Aperte Play - A História Continua

Todos Na Balada

Nicolas tinha se arrumado todo. Estava pronto para sair. Deu uma olhada na mesinha de cabeceira, onde havia colocado uma foto de Julie. Seus olhos brilharam ao vê-la. Nunca tinha gostado de uma garota como Julie. Nem mesmo da Talita que era tão linda e cobiçada. De repente ele ficou com um ar de preocupação. Tinha uma coisa que ele precisava contar pra Julie. E ele não sabia se devia contar logo, com medo de que ela não o entendesse.

Nicolas saiu a caminho da casa de shows. No caminho parou e conversou com um homem que estava parado no muro. Daniel o observava de longe. Viu Nicolas entregar um pacote pra ele. Depois seguiu em frente como se nada tivesse acontecido. O homem atravessou a rua, entrou num carro e saiu.

Daniel começou a ficar desconfiado.

— Nicolas, você é um idiota mesmo. – pensou Daniel.

Julie, Bia, Valtinho, Félix e Martin foram um dos primeiros chegar no local do show. Os portões ainda nem estavam abertos. Não passou 1 minuto e Nicolas apareceu virando a esquina. De longe ele avistou os três e sorriu.

Bia disse pra Julie:

— Bom, nós temos que ir ali comprar os ingressos, não é Valtinho?

— Não... Vamos ficar aqui mesmo.

Bia olhou pra ele furiosa.

— Aproveita e compra o meu também! – disse Julie. Ela já ia pegar o dinheiro, quando Nicolas chegou e segurou sua mão.

— Não precisa, eu pago o seu. Mas é só hoje hein. Não se acostume. – e deu uma piscada de olho.

Ele entregou o dinheiro para Valtinho. Virou-se para Julie e pegou sua outra mão também. Então beijou-as.

— Nicolas, eu trouxe algo para te dar. É um presente. Queria muito que você usasse. – e deu um sorriso largo.

Nicolas abriu e não acreditou. Como Julie pôde ter comprado exatamente o mesmo perfume que ele tinha ganhado de Talita há uns meses atrás? Mesmo sem acreditar ele olhou pra Julie e a beijou novamente.

— Julie, você é incrível! Muito obrigado. Vou usar agora mesmo!

E borrifou um pouco do perfume no pescoço.

Os portões se abriram e eles entraram na casa de shows. Félix e Martin já tinham entrado bem antes e estavam lá se divertindo. Acendendo e apagando a luz do banheiro.

Félix viu as pessoas entrando, começou a ficar nervoso e logo quis ir embora.

— Você nunca vai mudar, Félix. Você nunca gosta de sair, nunca gosta de nada.

— Eu é que não vou ficar aqui.

— Pois vá sozinho. Ainda não beijei ninguém na festa, e isso nunca me aconteceu.

Félix saiu de lá e foi andando, voltando pra edícula. De repente ele parou, ficou ainda mais branco. O medo o fez ficar paralisado. Foi recuando e se escondeu atrás de uma árvore.

Demétrius estava a poucos passos dali, parecia muito estranho, com um ar diabólico.

Demétrius conversava com uma mulher loira. De costas parecia uma humana.

"Mas Demétrius nunca ficaria visível para uma humana." – Félix pensou.

Ele viu os dois se despedindo com um aperto de mãos.

Demétrius foi embora e a loira veio em direção ao local do show. Era linda, seus cabelos dourados balançavam.

Félix se lembrava dela de algum lugar... Num estalo ele se lembrou: "É a Talita! A Talita conversando com o Demétrius? Que louco!" E decidiu voltar pro show. Tinha que falar com Martim sobre esse encontro suspeitíssimo.

Enquanto isso, Daniel aguardava ansioso pela volta de Julie ao seu quarto. Acabou dormindo aos pés da cama.

Dentro do clube, todos ansiosos pelo show. Julie e Bia queriam ficar coladas no palco. Os garotos não. Eles preferiam ficar mais de longe. Então elas mudaram de ideia. Afinal, Julie tinha ido lá por causa de Nicolas.

Ela olhava de longe aquele palco com os instrumentos montados e sentiu uma saudade imensa de tocar com sua banda.

Julie falou com Nicolas: Você não pode comprar um refrigerante pra mim?

— Claro, vou lá comprar. Espere aqui.

Félix procurou Martin por todo lado, mas não o encontrou. "Ahhh vai ter que ser eu mesmo... danou...".

Nicolas chegou no balcão e pediu um guaraná e uma água. Pegou os copos e deixou no balcão para pagar. De repente sentiu uma mão segurando seu ombro. Era Talita. Ela estava estonteante. Mas ele conhecia bem seu joguinho. Falou pra ela:

— Oi Talita. Não esperava te ver aqui hoje.

— Olha Nicolas, vou interpretar isso como um elogio. Só vim até aqui pra dizer que conheço você como ninguém. Hummm que bom que você está usando o perfume que eu te dei.

— Foi a Julie que me deu. E não entendi o que você quis dizer com "te conheço muito bem"

— Aii Nicolas! Você é tão lindinho. Mas você me cansa às vezes. Será que vou ter que te explicar aqui?

— Espera aí, vou ali no caixa pagar e já volto.

Talita viu a oportunidade que queria. Sabia que o Nicolas não tomava guaraná. Só podia ser o copo daquela insossa da Julie. Abriu sua bolsa e pegou um vidrinho. Era um sonífero que Demétrius tinha lhe dado. Eles tinham um pacto para afastar o casalzinho. Ela abriu o vidro e já ia colocar na bebida quando alguém segurou sua mão por trás e disse:

— Eu não devia estar falando com você, mas é..é melhor você não fazer isso. E pegou o vidro.

Ela virou pra trás e deu de cara com um rapaz muito estranho, nunca o tinha o visto na vida.

— Ei! Você quer fazer o favor de me devolver isso seu esquisito! Olha só pra você. Está tão pálido, ta parecendo um fantasma. Vai pegar um sol!

— Não, eu não vou te devolver nada. E..e.. tem mais, não se meta com a Julie. – ele disse gaguejando um pouco.

Félix saiu correndo e passou no meio das pessoas, mas tendo o cuidado de não encostar em ninguém. Talita foi atrás dele, com muito ódio. Félix então ficou invisível e saiu de lá. Ficou pensando... "Ai meu Deus essa loira é perigosa, queria envenenar a Julie! Tenho que contar pra ela!"

Talita ficou ainda mais irritada. "Como aquele cara apareceu do nada e sumiu sem deixar pista? Sem falar que era amigo da Julie! Se é assim, a guerra estava apenas começando." – ela pensou.

O show foi o máximo. Eles cantaram todas as músicas. Na saída, eles chamaram um táxi e Julie foi a primeira a ficar em casa.

Ela tocou a campainha, seu pai abriu a porta.

— Com quem você veio minha filha?

— Ah, vim de táxi com a Bia.

Julie foi direto pro seu quarto. Acendeu a luz e foi para o banheiro. Tomou um banho rápido e se arrumou para dormir. Quando ia se deitar, viu o anel que tinha ganhado de Daniel sobre seu travesseiro. "Achei que tivesse guardado na gaveta antes de sair.". Ficou olhando pro anel e resolveu experimentá-lo. "É lindo!" pensou. Depois daquele dia longo ela só queria uma coisa: dormir. Apagou a luz e se deitou.

Aos pés da cama Daniel dormia profundamente.