Capítulo 50

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Acordei com um barulho de despertador tocando, agora Camz estava em cima de mim, senti ela se mexer pra desligar, a abracei pra ela não sair e pude sentir ela se aconchegar ainda mais em mim

- Temos que levantar, daqui a pouco o pessoal ta ai e temos que ir na sua consulta – ela falou arrastado

- Só mais um pouquinho – eu disse, estávamos invertendo os papeis, antes eu era a responsável e ela era a dorminhoca

- Vou tomar banho, me vestir e antes de descer para tomar café eu passo aqui pra te chamar – ela tentou levantar, mas eu não deixei

- Não eu quero que você fique aqui comigo – eu choraminguei

- Lolo o FBI chega daqui a pouco – ela subiu um pouco e nossos rostos estavam frente a frente, suas mãos faziam carinhos no meu rosto e meus braços envolviam sua cintura

- Eu vou te beijar – eu avisei rindo e roubei um selinho e ela apenas riu – Senti saudades de ficar assim com você – eu sorri, devo ter dado um sorriso tão idiota que ela riu junto

- Ficamos assim ontem – ela disse rindo

- Queria ficar assim pra sempre, só você e eu sem preocupações – eu fiz carinho em seu rosto, ficamos naquele silencio gostoso, eu não iria tentar nada, da ultima vez que tentei mais que um selinho eu ganhei uma mordida que ficou roxa por um bom tempo.

- Lolo preciso ir - ela saiu dos meus braços e ficou de pé, eu me virei pra ela ainda deitada e segurei sua mão

- Não me deixe – falei manhosa e ela abriu um sorriso bonito

- Para de ser dramática – ela largou minha mão e foi em direção a porta – Vai tomar banho se não vamos nos atrasar – ela deu um tapa na minha bunda e saiu correndo.

Fiquei mais um pouco na cama, mas depois fui tomar banho, não demorei muito, quando sai olhei meu corpo no espelho eu estava recuperando meu corpo de antes, malhar pra tentar queimar energia estava ajudando, minha barriga estava com pequenas definições aquilo me fez rir, Camila iria morrer com aquilo, ela adorava minha barriga daquele jeito, sai e fui escolher uma roupa, optei por algo simples, uma calça jeans, um all star cano médio, uma blusa branca e uma blusa quadriculada por cima, fiz uma maquiagem simples só pra valorizar os olhos e desci, a sala estava vazia o pessoal deveria ter ido pra agencia, eu e Camila deveríamos ir também, mas avisamos que íamos depois da consulta. Caminhei até a cozinha e ouvi vozes, eu sei que não deveria ouvir mais foi mais forte que eu

- Você acha mesmo que ela te ama? – uma voz masculina falava – Quando ela estava boa, ficava pelos cômodos da casa comendo as putas dela, se afundando em drogas e álcool e agora que não tem ninguém ela fica toda doce com você, o pior cego é o que não quer ver

- Austin... – só podia ser esse filho da puta – O que você entende de amor? – ela falou pra ele

- Entendo que te amei, todo aquele tempo, aceitando apenas transar com você e sair, sem você nem uma vez aceitar sair comigo – ele aumentou um pouco a voz. Então eles tiveram algo – Pra você jogar seu futuro fora com essa ai

- Eu a amo e ela me nada do que você disser vai mudar isso – Camila dizia firme. Isso amor, jogue na cara dele seu amor por mim hahahaha

- Não quero mudar o que você sente, só quero abrir seus olhos, o amor que você diz que ela sente por você não passa de uma necessidade, ela ta com você porque ela precisa de você – aquelas palavras pesaram em mim, é assim que as pessoas vêem meu relacionamento com a Camz – Quando ela não precisava, te tratava como um lixo, pisava em você, te humilhava e agora que doida da cabeça ela está correndo atrás de você

