Os restantes dias passaram literalmente a correr, Blaire andava desanimada devido ao assunto Thomas que por sua vez estava constantemente enfiado em minha casa, confesso que eu gostava de o ter lá pela simples razão de fazer Aaron feliz e afastá-lo de todos os problemas que o rodeavam. Nós continuávamos de relações cortadas com o "nosso" pai e eu não falava com Abigail à imenso tempo, nem tencionava. Andei a semana inteira preocupada com o assunto que falara com Giuseppe, e estava nervosa por Domingo, iria finalmente confrontar o meu suposto pai. O que me custava mais era não poder contar a verdade a Dominic, e se o fizesse, seria o fim. Isso seria uma vitória para Rachel e a sua mãe mas eu simplesmente não poderia dar-lhes esse gosto.
"Azul ou Vermelho?" A sério Blaire estou super indecisa..." Suspirei colocando os dois vestidos em frente do meu corpo e observei a sua reflexão no espelho, ambos me assentavam super bem mas no entanto, não chegara a nenhuma conclusão de qual poderia eventualmente favorecer-me mais ou parecer mais sofisticado para a ocasião.
"Azul é bom." Blaire comenta após alguns minutos, observei o seu corpo deitado na cama enquanto observava as suas unhas pintadas de preto, a sua cor preferida. Sabia que ela não andava bem desde do afastamento com Thomas e eu não sabia o que podia fazer para ajudá-la. Não podia terminar com a felicidade do meu irmão, mesmo que isso implicasse a infelicidade da minha melhor amiga.
"Vou levar o azul." Acabei por aceitar e pousei-os na cama sentando-me na mesma de seguida. " E se fossemos às compras? Acho que estamos mesmo a precisar de um dia de raparigas."
"Eu admiro-te." Blaire lançou e eu arqueei a sobrancelha. "Tens passado por tanto ultimamente, e mesmo assim tentas sempre ajudar os outros, nunca pensas em ti primeiro."
"Ver quem eu amo feliz, é a maior recompensa que posso ter." Esclareci.
"Custa-me não ver o mesmo acontecer a ti." Blaire suspirou e eu puxei o seu braço, apertando o seu tronco contra o meu num abraço apertado.
"Basta ter-vos comigo que fico feliz, juntos, nada nem ninguém nos derrubará."
"Filósofa." Blaire gargalhou e eu sorri convencida.
Após o nosso momento, Blaire concordou em ir comigo às compras, não que precisasse de algo em concreto, apenas queria espairecer. Os centros comerciais estavam à pinha pois estamos quase na época Natalícia e as pessoas fazem questão de comprar os presentes com antecedência, antes que esgotem.
"Talvez devesse comprar já algumas coisinhas." Comento com Blaire que via uma montra de sapatos atenta. "Blaire?"
"Hum? Sim claro, vamos." Ela concordou mas aposto que não ouvira nada do que dissera. "Também preciso de comprar uns fones para a minha irmã."
Fomos, portanto, comprar os fones para Claire, aproveitei para passar pela loja de perfumes para ver o tão desejado Paco Rabanne que Aaron tanto cobiçava, após me informarem que estavam esgotados resolvi encomendar, após o fazer uma voz já me conhecida ecoa.
"Tenho a certeza que o Dom vai adorar." Olho para trás vendo Rachel aos risinhos enquanto segurava um frasco de perfume e olhava para mim pelo canto do olho. De certeza que me tentava irritar, a sua amiga não lhe ligava nenhuma, o que destruía completamente os seus planos. Sorri de canto por a estratégia dela não me afetar e saí da loja juntamente com Blaire. Aproveitámos para ir comer um hambúrguer visto que já era hora de almoço.
"Não é estranho seres irmã do teu suposto namorado?" Blaire olha-me.
"É. Mas nada é certo. Amanhã vou esclarecer as dúvidas todas.
"Estás preparada?" Blaire questiona referindo-se ao jantar, olho para ela e ambos soltamos uma gargalhada. Ela sabia perfeitamente o nervosismo que invadia o meu corpo, ainda por mais após o que Giuseppe me contou, Blaire também sabia. "Mas vou sobreviver." Garanti e ela sorriu concordando."Já sabes quando vais ver a tua mãe?"
"Hoje à tarde passo lá, preciso mesmo de vê-la." Suspiro. " Este Natal não vai ser nada fácil." Sussurro enquanto caminho para o lado exterior do centro comercial, dirigimo-nos para a paragem de autocarro, mesmo sabendo conduzir, não me sinto confortável em fazê-lo enquanto não tirar a carta. O autocarro não demora a chegar e eu agradeço a Deus por isso visto que entretanto começara a chover torrencialmente.
"O Dom já te disse alguma coisa?" Blaire pergunta mal nos sentamos.
"Não." Digo desanimada e olho pela janela. " E tu? Relativamente ao Thomas..." Eu digo com receio e percebo que Blaire ficara incomodada com a pergunta, tento desviar as atenções mas ela decide responder.
