Capítulo 14

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Recobrar a consciência nunca pareceu tão difícil, eu ainda não conseguia ver direito mas conseguia ouvir as vozes ao meu redor, reconheci meus tios Franco, Val e Perroni conversavam entre si. Abrir os olhos demanda mais força do que imaginei.

- E normal, ela não ter acordado ainda,já faz quase vinte e quatro horas que ela não desperta?- Esse era tio Perroni,uma voz profunda e preocupada.

- Aquele moleque,como pode? Franco isso não pode continuar...- tia Val falou,parecendo aflita

- Eu já avisei Bruno,mas ele não pode voltar... Estamos com problemas com a yakuza.

- É a filha dele!- Tia Val bate a mão em cima de algo que faz um estrondo meu corpo formiga.

-Acalme-se Val,não queremos assustá-la, e tudo culpa da Rosalina,temos que falar com Rodrigues,eu vou...- Não consegui ouvir o resto da conversa pois a névoa me chamou de volta,o que tinha acontecido comigo? Onde eu estava, o que minha mãe tem haver com isso? Eu preciso de respostas.

****

Meus olhos se abriram um pouco incomodados com a claridade do quarto, minha cabeça zumbia,fechei os olhos novamente, respirei fundo e me concentrei em ficar acordada.

- Dio,graças que você acordou!- Tia Val se jogou contra mim. A abracei,um pouco incerta dos últimos acontecimentos da minha vida.

- Está tudo bem,tia, eu preciso apenas de respostas- Digo a empurrando de leve, seus olhos verdes estavam profundos. Ela se levantou e ajeitou o terno vinho.

- Bem,eu quero respostas - Ela diz me encarando, com os braços cruzados. Inclino minha cabeça de lado confusa. - Issa, você estava fumando com Martín Hastings há duas noites, por que? Todos estavam te procurando!- Eu não podia contar a ela,e rezei pra que Marquinhos e Jacobs não abrissem o bico.

- Não foi nada,eu precisava relaxar. Mas o que aconteceu depois? Por que eu... - Olhei ao redor vendo que estava na ala médica da casa de papai. - Estou aqui. - Ela engole em seco, é difícil pensar em uma mentira, penso jogando a colcha para o lado,e as pernas para o outro.

- Tentaram te matar novamente!- O choque é maior que eu esperava, paro e fixo meu olhar na porta, " ... É a filha dele..." fecho os punhos e me levanto.

- Marissa, aonde você vai....- Ela corre atrás de mim.

- Dizer a eles que na quarta talvez tenham sorte ! - digo, sem olhar, e caminho para fora do quarto.

Corro pra fora da ala médica o mais rápido que minhas pernas débeis conseguem, a visão embaçada brincando comigo,meu caminho e barrado por um peito firme e mãos que me seguram, ergo os olhos e encontro a preocupação e o remorso que brilham sob o olhar de Lucas, o que ele está fazendo aqui? Faço a pergunta em voz alta, estranho a forma como ela sai, pesada e dormente.

- eu vim saber, notícias suas já que faltou muitos dias de aula! - ele responde ainda me mantendo sob seu aperto.

- Ah! - Tento encontrar palavras para responder aí meu sumiço repentino, mas ainda não consigo organizar meus pensamentos.

- seu tio me contou, sobre as coisas da máfia... - ele deixa a frase no ar como se isso explicasse tudo. É bem, explicava. Suspiro alto, o que dizer? Como fazer para que ele fiquei? Que ele não mude de ideia sobre nós? Mas, o mais importante existia um nós?

Antes que pudesse elaborar mais meus pensamentos sobre o garoto a minha frente, tia Val entra como um furacão na sala, os cabelos desgredenhados e os olhos fundos, não condiziam com a mulher que eu conhecia.

- você. - ela diz mais como um sibilo do que como uma afirmação, como se a simples presença de Lucas fosse insuportável, olho para os dois, ela o encara e ele fita o chão, visivelmente desconfortável. Limpo a garganta, e volto meu olhar para minha tia.

Garotas da Máfia - Vol. 01Onde histórias criam vida. Descubra agora