-Moça?
Virei-me rapidamente assim que um dedo forte tocou minhas costas. Um homem jovem segurava um livro, que por coincidência era o mesmo que eu estava lendo naquele dia.
-Sim? - Perguntei simpaticamente, tentando descobrir o mistério que levara um homem daquele porte a vir falar comigo.
-Você esqueceu seu livro na lanchonete. - Respondeu ele, sorrindo.
-Ah, obrigada. - Agradeci, envergonhada.
-Você gosta dele? Quero dizer, do livro?
-Ah, sim, sim... Você gosta? - Sentia meu rosto corando a cada palavra que trocava com ele.
-Sim. Gosto muito.
Como viu que não respondi, ele continuou:
-Você vem sempre aqui na livraria?
-Venho. Gosto bastante de estar em contato com os livros. As palavras me levam à um outro mundo.
-Sei... Também sinto como se estivesse voando, enquanto leio.
-É legal não é?
-É sim. E como! Vamos combinar de ir numa outra livraria um dia desses!
-Claro!
Ele apanhou um pedaço de papel e escreveu rapidamente o nome e o telefone.
-Aqui, moça. - Entregou-me o papel.
-Débora, por favor.
-Claro. Márcio. - Estendeu sua mão e apertou uma das minhas. - Prazer.
-Igualmente, Márcio.
-Ligue-me quando quiser uma companhia para ler!
-Ligarei.
Nos despedimos, e desde de então nunca mais o vi.
Aquilo seria o começo de um amor? Ou apenas uma relação-leitor?