Chapter 11

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 "E como vão as suas notas, Rachel?" A mãe de Dom perguntou, esta era apenas mais uma das suas 500 perguntas dirigidas a Rachel durante o almoço.
 "Boas tia." Ela diz com a sua voz completamente irritante. "Os estudos estão a ir super bem." Ela sorri e olha para mim como se quisesse atirar isso à cara.

Era tão irónico o facto de Dominic estar no meio de nós duas, era como se tivessem feito de propósito.
 "E as suas, Primrose?" A mãe dele olha-me e eu engasgo-me, nunca esperei que ela fosse falar comigo pois ainda não o havia ter feito nesse dia, após beber agua olhei-a.
 "Chegam para a média." Encolhi ligeiramente os ombros e todos baixaram o olhar continuando a comer, a mãe de Dom olhava-me enquanto tentava assentir e Rachel sorria, que pessoa desprezável.
 "A Primrose é uma menina tão bonita." A mãe de Rachel falou o que me fez sentir um quão desconfortável, Rachel lançou um olhar de morte à sua mãe o que me fez soltar uma baixa gargalhada, que graças a Deus, ninguém ouviu.
 "Obriga..."
 "Pois é, mas um vestido assentava-lhe muito melhor." A mãe de Dom contrariou.
 "Tem razão tia, Rose essas roupas já não se usam. As meninas de bairro é que vestem isso." Rachel disse e eu olhei-a enquanto semicerrava os olhos, as minhas bochechas começaram a ferver e os meus olhos num instante ficaram embaciados, as minhas pernas tremiam freneticamente assim como as minhas mãos, ao reparar nisso Dom colocou a sua mão por cima da minha de modo a acalmar-me e eu esbocei  um fraco sorriso.
 "Deixem a rapariga." O avô de Dom interviu e eu agradeci-lhe mentalmente por o ter feito.
 "Não te metas marido." A avó dele repreendeu como se tivesse a dar razão à mãe de Dom e a Rachel o que me deixou um pouco triste, porquê que não gostavam de mim? 
 "Com licença." Disse por fim e soltei a mão de Dom que me olhou confuso, afastei a cadeira da mesa e dirigi-me ao quintal sentando-me num banco que lá havia. Minutos depois Dom decidiu vir atrás de mim. 
 "O que se passa?" Ele pergunta e eu não consigo evitar de me rir.
 "O que se passa?" Olho-o e levanto-me. "Sabes como é que me senti ali após o que elas disseram? Eu senti-me de parte, destroçada, senti-me um lixo autentico e nunca ninguém me fez sentir assim antes." Eu lancei e ele aproxima-se de mim.
 "Não ligues a isso Prim, por favor..." Ele pede e desvia os cabelos do meu rosto. "És especial para mim e eu adoro-te como és." Ele acabou de dizer que me adora, passámos mesmo para esta fase. " Podemos, por favor, voltar para lá e agir como se nada tivesse acontecido? Va lá Prim, és mais forte do que isto." Acabo por assentir e volto juntamente com ele.
Todos os olhares se encontravam postos em mim enquanto me sentava novamente à mesa.
 "Queria pedir desculpa pelo meu comportamento de à bocado, no entanto, gostaria de dizer que tenho muito orgulho de ser como sou e de vir de onde venho." Digo enquanto olho para a Rachel.
 "Claro que sim querida, nós pedimos desculpa." A mãe de Dom finge importar-se mas eu não ligo, apenas termino de comer.
 
