Wonderwall

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- Vai tomar no cu!

Ignorando o fato de estarem no balcão da lanchonete da confeitaria onde Niall trabalhava, com o mesmo vestido a caráter, Louis não teve papas na língua na hora de xingar o amigo.

- Não você só pode estar de sacanagem com a minha cara, né? - questionou indignado.

O mais velho tinha acabado de deixar a filha na escola e, como combinado na noite de domingo, passou no trabalho de Niall para saber o que ele tinha de tão urgente para lhe falar. Pois preferia não ter sabido de nada.

- Lou, fala baixo! Pelo amor de Deus. - Niall suplicou e olhando ao redor ele sorria para quem estivesse observando e estranhando aquilo. Ele dava breves sorrisos como quem diz que está tudo sob controle.

- Falar baixo o caralho! - Louis deu de ombros - Não tivesse me chamado pra conversar sobre isso no seu horário de trabalho, ô porra! Pensou o que? Que eu ia achar bonitinho que você voltou pro cara que te deixou todo borocoxô no dia do casamento do seu melhor amigo, que te deu um perdido depois que vocês se beijaram e ainda te confessa que namorou bandido e é viciado em medicação controlada? Porra, meu irmão! O cara te seu dois perdidos! Se situa!

A essa altura do campeonato, Niall já tinha dado a volta no balcão e puxado Louis pelo braço até a saída da lanchonete. Estava um frio cortante lá fora, mas era melhor do que obrigar as pessoas a ouvirem quantos palavrões o senhor Tomlinson-Styles é capaz de proferir por segundo quando está revoltado. Louis não mostrou resistência, mas continuou falando até depois de estarem do lado de fora, enquanto Niall pedia desculpas a todos com toda paciência do mundo.

- Olha, se você tivesse lido aquela carta, entenderia.

- Niall, eu lido com viciados o dia inteiro! Trabalho nessa porra há anos! A desgraça alheia é literalmente o meu emprego. Mas qual é, né? Porra!  Por que ele não falou isso antes? Alias como é que você não desconfiou de nada? Até a Curly mencionou que sentia uns cheiros estranhos do apartamento dele e você nem isso notou?

- Isso não diz nada. Algumas pessoas só usam por diversão.

- Ahhh teu cu!

Louis era extremamente intolerante às drogas e qualquer uso delas, seja recreativo ou não. Anos de estudos com enfermagem, trabalhando por quase uma década com dependentes químicos, além da experiência devastadora que presenciou quando a mãe biológica de Curly era paciente na clinica onde ele trabalhava, fizeram Louis rechaçar absolutamente a ideia de alguém se render ao uso de drogas.  Ele era capaz de compreender as razões que levavam uma pessoa a usa-las, afinal experimentou algumas quando jovem e até uns anos atrás fora fumante, mas em hipótese alguma apoiaria ou teria uma reação pacifica diante de um viciado ou meramente usuário.

Niall entendia a revolta do amigo, mas era como se ele estivesse do lado da família querendo salvar o ente querido. E, além disso, ele sempre fora mais tolerante.

- Lou, por favor. Você é o único que pode me ajudar. Eu não posso te contar tudo o que li naquela carta em detalhes. Tem coisas muito pessoais ali, mas eu te garanto que o Zayn não é má pessoa.

- Niall você tá arrumando sarna pra se coçar, me escuta.

- Você quer que eu deixe ele sucumbir ao vicio? - questionou com assombrosa paciência - Eu pensei que profissionais de saúde devessem ajudar as pessoas incondicionalmente.

- Não vem jogar meu juramento na minha cara, não! Me respeita! - Louis cortou quase rindo. Ele não conseguia ficar sério perto de Niall por muito tempo. Ninguém conseguia. - Não é disso que eu tô falando! Eu não tô puto por causa disso. Tô puto porque você voltou pra ele!

Guy Next DoorOnde histórias criam vida. Descubra agora