Capítulo 10

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- Taureau? East Village?- perguntei impressionada, enquanto entrávamos no metrô, ele sorriu.

- Vamos comprar uma garrafa de vinho no caminho,espero que goste de fondue!- Ele diz enquanto nós balançamos pelo metrô, são nove e vinte, o céu já está escuro. O encarei, um pouco impressionada,com isso.

- A menos que tenha um vinho, escondido dentro desse jaleco. Não iremos beber, só temos 17, não vendem bebida,pelo menos não legalmente!- Falo, mexendo em seus bolsos e ele deu de ombros.

- Não custa nada tentar!- Concluiu, sorri e me inclinei e beijei sua bochecha.

- Eu gosto de fondue.- Ele sorriu, e se virou para mim.

- É espantoso o quanto as pessoas podem ser mesquinhas!- Disse mudando de assunto. O encarei séria,sem entender muito bem o que estava acontecendo com ele.

- Está acontecendo algo?- Perguntei e ele pareceu mudar de estado,saindo do alegre e romântico, para o severo e obscuro, e quando fazia isso, parecia envelhecer uns seis anos.

- Lembra da garota que eu te falei?- Perguntou, e fez uma pausa para que me lembrasse, acenei e ele continuou - Ela está me dando nos nervos, eu estou ajudando meu pai, com ela, e adivinha? O pai dela está quase voltando do Japão só por que a maldita teve um ataque de ciúmes!- Ele bufa, nossa que garota, mas pensando bem talvez eu a entenda. - É tão difícil, fingir ser alguém que não é só para cuidar de uma estúpida! Ela é mimada e anda como se estivesse em um desfile de moda!- Cuspiu as palavras, me encolhi, e afastei de seu corpo,suas palavras pesaram mais do que eu imaginava.

- Eu também sou estúpida e ando como se estivesse em uma revista?- Perguntei o fazendo me encarar novamente, suas feições relaxaram e ele sorriu.

- não,você e diferente..- diz acariciando meu rosto, mas até onde eu era diferente?

Descemos na Union Square, seguimos a rua 14 em direção a 1° avenida, as casas e lojas ali, estavam fechadas ou se iluminando aos poucos. Ele me puxava entre os pedestres, e olhava o relógio a toda a hora, eu só ria, pouco antes da 3° avenida entramos na " Trader Joe's wine shop" uma pequena lojinha em estilo boêmio de vinhos, assim que passamos pela porta, o proprietário ergueu os olhos para nos,e encarou.

- Dê uma olhada por aí...- Mandou Lucas e seguiu para o balcão, comecei a observar os vinhos, um a um, marcas diferentes, anos e coleções, que eu não me recordava, nunca prestei muita atenção nas aulas de tio Franco. Talvez se ele estivesse distraído podia ligar para um dos meus seguranças trazer algo para nós.

- Não vai dar a ela certo?- Perguntou o homem, olhei para Lucas, ele me olhou de volta, e deu um meio sorriso.

- Não! E só para mim!- disse e o homem assentiu, lhe entregou a sacola,e logo Lucas já me puxava porta a fora seguindo de novo na rua 14, em direção a 1° avenida.

- Como conseguiu comprar o vinho?- perguntei, ele apenas me olhou por cima do ombro e deu um meio sorriso.

- Tenho meus contatos...- Respondeu fazendo charme. Ri, e apertamos o passo.

Quando chegamos a 1° avenida, seguimos para o sul, até a rua 7, caminhamos seguindo a direção da avenida A, e chegamos ao Taureau. A construção se mantinha a minha frente, flertando comigo,sorri e adentramos no local eram nove e cinquenta e sete. Os girassóis, na porta sorriam para mim, Lucas,abriu a porta para mim, e a cena que eu presenciei era de perder a respiração, era pequeno, com mesas nas laterais, estava quase lotado, prendi a respiração, sera que ele tinha feito reservas? Me virei, e dei de cara com ele me encarando, sorrindo, virei um pouco a cabeça.

- O que foi?- perguntei, ele abanou com a mão, dizendo que não era nada, logo fomos guiados até a nossa mesa,na parede esquerda tinha um símbolo, era um com chifres segundo minha visão. O ambiente era lindo,muito romântico. O estilo boêmio do restaurante combinava perfeitamente com uma noite romântica na cidade,bem ali contrastando com a selva de pedra, um lugar desses era um tesouro, e ele estava mostrando-o para mim.