 "Bem, está na hora de irmos, eu e a Rachel temos madicure  e pedicure marcada às 16!" Sophie, a mãe de Rachel informa enquanto se levanta. "Obrigada pelo almoço, Helena, estava tudo ótimo! Adeus querido!" Ela despede-se de Dom e de seguida de mim.
 "Adeus baby." Rachel deposita um beijo demorado na bochecha de Dom que rapidamente se manifesta e eu sinto as minhas veias ferverem, estava a morrer de ciúmes. Rachel passa por mim sem se despedir e despede-se de forma exagerada dos restantes. Após elas saírem Melinda começou a servir a sobremesa. 
 "Então e a tua familia, como é?" O avô de Dom questiona enquanto esperávamos.
 "Bem, é normal, eu acho." Começo por dizer dando de ombros. "O meu pai é professor na escola que eu frequento e a minha mãe era advogada até...."
 "Até...?" A mãe de Dom intervém e eu olho-a.
 "Até descobrir que tinha cancro no fígado." Eu digo e todos abrem a boca formando perfeitos "o's", tento ignorar o facto da atitude deles não me magoar.
 "E como é que ela está, querida?" A avó pergunta sinicamente.
 "Internada."
 "Oh, deve ser horrível...ao menos tens o apoio do teu pai..." O avô dele diz e eu balanço a cabeça, reparo também que a mãe de Dom ficara bastante calada assim que falei dos meus pais.
 "Do meu irmão." Corrijo-o e ele logo percebe que algo não estava bem entre mim e o meu pai. 
 "E o seu irmão, como é?" A mãe dele pergunta e eu franzo a sobrancelha mas logo penso na melhor resposta possível para lhe dar.
 "Homossexual." Eu respondo e todos aparentam ficar chocados, sinto que não o deveria ter dito mas era o que precisava de dizer para calar a mãe dele. Dom não parecia estar a gostar muito da conversa por isso logo mudou de tema e eu sorri vitoriosa.

                                                                                        ***
 "Gostaste do almoço?" Dominic pergunta, já parados à frente da porta da minha casa. "Apesar de tudo..." Ele completa e eu solto uma gargalhada.
 "Sim gostei imenso do teu avô. " Ele balança a cabeça a rir. "Obrigada por me teres convidado." Sorrio e ele assente.
 "Então, até amanhã ?" 
 "Claro..." Eu digo a sorrir e ele aproxima-se, olho para os seus olhos enquanto sinto os seus lábios juntarem-se aos meus começando depois a moverem-se numa sintonia perfeita.
 "Até amanhã Primrose." Ele sussurra após o beijo.
 "Até amanhã Dominicius." Murmuro e saio do carro, ando apressadamente até ao hall de entrada, fico à espera que Dom desapareça pelas ruas e de seguida entro em casa enconstando-me a porta enquanto sorria de forma parva, eu sentia-me mesmo bem com ele. O meu sorriso logo desaparece quando lembro-me que me esquecera completamente que ficara de ir com o meu pai ver a minha mãe, mas a casa estava tão silenciosa que apercebi-me que ele havia ter ido sem mim, mais tarde daria-lhe uma explicação. Subi as escadas e ando pelo corredor até ao meu quarto, mas um barulho interrompe a minha viagem. O barulho vinha do quarto dos meus pais e era o som da cama a rangir do quão velha já era. Pensei logo na possibilidade de Aaron ter trazido Thomas para casa e estarem no quarto dos meus pais e essa opção assustava-me bastante. Encostei-me à porta para tentar ouvir algo que pudesse denunciar quem lá estivesse.
 "Oh sim Paul...não pares.." Uma voz feminina gemeu, eu reconhecia-a. Os meus olhos logo encheram-se de lágrimas, abri ligeiramente a porta. Neste momento todo o meu corpo tremia, a minha boca estava completamente aberta e as lágrimas escorriam pela minha cara compulsivamente. No meu campo de visão era possível ver-se o meu pai e a minha melhor amiga Abigail na cama deitado. Ela estava por baixo dele e os seus movimentos eram de vai-vem. Fiquei parada à frente deles à espera que dessem pela minha presença, só sentia nojo por aqueles dois seres e tristeza era o que ocupava o meu coração ao ver aquela cena repugnante.


PrimroseOnde histórias criam vida. Descubra agora