Uma Surpresa Intrigante

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No dia seguinte, assim que o pai de Julie saiu de casa, Daniel bateu na porta do quarto dela e atravessou metade do corpo:

— Posso entrar?

Julie abriu os olhos e não acreditou que era Daniel, mais uma vez, invadindo seu quarto àquela hora.

— Eu odeio quando você faz isso. Me acorda e ainda por cima entra sem bater!

— Mas eu bati. –e já foi entrando.

— Olha Daniel, se for pra falar do Ni...

— Psiu... não fale. Eu só vim aqui pra te dar esse presente.  Enfiou a mão no bolso e tirou um anel de lua e estrela. Era de prata e ouro branco. — Esse anel eu ganhei de uma amiga na época em que eu ainda estava vivo – estendeu a mão pra ela.   — Ela me disse que daria sorte no amor.

— E deu? – ela perguntou, achando muito estranho o fato dele desejar sorte no amor pra ela e seu arqui-inimigo.

— Eu não cheguei a usar. Foi um pouco antes do acidente. Julie, eu tenho que te falar uma coisa...

(Julie achou que ele ia dizer que gostava dela)

— Julie, eu só quero te dizer que preciso ficar sozinho por um tempo, não me procure. Depois eu volto para continuarmos com a banda.

(Julie ficou um pouco decepcionada.)

— Eu te entendo Daniel.

Mas Daniel não lhe contou um importante detalhe sobre o anel. 

— Estou indo, tchau. E desapareceu.

Julie decidiu não usá-lo, com medo que Nicolas brigasse com ela.  

Daniel ficou invisível para Julie, mas não se afastou dela. Ele não queria, não seria capaz. Resolveu que iria observar todos os passos de seu rival.

..............

Na edícula, Martin e Félix conversavam animados sobre seus dias de escola. Lembraram como criaram a banda, como conheceram Daniel.

— Você lembra, Félix, do dia que o Daniel chegou na escola?

— Claro que lembro! Naquela época o Daniel era totalmente punk. Andava todo rasgado, cheio de correntes, pulseiras e anéis. E o cabelo? Nossa, verde!

— Ha, ha, ha ... isso ele teve que tirar né, mas o resto.

— E pra entrar na escola ele vestia o uniforme por cima da roupa pichada.

— Que figura ele, hein!

— Ele só mudou depois que conheceu a Clarisse.

— Ih nem fale nisso! Ele não admite, mas era louco por ela.

— Isso é verdade! Por onde será que ela anda?

— Olha, eu ouvi dizer que ela estava lá no setor de reabilitação espectral.

— Eu nem sabia que ela tinha morrido. – comentou Félix um pouco temeroso.

— Sim... dizem que ela morreu de overdose.

— E o Daniel sabe disso?

— Acho que não. Vai saber, né!

Nisso Daniel aparece na edícula.

— Eu não estava a fim de vir, mas preciso que vocês façam exatamente o que eu mandar.

— Por onde você andou? Não é nada contra o Nicolas não, é?

— Nicolas? Quem é Nicolas? O negócio é o seguinte: se a Julie perguntar por mim vocês digam que a última vez que me viram eu estava indo pra loja de instrumentos.

— Sei... mas o quê é que você está indo fazer?

Daniel deu um sorriso que eles conheciam bem. Depois saiu.

— Ih... não gostei nada da cara dele.

— O quê será que o Daniel está planejando agora?

...............

Ele saiu direto pra casa de Nicolas. Entrou no quarto dele, que tinha saído. Começou a vasculhar o quarto em busca de algo comprometedor. Não estava preocupado com a polícia espectral, já que Demétrius não lhe causaria mais problemas. Olhou para a mesinha, viu uma foto de Julie num porta-retratos. Ele pegou o porta-retratos e já ia jogá-lo no chão quando uma coisa lhe chamou a atenção. Numa gaveta da mesinha, que estava semi-aberta, viu um pacote. Colocou o porta-retratos de volta na mesinha e pegou o pacote. Lá dentro tinha um maço de notas de todo valor. Umas novas, umas gastas. Isso o deixou intrigado. De repente, ouviu o barulho de alguém subindo as escadas. Daniel pôs o pacote de volta no lugar e fechou a gaveta.

Nicolas entrou no quarto, tirou outro pacote ainda maior da mochila e dessa vez, guardou no armário. Então se virou e ficou frente-a-frente com Daniel. Mas ele não sabia disso.

"Eu poderia acabar com você agora" – disse Daniel, morto de ciúme. Mas antes que pudesse pôr tudo a perder, desapareceu.

Julie estava tentando compor uma nova música. Uma música que falasse sobre correr atrás dos sonhos. Mas seus pensamentos não estavam ali. Ela fechava os olhos e se lembrava daquele beijo. Como ela tinha sonhado com isso! E então tudo aconteceu. Ela estava sorrindo sem perceber, quando o telefone tocou.

— Alô! Nicolas?

— Oi Julie... estava pensando em você.

— Eu também... (e sorriu muito feliz)

— Julie, eu queria te ver de novo. Claro, se você quiser e...

Julie interrompeu:

— Claro que eu quero. É o que eu mais quero.

— Então, eu te ligo amanhã para combinarmos a hora. Eu estava pensando em irmos no show do NX Zero. Você fala tanto neles.

— Nossa! Vai ser demais! Eu espero você me ligar amanhã. Um beijo.

— Outro.

Julie suspirou de tanta felicidade. Se jogou na cama e começou a imaginar como seria sair com o Nicolas pela primeira vez, de mãos dadas... e acabou adormecendo.

Enquanto isso, no mundo espectral Demétrius estava encurralado, pensando em como poderia se vingar daqueles três desaforados. Àquela hora deviam estar tocando e se divertindo. "Daqui a pouco vão até se arriscar a namorarem uma viva." – e se lembrou de Julie. "Eu gostaria muito de assustar um pouquinho aquela garota sonsa que o Daniel gostava." – mas estava de pés e mãos atados. "A não ser que..." – lhe ocorreu uma ideia.

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