Já havia passado uma semana desde o meu último encontro com Dominic. Nessa noite voltara ao hospital para levar o meu pai e Aaron a casa mas nada lhes dissera, o meu pai não tocara no assunto ainda incerto de ser adotada e eu também nada dissera sobre isso. A minha relação com Aaron melhorara desde que a minha mãe fora internada, penso que a união permitiu que voltássemos a ser o que eramos, a sua relação com Thomas também estava bastante bem. Blaire nada mais dissera desde a tarde em que fora a sua casa. Abbie também andava bastante distante. Essa semana passou bastante devagar, Dom convidara-me para ir almoçar a sua casa no sábado e eu aceitara. Não faláramos muito durante a semana, o facto de sermos de escolas diferentes não o permitia. O facto de ele me convidar para ir a sua casa almoçar, com a sua família, levava esta relação ou lá o que isto é para outros extremos, o que na verdade me deixava muito feliz.
Vesti umas jeans azuis claras e um top preto aberto atrás e calcei umas sandálias pretas. Deixei o meu cabelo solto dando apenas uns retoques com o pente. Passei um gloss rosa pelos lábios e o habitual lápis nos olhos, aproveitei para colocar eyeliner, o que era raro.
Peguei na minha bolsa preta e coloquei lá dentro o telémovel, carteira e chaves de casa, não iria precisar das chaves do carro pois Dom ficara de me vir buscar.
Estava deitada na cama a ler os últimos capítulos do livro que o meu irmão me dera quando oiço o bater da porta, desviei o meu olhar para a mesma pedindo para entrar, vejo a figura bem estruturada de Aaron entrar e encostar-se a porta, ajeito-me na cama de modo a encará-lo.
"Precisas de alguma coisa?" Pergunto-lhe.
"Só queria perguntar se queres vir ao cinema comigo e com o Thomas..." Ele diz e eu sorrio.
"Não mano, mas obrigada. Vou almoçar a casa do Dom."
"Ah está bem..." Ele murmura. "Diverte-te!"
"Tu também!" Digo e ele desaparece do meu quarto. Desbloqueio o telémovel que outrora colocara no silêncio e reparo nas 5 chamadas não atendidas de Dom, estremeço e ligo de volta.
"Desculpa, desculpa, desculpa! Estou já a ir." Informo levantando-me apressadamente da cama e pego na minha bolsa. Coloco desajeitadamente perfume e saio do quarto.
"Está bem, estou aqui fora." Ele diz entre risos e desliga.
Corro pelo corredor e paro em frente ao escritório do meu pai.
"Pai vou sair. " Digo sem dar grande importância. Ultimamente as minhas falas com ele eram mínimas.
"Onde vais?" Ele pergunta e eu suspiro.
"Sair." Repito e ele ao perceber que não queria dizer, assente.
"A seguir ao almoço vou...ahm.... ver a tua mãe ao hospital."
"Está bem, espere por mim para ir consigo."
"O quê? Vens a que horas?" Ele pergunta alto.
"Não sei. Se não chegar a horas não se preocupe que tenho carro. Apesar de não ter aulas como prometeu me dar. Bem adeus." Disse e continuei a andar, parei ao pé do quarto de Aaron para me despedir mas ele já não estava lá, provavelmente já tinha saído.
Corri pelas escadas abaixo e saí de casa vendo o carro preto de Dominicius estacionado à frente da minha casa. Ajeitei o meu cabelo e andei até ao carro, entrando no lado do pendura.
"Estou tão atrasada, desculpa." Lamento enquanto ponho o cinto de segurança.
"Não te preocupes, a Melinda ainda deve estar a preparar o almoço." Ele diz.
"Melinda?"
"A minha empregada." Ele esclarece e eu assinto olhando em frente.
"Não estou muito apresentável, pois não?" Pergunto insegura e ele olha-me.
"Bem...para a minha mãe não.." Ele começa e eu baixo a cabeça. " Mas para mim estás perfeita." Um sorriso inocente aparece no meu rosto.
"E o teu pai?" Pergunto segundos depois.
"Está fora do país." Ele diz e para o carro. "Chegámos." Olho em volta podendo observar uma mansão gigante que parecia um autêntico palácio. Aposto que a vivenda onde vivo cabia ali umas 10 vezes. "Prim? Vamos?" Ele toca-me no braço.
"Sim, claro." Respondo ao voltar à realidade. Retiro o cinto e saio do carro, espero por Dominicius e ando ao seu lado até à porta de sua casa. Ao chegarmos lá estranho o facto de ele não ter chaves e de a porta ter de ser aberta por um dos seus seguranças, Dom coloca a sua mão à volta da minha cintura e eu estremeço. Entro em sua casa e não resisto em olhar em volta podendo ver o quão grande e bonita era. Começamos a andar até a sala e o meu olhar cai sobre uma mulher que aparentava estar na casa dos cinquenta e poucos mas o seu ar era jovem e delicado. Esta forçou um sorriso assim que me viu mas logo fui abordada por um senhor de idade que me abraçava.
"Que linda menina sim senhora, Dominicius."
"Prim, este é o meu avô paterno." Dom diz pondo a mão na cabeça.
"Muito gosto em conhecê-lo." Sorri docemente e apertei a mão dele e olhei de relance para a senhora que entretanto se levantara, devia ser a sua avó.
Ouviram-se uns saltos altos em contacto com o chão aproximarem-se de nós, rodei o meu corpo na direção do som, observei três mulheres entrarem na sala. Uma morena de olhos azuis, tencionei que fosse a mãe de Dominicius. As três envergavam vestidos que deviam ser mais caros que o meu carro, literalmente, pareciam que iam para uma festa importantíssima, o que não era o caso, penso eu.
"Dom meu querido, chegou!" Ela exclama e aproxima-se dele para o abraçar. "Veja quem convidei para o almoço!" Ela aponta e eu olho na direção do seu dedo vendo duas mulheres altas e loiras, uma não me era totalmente desconhecida, após a examinar cuidadosamente cheguei à conclusão que sabia bem quem ela era, Rachel. Olhei para Dom e este pronunciou um "desculpa" inaudível, ótimo, este almoço tinha tudo para correr bem.
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Primrose
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