"Prefiro não falar sobre isso, sinceramente." Contrapõe. " Thomas é um assunto para esquecer, só quero que ele seja feliz com o teu irmão." Ela tenta convencer-me e penso que tenta convencer-se a si própria também.
"Mesmo?" Eu tento assegurar a sua resposta e após a confirmação limito-me a assentir de modo a não se falar mais sobre isso.O autocarro pára perto de casa de Blaire e ambas saímos, despeço-me dela assegurando que a via Segunda-Feira na escola, e caminho até à minha. Ao chegar lá sou surpreendida por Aaron e o meu Pai sentados no hall de entrada, aproximo-me e franzo o sobreolho assim que paro à deles.
"Estávamos à tua espera para irmos ver a mãe." Aaron explica, eliminando todas as minhas esperanças de possível reconciliação entre os dois.
"Vou só colocar os sacos lá dentro e venho já." Aviso e apresso-me a entrar dentro de casa, deixo cair os sacos ao pé da porta e logo a fecho novamente. "Vamos então." Passo por ambos dirigindo-me até ao carro preto do meu pai estacionado a uns 4 metros da porta.
"Joshs Hoptkins Hospital" Observei as letras azuis que sobressaiam no fundo branco do hospital.
O meu pai estacionou e eu saí do carro, o clima tinha mudado bastante, ainda estava frio e corria uma brisa mas não tão forte como à hora de almoço, ajeitei a minha mala e juntamente com Aaron e o meu pai, entrámos no hospital. Logo pedimos três senhas para o quarto 123 e andei até lá. Bati à porta e após a permissão da minha mãe abri a mesma entrando acompanhada pelos dois senhores que logo esboçam um sorriso para a minha mãe que outrora se ajeitara na cama para nos receber.
"Olá meus amores." Ela sorri e estende a sua mão para mim e Aaron, o meu pai mantém-se junto à porta, provavelmente sem saber o que fazer ou dizer. "
"Mãe, olá." Agarrei a sua mão e sentei-me ao seu lado na cama.
"Que boa visita." Ela murmurou e dirigiu o seu olhar cansado para o meu pai. "Amor." Sussurrou e eu olhei para ele arregalando os olhos para que este se chegasse à frente, assim o fez. Beijaram-se e a minha mãe sorriu e olhou para mim e Aaron que entretanto fingíramos um sorriso.
"Já decoraram a casa?" A minha mãe questionou e sorriu, esta era a sua época preferida, ela fazia sempre questão de decorarmos tudo com luzes e efeitos natalícios, ela era sem dúvida a alma da festa quando se trata do Natal.
Aaron resolveu contar à minha mãe sobre Thomas e o meu pai foi apanhado de surpresa, a minha mãe demonstrou-se contente com a sua declaração e afirmou que o iria apoiar fosse qual fosse a sua escolha. A hora de visitas entretanto terminara. Os rapazes sairam e eu informei-os que já ia ter com eles ao carro.
" É amanhã." Murmurei e a minha mãe olhou para mim.
"Amanhã?"
"Vou conhecer o meu pai." Informei-a. " Fui-me encontrar com o tal Giuseppe, ele contou-me tudo."
"Não Prim." A minha mãe tentou travar-me.
"Está tudo bem mãe, eu estou pronta. Tudo vai ficar esclarecido." Sorri e depositei um beijo na sua bochecha fria. " Prometo que venho cá na quinta-feira." Esclareci, Natal não seria Natal sem ela, e eu iria fazê-lo mesmo que isso implicasse passá-lo num quarto de hospital.
Encaminhei-me para o carro e de seguida para casa. Entrei em casa e subi para o meu quarto, ao abrir a porta reparei em algo brilhante em cima da cama, avancei lentamente até ela e uma expressão confusa apareceu no meu rosto acompanhada por um sorriso rasgado, um vestido preto curto estava deitado por cima dos lençóis, ao seu lado uma carta branca, alcancei-a e rolei os meus olhos pelas letras pretas.
" Gostava que vestisses este vestido amanhã. Aposto que te vai assentar perfeitamente. Beijos. Dominicius." Peguei no vestido colocando-o à frente do meu corpo e caminhei até ao espelho, era perfeito. Tinha alguns brilhantes na parte de cima e a parte de baixo era folheada. Resolvi experimentá-lo e por sinal, assentava-me mesmo bem.
"Obrigada pelo vestido, gostei imenso." Enviei para Dominicius.
"Mal posso esperar por te ver com ele, até amanhã Rose."O facto de me sentir tão bem com Dom deixava-me triste, saber que um dia tudo o que estávamos a construir lentamente iria ser destruído dava literalmente cabo de mim, e a nossa história é tão curta e estranha, com tantos obstáculos ainda invencidos pelo caminho, como iria ela acabar? Será que iria ser mais um "feliz para sempre" com que eu tanto sonhava? Tantas possibilidades, tantas incertezas, tudo o que eu queria era acabar com estes mistérios e poder ser feliz. O problema é que eu já não imagino uma felicidade sem Dominicius.
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Primrose
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