- Você não sabe o que está falando Austin, então fica quieto – realmente parecia que eu estava com ela só porque eu precisa dela? Eu sabia que ela me amava, mas será que ela sabia que eu amava também independente de estar doente e dela estar comigo. Respirei fundo e entrei na cozinha, eles pararam de falar e Camila virou pra pai e Austin apenas saiu, eu não falei nada fui até o armário e peguei uma tigela e a caixa de cereais e despejei um pouco na tigela, fui na geladeira e peguei o leite, depois peguei a colher e me sentei de frente pra ela, que ainda estava de costas pra mim, ficamos naquele silencio por um tempo

- Camz – eu falei e ela continuou virada pra pia – Você acha que eu estou com você porque eu estou doente? – eu fui direta, não queria ficar adiando o inevitável. O silencio permaneceu, talvez ele seja a minha resposta – Você sabe que eu te amo independente de qualquer coisa? – eu disse sincera

- Sei – sua voz estava embargada, ela estava insegura e eu sei que a culpa não era dela, talvez minha necessidade de ter ela por perto pra me sentir bem tenha feito isso, talvez a minha insegurança tenha criado insegurança. Caminhei até a pia e coloquei a tigela lá, não comi nem duas colheres, mas já tinha perdido o apetite, quando cheguei perto percebi ela virar o rosto pra eu não notar que ela estava chorando

- Acho melhor você ir direto pra agencia – eu falei ainda apoiada na pia e ela virou pra mim, vi seus olhos vermelhos

- Mas... – ela tentou argumentar, mas eu simplesmente levantei a mão impedindo ela de continuar

- Você precisa colocar seus pensamentos no lugar e eu posso pegar um taxi – dei um leve sorriso – Eu sinto muito, não sabia que era assim que você se sentia – eu disse e fui em direção a porta

- Lauren – eu me virei com as mãos no bolso – Deixa eu te levar até lá?

- Como eu já disse, é melhor você ir direto pra agencia – eu me virei e sai pela porta, peguei meus fones, mas não coloquei nada pra tocar eu simplesmente não queria ser incomodada, antes de sair pelo portão ouvi ela me chamar, mas continuei andando, ela precisava pensar e eu também, precisava entender onde eu tinha errado, resolvi ligar pra doutora Lovato, no segundo toque ela atendeu

- Lauren tudo bem? – ela perguntou meio alarmada

- Sim – eu me limitei a responder – Eu só liguei para avisar que vou me atrasar um pouco, acho que uma hora mais ou menos, mas não se preocupe não é nada demais...É só que eu resolvi parar pra respirar um pouco de ar fresco – olhei ao redor do parque eu estava, da ultima vez que fui ali estava com Max, foi exatamente quando aconteceu o incidente

- Onde você está? – ela perguntou, com certeza ela estava com medo deu tentar me matar novamente

- Naquele parque perto da minha casa – suspirei – Não se preocupe, não vou tentar me matar dessa vez – dei uma risada nasal e ela bufou do outro lado – Estou brincadeira Demi – eu a chamei pelo apelido, eram anos de tratamento, talvez eu fosse a paciente mais antiga dela, eu já a via mais como amiga do que como médica

- Aconteceu alguma coisa? – ela perguntou e eu fiquei em silencio por um tempo

- As pessoas entendem meu amor como uma necessidade de atenção e cuidados – eu tentei explicar

- No sentido grego, amor é falta de algo – ela disse

- Então no caso, o meu amor seria falta de sanidade – eu dei uma breve risada da ironia das palavras

- Penso que devemos conversar pessoalmente – ela disse – Bom te vejo em quinze minutos, não saia dai – ela desligou o telefone, com certeza sabia que eu iria negar sua companhia. Fiquei ali sentada a sombra de uma enorme árvore, olhava as pessoas correndo felizes, crianças se divertindo com seus pais e aquilo me fez rir, lembrei quantas vezes imaginei ter uma família com Camila, talvez eu tenha precipitado as coisas, demos um passo maior que nossas pernas, fiz dela minha ancora e a fiz afundar em incertezas e inseguranças, acho que forcei tanto tentando mostrar pra ela que a amava e que a queria de volta que acabou aparentando outra coisa.

The Mission (camren)Onde histórias criam vida. Descubra agora