- Espero que coma carne!- Diz abrindo a garrafa de vinho, concordo com a cabeça, ainda absorvendo toda a luz e o ambiente, e guardando tudo na memória. Ele serve nossas taças e dá um pequeno sorriso - Gosto desse lugar - Conta como um segredo, e depois de beber um pouco.

- Quem te trouxe aqui?- Perguntei,bebendo um pouco, fazendo minhas bochechas corarem, aposto que trouxe outras conquistas durante o tempo que vinha visitar o pai.

- Minha mãe -Ele diz seco, olhando em volta,balançou a cabeça concordando, e voltou a observar o lugar.

- Fale um pouco de você! Já falei muito de mim- Digo e ele parece surpreso com minhas palavras. Dou de ombros, e ele dá um meio sorriso de lado.

- Sou brasileiro,morava com minha mãe e meu irmão mais novo, ela é uma mulher ótima, se chama Tereza.

- Por que mesmo se mudou?- perguntei

- Não tinha dinheiro para a faculdade e meu pai me ofereceu um emprego, e eu quero muito entrar até o final do ano!- Diz convicto, e parece estar longe - É uma merda de emprego,mas eu quero muito ajudar minha mãe.

- Mas você só tem dezessete, vai para a faculdade só daqui a dois anos...- Ele parecia confuso, balancei a cabeça, ele arregalou os olhos e depois continuou

- Isso,daqui a dois anos - Ele travou o maxilar - Gosto de futebol, e ahn... Filmes de terror?- Parecia uma pergunta, assenti e o funde chegou comemos,fazendo graça, e tudo parecia normal, era como se fôssemos dois adolescentes normais - um deles - saindo para jantar. Ele olhou no relógio, depois de roubar o último pedaço de carne.

- Temos que ir agora!- Disse se levantando, e puxando meu braço, saí catando cavacos,até a porta.

- Calma, para onde vamos?- Perguntei quando ele saiu para o ar noturno de NY, ele chamou um táxi, e entramos se inclinou para a frente e disse algo,para o motorista, que saiu em disparada,ele olhava o relógio.

Estavamos perto do museu de artes, e seguimos em direção ao rádio city music hall, eu conheço esse caminho.

- Estamos indo ao Rockefeller center?- Minha respiração ficou mais alta, e eu sorri. Ele me encarou,quando paramos na entrada, ele pagou o taxista.

- Como sabia?- ele quis saber. - É meio difícil te surpreender, né?

- Quando eu era criança, tio Franco me trazia para patinar- Digo lembrando daqueles dias. Ao entrarmos nem ao menos, consegui reparar muito na decoração, corremos em direção ao elevador. - Eu cresci aqui ...

- A onde estamos indo?- Perguntei de novo, dessa vez ele apenas sorriu,e balançou a cabeça. A cada andar que marcava, meu coração dava um pulinho,ele me abraçava por trás, e segurava minha mão. Eu estava feliz, pela primeira vez em muito tempo. O elevador abriu. Estávamos no observatório, coloquei as mãos na boca, eu sempre quis vir aqui,mas nunca tive tempo, e na maior parte do tempo não era seguro. As estrelas brilhavam e o céu azul escuro de NYC, eu conseguia ver as estrelas rara aqui.

- Gostou?- perguntou.

- Amei - digo me jogando em seus braços, e ele me rodou. Ninguém nunca tinha feito algo assim, por mim, pelo menos não sem uma segunda ou terceira intenção.

- Sabe aquela estrela ali - diz apontando para uma, segui seu dedo - Você brilha mais que ela!- diz, e eu simplesmente derreti, nunca senti nada parecido nem com o Martin, minhas defesas estavam baixas, ele conseguiu entrar, eu queria que ele entrasse. E ele poderia fazer dali sua residência fixa.

- Nunca ouvi coisa mais brega, na minha vida! - Ri,puxando-o pela grata, nos aproximando para o beijo, e toda vez eu tinha sensações diferentes como se ele estivesse sob a minha pele, como se isso fosse a única coisa que eu poderia fazer. Todas as sensações que ele me fazia sentir, desde a curiosidade até as borboletas no estômago, me preendiam não era natural se sentir assim por alguém, não deveria ser, mas no momento isso é a única coisa que faz sentido para mim.  

Garotas da Máfia - Vol. 01Onde histórias criam vida. Descubra agora