Eu sei que isso que eu estou a fazer pode parecer idiotice, mas até que é divertido.
Ao todo eu já passei em frente a ele 7 vezes, e em todas as 7 vezes que eu passei a cara que ele faz é simplesmente ilaria.
"Sabe aquela expressão facial que costumam fazer quando vêem a pessoa que gostas com outra?" É justamente essa expressão que ele tem exposta sobre a face.
Ele está em uma mistura de irritação e devoção.
- Olá! - passo por ele novamente e lhe falo "Olá" como em todas as outras vezes.
Ele me olha com um olhar carregado de irritação.
"Ui! Bravinho!"Como em todas as outras vezes depois que passo por ele, vou em direção ao meu carro e fico por lá 15 minutos para depois passar novamente em frente a ele e esperar mais 15 minutos do outro lado do Park e refazer todo o percurso novamente.
Depois do tão esperado fim dos 15 minutos, passo novamente em frente a ele:
- Olá!
"Nossa, como eu queria ter um espelho aqui para lhe mostrar seu rosto!"
Vou caminhando, como sempre, sem esperar sua resposta.
- DÁ PRA VOCÊ PARAR DE FAZER ISSO? - escuto ele à gritar quando eu já estou distante alguns metros.
Viro-me em sua direção e lhe encaro. Agora sua expressão não carrega mais devoção e sim irritação e muito ódio.
- Não estou à fazer nada querido! - falo e me aproximo dele para não ter que gritar.
- Burguesinha eu não sei de onde você é, como é seu nome, sua idade ou até mesmo o porquê de estar a fazer isso, mas eu só te peço uma coisa...- sinto ele a respirar pesadamente como se não conseguisse falar- Por favor saia daqui e vá para sua vidinha perfeita, onde deve ter uma casa perfeita, uma família perfeita e concerteza deve de ter um namorado perfeito à sua espera na sua casa.
" É impressão minha ou ele falou um 'namorado perfeito' com um tom de voz de total desgosto?"
- Bem, a casa perfeita eu tenho - sorriu ao me lembrar da casa onde eu e meus pais moramos desde de quando eu nasci.
Meus pais apenas namoravam quando minha mãe engravidou de mim. Meu pai claro, pediu a mão da minha mãe em casamento e antes que eu nascesse eles se casaram, para que a barriga da minha mãe não estivesse tão amostra e a imprensa não caísse em cima deles os enchendo de especulações.
- Uma família perfeita eu também tenho - sorriu e automaticamente tenho a lembrança de meus pais no pensamento - Minha família não é perfeita mais é a melhor que alguém pode ter.
Mesmo com algumas dificuldades por meus avós não aceitarem o casamento, nem meu pai e muito menos minha mãe, desistiram de mim. Eles foram até o fim com a gravidez de minha mãe, mesmo ela sendo de risco, mesmo todos sabendo que minha mãe poderia morrer e eu nem se quer ver o sol raiar, mais mesmo assim eles continuaram com tudo sem pestanejar.
- Já o namorado perfeito - dou-lhe um sorriso amarelo - Eu não tenho namorado e o namorado que eu tive esta longe de ser perfeito.
Até agora ele só tem a me observar. Nada ele diz. Nada ele faz. Apenas me observa. Calado. Imóvel. Desinibido.
- Sinto muito por não ter o seu namorado perfeito para completar a sua vidinha perfeita. Mas, sabia de uma coisa, nem todos tem tudo que querem na vida!
- Olha aqui! - coloco o dedo em sua face. "Já cansei de jogos" - Eu não tenho uma vida perfeita. Minha vida como de qualquer outro tem seus altos e baixos. E o fato de eu não ter um namorado não torna a minha vida mais medíocre. - "Não acredito que eu estou a chorar!" - Eu não tenho namorado porque todos os homens são iguais. Todos só querem te usar e quando se sentem satisfeitos simplesmente jogam fora como se fosse um lixo, algo sem sentimentos e emoções.
Eu não costumo falar nesse tom ou CHORAR em frente aos outros mais simplesmente aconteceu.
Ele olha-me assustado. Como se eu fosse uma louca ou uma pessoa com os sentimentos tão feridos profundamente.
- Err... Desculpa. Não quis ser rude contigo. Simplesmente saiu...
- Não quero sua pena! - rosno para ele.
- Não é pena!
Encaro ele com os olhos ainda um pouco marejados.
- Tá, eu admito - ele passa a mão sobre os cabelos que quase não permitem que ele os atravesse com seus dedos de tão sujos que devem estar - É pena sim! Mas, você também deve sentir pena de mim então estamos Kits!
- Eu não sinto pena de você.
- Ah sei! E por que estaria aqui a falar comigo se não sentisse pena?
- Olha, podem me chamar de tudo nessa vida. Podem dizer que sou fútil, egoísta, mimada, burguesa como você mesmo me chama, mais nunca podem duvidar da minha humanidade. Acima de tudo que me foi ensinado, o mais importante e também a única coisa que eu levo até hoje na minha vida, é que todos são iguais. Não importa a sua condição social, onde você dorme ou muito menos o que você veste ou come, o que importa é o que você é.
Ele encara-me assustado. Acho que nunca deve de ter ouvido algo como isso vindo da boca de alguém.
- Eu sou apenas um mendigo. - ele resmunga.
- Um mendigo que dava até pra ser modelo - falo sem ao menos perceber o que sai por minha boca.
Ele rir exageradamente alto e é uma risada tão linda, tão máscula, tão ele.
- Eu não sou tão bonito assim para ser modelo.
- Já se olhou no espelho hoje? - ele abaixa a cabeça com uma expressão agora envergonhada. "Claro que não sua idiota. Onde ele acharia um espelho por aqui?" - Bem, eu já vi muitos homens bonitos e eu posso te afirmar que você fica na lista deles. Dos mais bonitos que já vi!
- Hum! Obrigada!
Desvio o olhar dele para meu braço e quando vejo as horas em meu relógio dou um pulo de exaustão.
- Tenho que ir! Meus pais devem de tá loucos e eu esqueci o celular em casa.
- Okay! Vai lá! Nos vemos por aí! - fala ele curto e grosso. "Voltamos novamente a estaca zero!"
Saio de lá caminhando em direção do meu carro. Mas, lembro-me que nem ao menos sei seu nome.
Volto para lá e ele está na mesma posição que o tinha deixado.
- O que faz aqui novamente?- pergunta ele ao me ver.
- Lembrei-me que não me apresentei. - sorriu amarelo e lhe estendo a mão - Satisfação, Elena Parker!
- Satisfação, Leonardo Borges! - ele fala e me comprimenta com um aperto de mão. "O aperto dele é tão...tão...tão másculo!"
- Agora eu já vou. Foi um prazer conhecê-lo Sr.Borges! - falo educadamente e me viro indo para meu carro.
- O prazer foi todo meu Srta.Parker.
Não me viro para ele e nem falo mais nada. Apenas continuo com meu caminho.
Uma vez meu pai me disse que "Amar é um sentimento tão profundo que vale a pena sofrer de amor e aprender as lições de amar", eu nunca concordei com isso. Mas, não sei. Apenas acabei de me lembrar dela!
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Além da Classe Social
RomantizmLinda, rica, poderosa e desejada por todos. Essa é Elena Parker, uma jovem de 22 anos, filha do magnata do petróleo Erick Parker. Ela foi criada com todas as regalias que alguém pode sonhar em ter. Foi mimada por toda a família. Oquê tem de bonita...