Conduzi pelos descampados até chegar ao cimo de uma montanha da qual era possível observar-se a cidade toda, as variadas luzes tomavam conta da mesma e era realmente bonito de se ver. Parei o carro e fiquei a observar a cidade, as minhas mãos estavam no volante e os meus olhos fechavam-se deixando as lágrimas escorregarem pelo meu húmido rosto. O meu telemóvel vibrava com chamadas do meu pai e do meu irmão, acabo por desligá-lo, desligo o carro e abro a porta do mesmo saindo dele. Eu estava bastante fraca, ando uns passos e sinto o meu corpo cair , gemo de dor devido ao embate dos meus joelhos com o chão duro, sento-me no mesmo pondo as mãos por cima da ferida que neste momento encontrava-se bastante ensanguentada.
Nesse instante uma mão é posta a minha frente com uma garrafa de álcool, olho para cima vendo Dominicius olhar-me com o seu habitual sorriso rasgado.
"Como é que me encontraste?" Pergunto olhando para a frente e este senta-se ao meu lado.
"Segui-te." Ele dá de ombros indiferente.
"Como assim, seguiste-me?" Franzo as sobrancelhas e olho para ele, Dom brincava com a relva arrancando-a.
"Esqueci-me de mencionar que a minha mãe trabalha no hospital e bem, às vezes fico com ela nos turnos da noite." Ele diz e eu assinto.
"A minha mãe sentiu-se mal..." Sussurro e ele deixa escapar um "Oh". "Vai ficar internada um mês."
"Mas depois vai para casa, certo?" Ele pergunta e eu nego com a cabeça comprimindo os lábios enquanto que as últimas lágrimas existentes no meu corpo escorriam.
Dom coloca a sua mão por cima da minha e com a outra mão livre vira o meu rosto de modo a encarar os seus dois oceanos.
"Vai ficar tudo bem, está bem?" Ele diz e eu baixo a cabeça.
"Eu sou adotada, Dom." Digo entre soluços e ele abraça fortemente o meu corpo, correspondo ao abraço e deito a minha cabeça no seu ombro.
***
"Deixa-me ver isso." Dominic murmura pondo o seu polegar no meu joelho, abro os olhos e gemo de dor assim que ele pressiona a ferida.
"Não foi nada demais, apenas caí."
"Mas dói-te." Ele afirma e eu suspiro pegando na garrafa que ele à pouco me estendera. "O quê que estás a fazer?" Ele pergunta e eu olho-o de canto.
"Trouxeste-a por algum motivo, certo?" Pergunto e ele solta uma breve gargalhada, sorrio e ingiro o líquido quente que a garrafa continha.
Continuei a beber até Dom retirar a garrafa da minha posse e ingerir ele o resto, olhei para ele, este apoiava as suas mãos na relva, as suas pernas estavam esticadas e os seus pés entrelaçados um num outro, o seu olhar focava-se na cidade.
"Porquê que vieste atrás de mim?" Pergunto para dispersar a sua atenção.
"Estava preocupado." Ele diz sem nunca desviar o olhar.
Assinto e olho para baixo, sorrio ao sentir o olhar de Dominicius sobre mim.
"O que foi?" Pergunto entre risos.
"Nada porquê?"
"Porquê que estás a olhar para mim?" Arranco a relva e olho para ele.
"Por nada, és bonita." Nesse momento sinto o meu corpo tremer e as minhas bochechas ferverem, ele acha-me bonita.
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Primrose
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