Amor & Outras Coisas

(Dezenove)

Era último dia no sítio, e quando acordei com um barulho vindo da sala, levantei e fui ver oque havia acontecido. Vovó estava sentada no sofá com a mão no peito e todos ao redor dela, uma espécie de círculo de oração eu pensei. Voltei para o quarto sem que minha presença fosse notada, fiz minha higiene e fui tomar café. Na mesa do café da manhã todos estavam em silêncio, coisa que não é comum, estavam apreensivos.

- Bom dia -exclamei ainda meio sonolento

Sentei na mesa e comi, eu estava bastante faminto naquele dia.

- Então hoje é mesmo o último dia de vocês por aqui? - Luíza perguntou

- Sim, infelizmente - mamãe respondeu

- Os dias aqui passam bem rápidos - falei

- Pra mim são normais - Luíza falou

Eu olhei pra ela e ela sorriu

- Meninos aproveitem o dia, iremos pra casa às 6:00, e Thiago quero que passe o dia com seu irmão hoje.

- Que ótimo - resmunguei

Todos saíram da mesa, e eu Luiza e Felipe fomos para fora.

- Bom por onde começamos ? - Luíza falou

- Vamos até o centro, deve ter algo legal pra fazer por lá. - falei

- Certo, então vamos! -Luíza falou

Felipe e Lulu foram na frente brincando, e Luiza ficou pra trás comigo, falou do namorado que ela teve e que traiu ela, falou do gato que ela tinha que morreu e depois disso nunca quis ter outro, porque ela disse que não quer esquecer do seu único gatinho, falou de como aprendeu a tocar violão, foi uma história bem interessante. Conversamos a viajem toda, quanto demos conta já estávamos no centro.

- Ali tem um parquinho, vamos até lá ? - Luiza respondeu

- Sim - falei

Felipe e Lulu ficaram brincando na caixa de areia, Luiza ficou comigo no balanço. Estava um clima bem agradável naquele dia, sem chuva, sem muito sol ... E com um vento suave, a cidade não estava tão agitada para um dia de domingo.

- Você já encontrou o amor da sua vida ? - perguntei olhando para baixo...

- O amor da minha vida? - ela respondeu

- Sim

- Pra mim essa é uma expressão errada

- Porque ? - perguntei

- Porque não tem essa de um amor pra vida toda, na vida você vai se apaixonar várias vezes e nem sempre é pelo mesmo cara ou garota, pensar que é possível encontrar um amor pra vida toda nos ilude um pouco, e faz com que amamos mais tal pessoa usando essa simples expressão, com o tempo vai se acabando, um para de amar é outro sofre, sofre porque pensa que perdeu o amor da sua vida.

- Nossa - respondi assustado, - legal seu ponto de vista

- É, até posso estar errada, mais falei oque pensei, eu sou livre certo?

- Certo! - respondi

- E você ? Acredita que vai encontrar "o amor da sua vida"?

- Sei lá - respondi, - acho que eu não procuro o amor da minha vida. Mais eu vivo fantasiando com o dia em que eu vou namorar uma garota, tipo beijar, andar juntos, sair pra assistir um filme, coisas do tipo...

- Não acha que tem que colocar essa fantasia em pratica ? - ela interrompeu

- Falar é fácil, mais eu estou gostando de uma garota...

- Opaa...agora ta ficando bom! - ela exclamou

- Ela é tão linda, mais...ela tem namorado, e eu não quero dar uma de babaca querendo namorar uma garota que já namora.

- Isso não é babaquice, isso é amor, você está apaixonado - ela falou rindo

- Não, eu não estou. Vamos tomar sorvete, essa conversa me deixou com sede

- Nem me fale - Luiza respondeu

- Vamos até o carrinho de sorvete... - falei

Peguei um de morango e ela de chocolate.

- Eu adoro chocolate - Luiza falou

- Eu também

- Porque não pegou um de chocolate então ?

- Porque você já tinha pegado, não queria da uma de....espera! Não to vendo Felipe e Lulu, onde eles foram?

- Não sei, eles estavam aqui.

- Minha mãe vai me matar, temos que achá-los, você conhece aqui melhor que eu, onde ele deve ter ido?

- Não faço a mínima ideia - Luiza respondeu

- Vamos rápido, temos que encontrar eles

Minha mãe iria me matar se eu chegasse em casa sem o Felipe, eu não poderia deixar isso acontecer. Perguntamos as pessoas que passavam nas rua sobre uma criança com uma cachorrinha, mais ninguém sabia de nada, paramos também nas lojas, ninguém sabia, eu estava desesperado não sabia mais oque fazer, Luiza tentava me acalmar mais não adiantava. Até que uma senhora que trabalhava em uma loja de brinquedos disse que havia visto um garoto com uma cachorro indo em direção ao parque na beira do rio, Luiza e eu corremos na direção do parque. Várias crianças brincavam lá, algumas com seus pais, também tinhas casais namorando, e famílias fazendo piquenique, mais Felipe não estava lá.

- Estou perdido Luiza - falei deitando na grama, - isso não podia ter acontecido

- Calma, vamos encontrá-los

Eu já estava prestes a chorar quando ouvi latidos de um cachorro vindo do rio...

- É a Lulu, vamos

Levantei e corri na direção dos latidos, quando chegamos lá Lulu estava sentada e latindo pro rio, foi então que pensei no pior.

- Não pode ser, não pode ser.

Novamente deitei no chão, mais dessa vez eu estava chorando, não por medo da minha mãe, mais por culpa, eu estava me sentindo culpado pelo que havia acontecido, eu devia ter deixado ele sozinho, não devia ... Luiza sentou do meu lado e colocou a mão no meu ombro...

- Calma Thiago, você é muito chorão.