Capítulo 02

6.6K 265 3
                                    

As manhas sempre são difíceis, principalmente as manhas de sexta-feira, o problema em si não é nem acordar, e sim o despertador, que berra as informações do transito, e que por mais que eu dê um jeito de sumir com ele, magicamente ele reaparece na minha cabeceira na manhã seguinte. Poxa, ninguém precisa adivinhar que vai ter um congestionamento em Nova Iorque. Eu poderia matar aula, mas, tenho quase certeza que já esgotei a quantidade de faltas para um aluno comum, e para alguém da turma especial, além disso, tenho aula de biologia, e essa e a única matéria que vai pesar no meu currículo para a faculdade.

Jogo as cobertas para o lado, e sigo às cegas para o banheiro, resultado: quase caí três vezes. Meu rosto está inchado, e com olheiras profundas, como se eu não tivesse uma boa noite de sono a tempos o que é totalmente verdade, junto com mina vida noturna, a maquiagem tem sido minha melhor amiga.

Tiro o pijama e entro em baixo do chuveiro, esperando a água quentinha tomar conta e recuperar meu estrago da noite passada. E para completar minha sorte, a água fria me atinge como um coice de mula, falta sair cubinhos de gelo para completar a cena, me balanço tentando me aquecer enquanto, mexo no regulador de temperatura falhando em vão, imagino que alguém o tenha quebrado de proposito, alguém não, meu amado pai na verdade. Termino o banho, e volto ao meu quarto, molhando todo o chão pelo caminho, ligo o som e me enfio no closet a procura de algo descente para o fuzilamento que iria ocorrer em menos de cinco minutos.

Por fim acabei optando, por um macaquinho branco, botinhas e uma blusa de lã, óculos e chapéu vermelho, minha bolsa saco velha de guerra, coloco a minha edição maltrapilha de Guerra e Paz, que estou lendo pela quarta vez nesse ano. Fui pegar meu celular, quando me lembrei da correntinha da minha mãe. O símbolo da minha família, era um pingente redondo, como uma moeda, de um lado uma rosa negra, e do outro um leão. Suspiro prendendo a corrente, e me preparando para o julgamento. Saio do quarto, indo em busca de um café que eu sabia, que não estaria lá.

E como se eu previsse o futuro, a mesa já tinha sido retirada, o problema todo da " ressaca" e que ainda fico meio lenta e depois de dormir por quase um dia todo, eu me sinto uma merda. E não dá para ouvir sermão essa hora da manhã. É era o que iria acontecer.

Já ouviram falar de uma coisa chamado complexo de Geocasta? Se sim, okay, pegue esse princípio, se não. Bem, preste atenção, ele diz que a filha mulher se apaixona pelo pai. Ou tem problemas com ele dá na mesma, certo? E isso e provado cientificamente. Eu amo meu pai, mas ele não me dá atenção, passei a maior parte da minha infância sendo paparicada por velhos mafiosos gordos do que com meu pai (Aos seis anos já sabia atirar e diferenciar as perfurações de balas em um cadáver) sem contar que, ele me culpa pela morte da minha mãe. Rosalina. Então tudo o que posso fazer para causar danos, ao poderoso chefão. Eu faço de bom grado. Meu pai e alto, branco, olhos claros, cabelos cinza - por causa da idade - olhar severo, e traços fortes e italianos. Sempre de terno, bem alinhado. E uma gracinha de homem e me olha como se fosse me fuzilar. Bem eu sei que sou culpada. Olho para meu tio, em quanto desço a escada, ele parece com Dany DeVito, eu poderia jurar que são irmãos gêmeos se não fosse pelo grande bigode de leão marinho já citado. Ele e meu pai não tem nada a ver um com o outro. Um e fogo e o outro e gelo. Sorri para tio Franco que retribuiu, e nesse meio tempo, entre o sorriso e o olhar feio que tive um mal súbito, e rolei escada a baixo, parei com o queixo perto do pé do meu pai, olhei para cima encontrando seus olhos acusadores.

- Marissa, o mundo não está a seu serviço, então é melhor não se atrasar! - Falou rígido, sem nenhum sotaque italiano, diferente de seus outros irmãos. O encarei, ele simplesmente deu as costas, e foi para a saída da casa. Tio Franco que me socorreu

- Está bem, menina? - Questionou, em quanto eu arrumava meu lindo e bagunçado cabelo.

- Sim! – Respondi, já sendo arrastada para fora da casa. E lá fui eu sem abrir a boca.

Garotas da Máfia - Vol. 01Onde histórias criam vida. Descubra agora