Reencontros e Descobertas

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Daniel aproveitou que precisava sair para espairecer e resolveu ir ao mundo espectral. Quem sabe, visitar Clarisse. Nem sabia se queria mesmo ir lá, mas na falta de uma ideia melhor, decidiu aproveitar pra descobrir alguma coisa sobre Demétrius. Porém Daniel nem imaginava quanta emoção viveria ali.

Ao chegar lá, foi até o setor de reabilitação. Na entrada disse que estava procurando uma amiga.

- Ela se chama Clarisse, está aqui por causa de uma overdose.

O porteiro falou pra ele:

- Assim fica muito vago. Como ela é?

E Daniel teve que forçar a lembrança e veio aquela imagem na sua mente:

- Ela é linda! Quero dizer, ela é alta. Tem um cabelo liso ruivo, bem comprido. E tem uns olhos muito verdes.

- Ahhh eu já sei de quem você está falando. Ela está aqui faz bastante tempo e até hoje nenhuma melhora. Ela fica vagando aí pelos jardins. Se der sorte ela vai falar que você é o Daniel.

- Ela está com amnésia? É isso?

- A única coisa que ela fala é sobre um tal de Daniel. Deve ter sido algum namorado que morreu antes dela. Já vi muitos casos assim. Quando um morre o outro enlouquece e vem parar aqui.

Daniel ouviu aquilo e se sentiu ligeiramente culpado.

Foi em direção ao jardim. Tinha muitas árvores, flores, um lago pequeno, com peixinhos coloridos. Havia muitas pessoas ali nesse jardim. Os mais agressivos e os loucos ficavam presos numa ala separada. Ao lado havia outra área onde as pessoas já reabilitadas esperavam para terem alta.

Daniel avançou pelo jardim. Entre os internos, muitos conversavam sozinhos; uns só tinham movimentos repetitivos enquanto outros gesticulavam e falavam coisas incompreensíveis.

"Se a gente imaginasse isso aqui antes... de que adianta um lugar bonito assim, quando se vive no labirinto da loucura?".

Olhava na direção de uma roseira e percebeu que havia uma uma moça de feições delicadas, quase transparente de tão branca. Ela parecia estar conversando com alguém. Chegou mais perto e viu que ela estava sozinha e que saiu dançando no meio do gramado, girando até ficar tonta e cair deitada. Ela continuou rindo alto.

- hahahahaha! Daniel, pare com isso! - ela delirava. - Não aguento mais ficar girando com você! Me dá aí um gole desse troço.

Daniel arregalou os olhos.

"Que cena triste. Deve ter usado droga muito pesada mesmo pra ficar nesse estado por tantos anos."

Quando ele ia se virar, esbarrou no arbusto e chamou a atenção da moça.

Ela deu um pulo do chão. Esfregou os olhos e parecia estar meio tonta.

- Daniel! É você, Daniel?

Ele tentou sair despercebido, mas a moça deu a volta no arbusto e o olhou de cima embaixo.

- Daniel, meu amor! Você está aqui! Você veio me buscar!

Ela começou a chorar, o abraçando apertado.

- Oi Clarisse! Você se lembrou de mim. - ele disse emocionado.

- Eu nunca te esqueci, meu amor.

Ela continuou delirando.

- Lembra quando a gente se casou? A festa foi aqui, lembra? Ah... eu queria estar lá quando tudo aconteceu. Seu casamento foi bonito? Eu não me lembro de você com essa roupa. A gente não se casou com você desse jeito. Por onde você andou hein? Saiu ontem daqui sem falar nada...

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