate, você deveria ligar para papai...- respondeu sem graça.

Peguei meu celular no bolso, ignorei as 25 mensagens e 20 ligações perdidas de alguém que eu queria ignorar e liguei para meu tio.

- Oi Kate!- Ele atendeu com a voz animada.

-Tio, quem é esse cara e o que ele está fazendo aqui?- Perguntei meio mal educada, mas eu precisava saber logo.

-Que cara? - Ele perguntou confuso.

-Que cara?- repeti a pergunta

-Noah- o estranho estava de braços cruzados encostado na porta rindo de minha raiva.

- Ele disse que se chama Noah e que vai ficar aqui porque estamos presos!- exclamei rapidamente.

Meu tio estranhamente gargalhou do outro lado da linha e eu não entendi. Será que ele ouviu bem o que eu falei?

Sophie me olhava com cara de paisagem e o outro ainda encostado na porta estava de braços cruzados com cara de quem estava se divertindo muito com a situação.

-Tio?- Chamei atenção para que ele parasse de rir.

- Desculpe querida, Noah é um velho amigo da família, eu pedi que ele acompanhasse vocês mas como aconteceu o acidente ele vai ter que ficar aí com também, eu fico até mais tranquilo que está de olho nas minhas meninas-

Eu não estava acreditando muito naquilo.

- Kate?- Ele me chamou no telefone porque fiquei calada.

-Tu..Tudo bem, desculpe minha falta de educação- falei baixo, totalmente sem graça.

- Não se preocupe querida, pode nos ligar a qualquer momento, boa noite, até mais.

Desligou.

Me dirigi até o sofá, peguei minha mochila sem olhar para aquele homem só pra não correr o risco de voar no pescoço dele e fui direto para o banheiro tomar um banho frio...quer dizer, não muito frio assim.

A casa era grande o suficiente para cada um ficar no seu canto e com sorte eu não teria que me bater com certas pessoas.

Pra falar verdade eu ultimamente mais precisamente a uma semanas tenho ficado muito irritada, mais do que o normal mas por um motivo.

Talvez eu esteja agindo com um pouco de falta de paciência mas pensar em tudo que aconteceu e como eu fugi quando eu queria/poderia/deveria matar alguém me deixa ainda pior e o que mais me doeu na verdade foi o papel de idiota que eu fiz e perceber que todo mundo deveria saber..

A água caiu quase congelando nas minhas costas e eu gritei de susto, tratei de regular para o morno e esperei mudar a temperatura antes de me enfiar debaixo do chuveiro agradecendo por o banheiro ser dentro do meu quarto e desse jeito ninguém tinha me ouvido.

Depois do banho não sei ao certo quanto tempo depois, sai enrugada procurando roupa mas lembrei que tinha deixado a mochila ao lado da cama.

Vesti um roupão que parecia um pouco pequeno pra meu tamanho para voltar ao quarto mas eu vi minha imagem no espelho e parei para me observar mais de perto.

Vaidosa nunca fui, não muito, por isso, não lembrava muito de cuidar de mim mesma e isso era nítido nas minhas olheiras e o bendito cabelo com vida própria que por hora estava rebelde.

Em comparação com Sophie por exemplo, uma loira linda, com corpo cheio de curvas e um lindo e brilhante cabelo loiro natural e eu com pele mais morena, magra demais, rosto comum,e o cabelo numa indefinição terrível. Mas eu não era tão ruim assim, só eu mesma, a boa e velha e comum, eu.

Cansada de avaliar meu rosto sai do banheiro e voltei ao quarto. Ainda estava escuro porque eu entrei rápido e nervosa demais para me lembrar de ligar a luz. A mochila ainda estava lá fechada ao lado da cama, me apressei a abrir e procurar uma roupa ,o frio estava começando a apertar e eu comecei a me arrepiar.

Em fração de segundos ouvi a porta abrir e eu gritei de susto.

E lá estava ele, o estranho tão assustado quanto eu com a mão na maçaneta.

- Oi Kate!- Falou com a maior cara de pau do mundo.

-Sai do meu quarto! - Berrei .

- Tudo bem, calma!- E ele continuava lá parado na porta do quarto olhando pra mim.

- Que diabos você está fazendo aqui?- Perguntei ainda meio alterada de nervoso.

- Eu escolhi esse quarto pra ficar-

- Só que é meu, vai embora- mandei.

- Vou indo, mas se decidir dividir o quarto, estamos aí!- falou saindo.

Joguei um travesseiro nele mas nem chegou perto, ele correu rápido demais.

Corri até a porta e gritei.

-Pra você, meu nome é Katarina-

Ouvi uma gargalhada alta.

Um amigo profissional (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora