Chapter 13

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As aulas tinham, finalmente, chegado ao fim e eu dei graças a Deus por o Mr Sants, professor de Matemática ter faltado à última aula.
Visto que a mãe de Blaire ainda trabalhava, eu e ela resolvemos ir a pé para sua casa.
"Secalhar é melhor eu hoje ir para casa..." Murmurei após andarmos alguns metros.
"Não é que eu não goste de te ter em minha casa porque sabes que és sempre bem vinda mas eu acho que deverias ir Prim, aproveita para contares ao teu irmão." Blaire diz e eu assinto concordando. Fui apenas a casa dela buscar a mala que levara da roupa.
"Obrigada por me teres deixado ficar Blaire." Sorri enquanto agarrava as suas pequenas mãos.
"Não agradeças por tão pouco Prim, és a minha melhor amiga, vou estar sempre aqui quando precisares." Ela disse e eu abracei-lhe, ela era centímetros mais baixa que eu, o que tornava este abraço um tanto engraçado.
"Ainda hoje conto ao Aaron..." Afirmei e ela olhou-me de forma a assentir esboçando um leve sorriso.
Despedi-me dela e saí de sua casa, começando a andar em direção à minha que não ficava muito longe. Pelo caminho o meu telemóvel vibra e eu retiro-o da mochila vendo a notificação, era uma mensagem, abri-a assim que vi que era do Dominic.

"Desculpa não ter dito nada, tenho estado ocupado na empresa do meu pai, sábado estamos juntos?" Rolo os meus olhos ao ler.
"Claro, vejo-te sábado." Digitei e arrumei o telemóvel.

Minutos depois já me encontrava à porta de casa, lentamente abri-a e observei o ambiente, estava tudo igual, claro está, apenas tinha passado uma noite. A casa parecia vazia, o meu "pai" provavelmente não estava em casa, subi as escadas até ao meu quarto onde depositei as minhas malas, retirei os all star e calcei uns chinelos, de seguida desci novamente as escadas indo preparar algo para comer, estava a abrir o frigorífico quando a porta de casa se abre, Aaron aparece e mal me vê sorri, fecha a porta e anda até à bancada sentando-se numa das cadeiras.
"Já me podes contar?" Ele pergunta e eu engulo em seco voltando-me novamente para o frigorífico de onde retiro um iogurte.
"Só te peço que não te passes." Eu digo e ele rola o olhar. "Sim Aaron porque ambos sabemos como tu reages perante as situações."
"Está bem, vá diz lá."
"Ontem apanhei o pai na cama com a Abigail." Disse apressadamente.
"Tu o quê?" Aaron gritou e bateu com a sua mão na bancada da cozinha fazendo-me estremecer, longos e pesados suspiros saiem da minha boca enquanto pouso o iogurte na bancada.
"Aaron calma." Pedi-lhe e ele começou a andar de um lado para o outro com as mãos na cabeça. " Eu sei que é dificil mas temos de manter a calma, por favor."
"Qual calma Rose? Eu vou arrebentar-lhe todo." Ela diz e eu sinto uma lágrima escorrer pelo meu rosto. "A mãe está internada Rose, está entre a vida e a morte e este cabrão faz esta merda?" Aaron exalta-se e nesse instante a porta abre-se novamente aparecendo desta vez, o nosso "pai". Ele olha-nos e eu percebo que este engolira em seco, Aaron rapidamente corre para ele e agarra-o pelo pescoço depositando de seguida vários murros no rosto do nosso pai, corro para eles de modo a evitar uma luta entre ambos, esperava que o meu pai se manifesta-se mas este mal se mexeu deixando-se ser esmurrado por Aaron ,cuja raiva era bastante visível no seu rosto, rapidamente meti-me no meio dos dois, Aaron ainda chegou a acertar-me mas não me importei.
"Pára!" Olhei para ele enquanto chorava compulsivamente, Aaron num impulso correu para o seu quarto e eu levei a mão ao lado da cara onde ele me acertara, o meu pai logo agarrou os meus braços de modo a ver se estava bem e eu olhei para o seu rosto cheio de sangue o que me fez soltar um guincho de preocupação, pedi que ele se sentasse no sofá e corri até à casa de banho, sentei-me à sua frente e comecei a desinfectar as suas feridas enquanto este soltava variados gemidos de dor.
"Obrigado." O meu pai disse assim que eu terminei e eu olhei-o.
"Não o fiz por si." Informei-o rudemente e este baixou o olhar. "Mas de nada." Disse enquanto me levantava e começava a arrumar tudo.
"Hoje fui ver a mãe..." Ele sussurra e eu viro-me para ele.
"Oh..." Comecei por dizer enquanto organizava as palavras na minha cabeça. "Custou-lhe muito na consciência?"
"Primrose..."
"Não diga nada." Suspirei. "Amanhã passo por lá." Informei-o e comecei a afastar-me dele.
"Prim..."
"Sim?" Virei-me novamente para ele.
"Vais contar-lhe...?" Ele perguntou reticente.
"Provavelmente não." Disse e ele suspirou de alívio. "Só mesmo por causa do estado dela, mas por minha vontade contava-lhe tudo."
"Obrigado." Ele disse e eu assenti afastando-me dele e fui arrumar as coisas.

Não me apeteceu jantar, o ambiente na casa era insuportável, o meu pai tentara falar com o Aaron mas este simplesmente ignorava ou gritava com ele, eu mantinha-me fechada no meu quarto, de pijama enquanto ouvia música e lia o meu livro, estava quase a chegar ao fim do capítulo quando o meu telemóvel vibra fazendo a música parar por meros segundos. Parei a música assim que esta retornou e abri a mensagem.
"Estou a morrer de saudades tuas, o que vais fazer amanhã a seguir às aulas? Vou estar a tarde toda em casa, podias passar cá. Beijo, Dom."
"Vou ver a minha mãe, não vou poder, vemo-nos Sábado, beijos." Digitei.

Confesso que ainda estava chateada com Dominicius devido ao que se passara em casa dele no dia anterior, a maneira rude como todos me falaram, excluindo o seu avô, que fora bastante querido por sinal, deixara-me bastante triste e em baixo e Dom era das últimas pessoas que me apetecia ver após tudo o que acontecera

"Vemo-nos Sábado sendo assim, espero que esteja tudo bem, as melhoras para a tua mãe, gosto muito de ti." Ele escreveu e um sorriso fechado apareceu no meu rosto.

"Desculpa Rose." Aaron apareceu na porta e eu dirigi o meu olhar para ele, os seus olhos estavam bastante vermelhos, notava-se que estivera a chorar.
"Vem cá." Pedi-lhe e ajeitei-me na cama, ele andou em passo lento até mim, sentou-se ao meu lado e eu abracei-o, senti os seus braços rodarem a minha cintura e apertarem-na fortemente, várias lágrimas escorreram pela minha cara mas Aaron logo limpara-nas. "Shh..."
"Vai ficar tudo bem mana." Ele assegurou e eu assenti.
"Sim vai." Confirmei e ele sorriu. "Vai lá dormir." Disse e ele assentiu passando a sua mão pela minha cara antes de se levantar e ir para o seu quarto, eu observei todos os seus movimentos sorrindo por fim quando ele saíra, voltei à posição inicial continuando a ler e a ouvir música mas logo me fartara, visto que não jantara estava cheia de fome pelo que desci as escadas indo buscar bolachas e um copo de leite, sentei-me na bancada a comer questionando-me como estaria a minha mãe, o Dom...
Terminei de comer e subi, passei pelo quarto do meu pai, este estava no computador a trabalhar, murmurou um "boa noite filha" ao qual eu não respondi, andei uns passos até ao quarto do meu irmão e ao chegar lá espreitei vendo que ele já dormira, parecia um anjo, mesmo sendo irmão mais velho o Aaron era o meu bebézinho, o meu irmãozinho e eu iria sempre protegê-lo, fosse qual fosse a ocasião e mesmo que ele não tivesse razão, punha o Aaron e a minha mãe à frente de tudo e todos. Desliguei a luz do seu quarto e fechei a porta. Por fim, fui para o meu, logo desliguei a luz e corri, como sempre fazia desde pequena, para a cama, continuava a acreditar na lenda do monstro que nos apanhava no escuro, o que ao relembrar me fazia rir. Puxei os cobertores e aconcheguei-me aos mesmos, já fazia frio à noite o que indicava a chegada do Outono, virei-me para a janela podendo observar o mar que estava bravo, fechei os olhos por segundos mas logo os abri, desbloqueei o meu telemóvel e abri as mensagens, cliquei na Dom e de seguida em "Responder".
"Boa noite meu anjo, tenho saudades tuas." Enviei e suspirei fechando os olhos de seguida.


PrimroseOnde histórias criam vida. Descubra agora