A experiência do meu primeiro estágio trouxe, além de conhecimentos específicos, um conhecimento de mundo. Nos nossos 16 anos (tomando como exemplo um adolescente de classe média) é difícil imaginar que existem realidades tão diferentes, mas que acontecem extremamente perto de nós.A partir do momento em que você sai de casa e conhece novas pessoas, novas histórias, um mar de diferenças se faz presente. A desigualdade econômica é um problema social que afeta a maioria dos países (pobres ou ricos) na atualidade e, mesmo sendo bombardeados com tais notícias, nossa imaginação nunca chegará perto do que eles sentem. É preciso viver, de fato, para sentir.Estagiando numa biblioteca municipal, fui testemunha de casos emocionantes: desde adolescentes que passavam a tarde toda lendo ali (sem condições de comprar livros) até a senhorinha que, com seus setenta e poucos anos, muito humilde, pediu licença pra entrar e perguntou sobre livros de alfabetização. Ela queria "aprender a ler para conhecer outros mundos". "Vai fazer o quê?", apresentado pelo Fantástico, é um dos únicos quadros que assisto na televisão. Gosto muito da abordagem imediatista que toca na ferida e te deixa sem reação. Dia desses colocaram um pequeno ator como menino de rua e, todo sujo, ele ia atrás das pessoas pedindo que lhe comprassem um livro. A maioria das pessoas passa reto, mas os poucos que estão dispostos a gastar tempo e dinheiro com um completo desconhecido me fizeram acreditar que ainda há bondade no mundo. Me emocionei do começo ao fim e tenho certeza de que não sou a única
