Julie e Nicolas se beijavam no meio do pátio.
De longe Daniel observava aquela cena arrasado. Nisso voltou pra edícula, pegou sua guitarra e começou a tocar um blues.
Pouco depois Julie chegou esfuziante em casa. Ainda estava sonhando! Não acreditava que Nicolas teve coragem de se declarar em frente à escola toda.
Ela ia para o seu quarto, quando escutou uma melodia triste vinda da edícula.
Foi até lá e abriu a porta.
– Daniel...
Ele estava sentado, cabisbaixo, tocando sua guitarra. Julie segurou sua mão, então ele levantou os olhos tristonhos para Julie.
– E agora, como vai ser? - ela perguntou, apreensiva.
– Eu vou ficar triste de ver vocês juntos, mas vou ficar mais triste ainda se a gente parar de tocar juntos...
Nisso ela sorriu e deu um abraço apertado em Daniel. Ele retribuiu o abraço, mas não queria soltá-la nunca mais.
Mais tarde, na loja do Klaus, Os Insólitos fizeram um show inesquecível, como nunca fizeram antes.
Julie cantava olhando diretamente para Nicolas: "Somos iguais, nessa noite somos um só..."
Daniel saiu antes de todos e não falou pra onde ia.
Julie olhou em volta e não viu Daniel, mas sabia que ele estava magoado e se sentia um pouco mal com isso.
Já Nicolas, agora oficialmente seu namorado, não conseguia tirar os olhos dela. Mas também percebeu que o "tal" Daniel não estava mais lá. Chegou perto dela e lhe deu um beijo. Ele segurou suas mãos e disse:
– Você está linda! Vamos embora? Eu te levo em casa, a gente vai conversando.
– Claro, Nic. Só me dá um tempo pra me despedir do pessoal.
Julie pediu a Bia pra guardar suas coisas na casa dela até o dia seguinte. Martin e Félix estavam no camarim esperando todos irem embora para pegarem os instrumentos. Inclusive a guitarra de Daniel, que ele tinha largado pra trás.
Julie e Nicolas saíram de lá e foram andando pela rua, de mãos dadas, alheios ao mundo. Foram conversando sobre o show e sobre a reação dos colegas ao vê-los.
– Sabe, eu acho que seria escolhida como vocalista dos Lacônicos Furiosos.
– Você chegou a fazer o teste? Não acredito que eles não te escolheram.
– Então, você não deve se lembrar, mas quando eu estava fazendo o teste você entrou na sala e eu perdi completamente a concentração.
– Verdade? – Nicolas disse, feliz.
– Hum-hum. – e sorriu.
Ele apertou sua mão.
– Eu já gostava de você há muito tempo. Mas você não me enxergava. - ela falou.
– Ah, Julie. Foi no começo do ano. E depois, é claro que eu te enxergava! Só que primeiro foi como amiga.
– E quando foi que começou a reparar em mim?
– Acho que foi quando o Valtinho veio me falar que você gostava de mim. – e abriu aquele seu sorriso encantador.
– O Valtinho é tão indiscreto! Se bem que era verdade. – sorriu.
– Se naquela época eu não fosse tão cego, eu teria reparado como seus olhos dizem tudo. Como são lindos.
– Vai me dizer que você nunca tinha reparado nos meus olhos?
– Não. Mas agora estou. – sorriu e lhe deu um beijo.
Quando perceberam já estavam chegando perto da casa dela.
– Temos que nos despedir aqui. Meu pai já deve estar em casa.
– Vou morrer de saudade. Te ligo amanhã.
– Vou esperar, hein.
E se beijaram meio que sorrindo.
Ela ficou pensando naquelas últimas palavras. "Se naquela época eu não fosse tão cego, eu teria reparado como seus olhos dizem tudo. Como são lindos. ". Ele nunca tinha reparado nos meus olhos... - ficou pensativa.
......
Daniel estava na edícula, ainda mais mau-humorado do que o normal. Jogava dardos numa foto de Nicolas, que tinha colado na parede. Ele precisava fazer alguma coisa pra descontar a raiva que estava sentindo. E não era isso.
"Você pode se ajoelhar pro cara, que ele nem vai ligar pra você,ele vai te desprezar, mas se você desprezar o cara, ele vai correr atrás de você que nem idiota, é assim que funciona, é como uma lei da física." Daniel estava lembrando do dia que disse isso à Julie. "Talvez seja isso que você deva fazer, Daniel" - pensou.
A porta se abriu e Julie entrou.
– Daniel! Você tá aí? Preciso falar com você.
Daniel jogou um dardo que passou bem perto de sua cabeça. Depois apareceu.
– Que isso, Daniel! Não estou te reconhecendo. Você tá bem?
Normalmente ele nunca faria isso.
– Nunca estive melhor! - disse sarcástico.
– Por quê você saiu tão rápido de lá?
– Eu tinha coisa melhor pra fazer do que ficar assistindo cenas de romance ridículas.
– Nossa! Como você está azedo! É melhor a gente se falar amanhã. E então saiu.
Nisso Félix e Martin apareceram carregando os instrumentos, as fantasias, panfletos... entraram e viram Daniel sentado, olhando pro cartaz da banda.
– Você saiu de lá e nem lembrou da sua guitarra!
– Também não falou onde estava indo!
Mas Daniel nem estava ouvindo o que eles falavam, sua cabeça estava em outro lugar.
– Vocês viram? Viram como ela estava linda? Viram que aquele idiota não tirava os olhos dela? Me deu vontade de voar nele. Saí de lá antes que não me aguentasse.
– Daniel, você vai ter que se acostumar com isso.
– Depois de tanto esforço não vou acabar com a banda. Sei que vocês também não querem isso. Só preciso de um tempo. Só de um tempo sozinho.
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Aperte Play - A História Continua
RomanceEssa é uma versão romântica do que poderia ter sido a segunda temporada. Muitos conflitos, encontros, reencontros e desencontros. Uma nova etapa começa na vida de uma menina de 17 anos que era apaixonada pelo garoto mais bonito e popular da escola...