Quando as Coisas Não Vão Bem

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"É madrugada, cedo ainda pra me arrumar pra escola, mas tarde pra pegar no sono de novo. Que sono? Perdi o sono completamente. Vou ligar uma música, talvez ajude.

Se isso foi só um sonho, por que eu estou tão preocupada assim? O Daniel me desculpou, mas ainda está estranho comigo. Não está como antes. Deve ser por isso que sonhei... É... mas eu não consigo esquecer. Aquele beijo, foi tão... Não! É melhor eu descobrir isso. Vou perguntar pra ele. Preciso saber se isso é verdade, se ele gosta de mim assim desse jeito. E esse anel? Eu não entendo. Eu tinha certeza que dormi sem ele. Acho que sonhei com esse anel. Mas não consigo me lembrar."

Julie ficou pensativa até o amanhecer. Mas enfim, por que ela pensando tanto no Daniel?

Talvez ela por causa das últimas revelações. Ele era 'o cara que encontraria um objeto perdido que ela não tinha dado falta'.

Talvez porque viu Daniel fazer de tudo para protegê-la do Nicolas. Mas ela ao invés de agradecer, ainda o magoou.

Ou então porque ela ainda não tinha se dado conta do que sentia desde o início.

Lembrou-se daquela noite na loja de instrumentos.

"Que saudade!" – pensou.

Acabou dormindo de novo. Quando acordou já tinha perdido a aula. Ela se levantou e a primeira coisa que fez foi pegar seu celular. Julie escreveu uma mensagem para Nicolas:

"Temos que conversar, hoje."

Nicolas estava em casa eufórico. No dia anterior ele tinha sacado uma quantia alta no banco. Foi pra casa e entrou no jogo pra avisar aos líderes do esquema que ele já estava com a grana. Então começou a jogar, como quem não queria nada.

"Ah, vou jogar só essa, depois paro" – disse a si mesmo.

Ele venceu a rodada e ficou mais animadinho.

"Hum... hoje estou com mais sorte, vou tentar mais uma vez".

Na 3ª rodada, Nicolas nem pensava mais em parar. E venceu! Venceu todas as rodadas que disputou. Então resolveu arriscar. Apostou todo o dinheiro que tinha, dez mil reais. A adrenalina foi a mil. Jogadas tensas. Ao mesmo tempo em que sentia um frio na barriga, estava eufórico.

Subir no ranking significaria que teria mais prestígio, fama e dinheiro e ele estava obcecado com isso. Se ele ganhasse passaria a ser mais respeitado. Ele provaria que era mais inteligente e que sabia manipular seus adversários e blefar melhor.

Porém a sorte nesse jogo pode mudar de uma hora para outra, principalmente se, no caso dele, não estivesse dentro do esquema da máfia. Nicolas tinha certeza de que aquela mão ele levaria. E desta vez ganhou, com uma quadra de ases, quarenta mil reais.

Era inegável que ele estava evoluindo rápido e jogando cada vez melhor.

Já passava das 4 da manhã e ele nem tinha se dado conta. Estava feliz pois poderia entregar os 10.000 que tinha sacado e ainda teria 30.000 para investir e pagar parte da sua dívida. Ele pensou em se deitar e levantar dali a 2 horas para ir pra escola.

Nem bem dormiu, o despertador já tocou. Ele se levantou, lavou o rosto, se vestiu e foi pra aula. Colocou óculos escuros para disfarçar as olheiras, mas estava chamando mais atenção ainda.

No meio do caminho encontrou Valtinho e Bia:

— Bom dia! – disse Nicolas, com a voz arrastada.

— Bom dia não, boa noite! – disse Valtinho — Pra quê esse óculos? Nada a ver!

— É que eu... estou com conjuntivite. É por isso.

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