QUATRO

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As batidas na porta me acordaram e com um murmúrio mandei entrar seja lá quem fosse, como não ouvi o som das dobradiças tirei o travesseiro do rosto e disse mais alto que poderia entrar e tornei a esconder meu rosto. Não ouvi passos pesados ou afoitos, apenas senti a cama balançar com o peso do corpo que havia se deitado ao meu lado. Estiquei meu braço sobre o corpo o abraçando e dedos quentes tocaram minha mão.

— Kyungsoo, vai buscar água pra mim. — Disse de forma preguiçosa esperando ouvir algum protesto de Kyungsoo.

— Você pode pedir muito mais que isso. — Abri meus olhos abruptamente me levantando. A mão de Kyuhyun passou direto por meu rosto e segurou minha nuca e a outra tapou minha boca. — Por favor, não grite. Fiquei sabendo que você teve problemas hoje. Posso resolvê-los para você, sem preocupar sua tia e você só tem que fazer uma coisa. — Balancei minha cabeça negativamente tentando me libertar, não queria ouvir nem fazer o que aquele louco tinha a propor. — Ah, vamos lá, você nem me ouviu ainda. Eu assisti a muitos filmes americanos e as garotas sempre gostam de caras maus. — Comecei a me mexer na tentativa de me soltar, mas isso só ajudou Kyuhyun a ficar sobre mim. — Estou agindo como um perfeito cara mau, não acha? Eu achei você bem bonitinha, sabe? Você é tão curvilínea e sua pele tem a cor do paraíso disfarçado de pecado, em seus olhos vejo que você é inocente demais e não tem noção nenhuma disso, do quão tentadora você é. Fomos feitos um para o outro assim como Adão e Eva.

Consegui arrancar sua mão de minha boca com uma mordida que não pareceu lhe amedrontar.

— Então você sabe que a história de Adão e Eva não acaba bem. Me deixe em paz, seu louco!

— Louco é aquele garoto que a tem ao seu lado a noite e resiste ao seu corpo. Fala sério, as garotas gostam disso!

— É melhor você me soltar! Que tipo de filme você assistiu, Psicopata Americano? Pois você está agindo como um.

Kyuhyun sorriu de maneira sombria e ficou rindo como se tivesse escutado a piada mais engraçada do mundo.

— Você já percebeu que quando está assustada age de forma rude? Você tenta demonstrar coragem dizendo asneiras, desafiando... — Ele riu. — Bom, eu espero que você mantenha essa sua boca bem fechada, você não iria gostar das consequências de sua petulância.

Ele deu um beijo em minha testa e saiu do quarto me deixando imóvel naquela cama. Eu sabia que deveria contar para minha mãe o que estava acontecendo, mas ela acreditaria em mim? Será que ela também veria a loucura de Kyuhyun se eu contasse? Uma das coisas que me impedia além do medo era a saúde de minha tia. A gravidez dela não era a das mais saudáveis e eu nunca me perdoaria caso acontecesse algo com o pequeno bebê por culpa minha. Teria que lidar com esse problema sozinha. De qualquer forma...

Eu não consegui dormir mais naquela noite, era como se a qualquer momento Kyuhyun pudesse voltar para terminar o que tentou começar e essa possibilidade era aterrorizante. Pensei em todo o tipo de plano que pudesse afasta-lo de mim e continuei pensando enquanto nos preparávamos para sair. Kyungsoo me ajudava a secar a louça do café da manhã quando Kyuhyun entrou na cozinha, me aproximei rapidamente de Kyungsoo e lhe dei um beijo em sua bochecha, torcendo para que meu plano de afastar Kyuhyun de mim desse certo, imaginei que ele não faria nada caso me visse com Kyungsoo e achasse que fossemos namorados. Ele sorriu e abriu espaço entre nós para pegar um copo e sorriu de lado. Quando Kyuhyun deixou a cozinha Kyungsoo me olhou de lado com os olhos extremamente arregalados.

— Sun? — Ele chamou me despertando. — Está tudo bem?

Puxei Kyungsoo pelo braço e me desculpei, recebendo um afago de meu amigo. Mas durante todo o dia eu apenas pensava naquilo, o que realmente havia acontecido? A tentativa de descobrir a resposta havia me deixado dispersa e no caminho de volta Kyungsoo teve de me puxar para o meio fio, pois eu guiava a bicicleta na mesma direção dos carros quase causando um acidente.

BLACK HAPPINESS [EM PROCESSO DE REESCRITA]Onde histórias criam vida. Descubra agora