Tonight (We Live Forever)

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"Você poderia ser minha sanidanide, traga-me paz, cante para eu dormir." Nightingale - Demi Lovato

Dezembro era, sem sombra de dúvidas, a época mais caótica na confeitaria, ganhando de todos os recessos escolares e o mês das noivas. Nem bem havia passado o Halloween e os primeiros flocos de neve caíram para que a cidade fosse gradativamente decorada com as cores do natal e não foi diferente com a confeitaria onde o jovem irlandês trabalhava.

O espírito natalino estava por toda parte; nas ruas, nos parques, nas escolas, nos shoppings, nas lojas de rua; até no seu prédio tinham decorações na portaria e nos corredores de cada andar; algo que gerou muita discussão na reunião de condomínio dos que eram contra e os a favor de gastar algumas libras naquilo. E todo bendito ano era a mesma odisseia para no final chegarem a mesma conclusão.

Não foi a época preferida de Niall por muito tempo até que ele e seus amigos encontraram um jeito muito particular de comemorar a chegada do bom velhinho ou do menino Jesus, que seja.

Quando criança o natal tinha algum significado por causa dos presentes, da boa comida e da farra que ele fazia com os primos. Na adolescência significava casa cheia de parentes as quais ele era obrigado a interagir e ser gentil enquanto eles davam palpites em sua vida e faziam cruéis comparações ao seu irmão, ganhar alguns presentes mais decepcionantes do que bons e primos tão entediados quanto ele. A comida era legal, mas esperar a cantoria organizada por seus avós e tio-avós extremamente católicos e todo um cerimonial para enfim comer era péssimo.

Agora, como homem adulto que era, o natal significava trabalho, trabalho, mais trabalho e festa à noite organizada por ele e seus amigos não casados.

Como acontecia em todos os anos naquele mês, Curly se mudou para a casa do padrinho Ed. Com o volume de encomendas e compras na loja da confeitaria mais do que triplicando naquela época, Niall trabalharia mais de doze horas por dia e não haveria tempo para buscar a menina na escola, tampouco passar o restante da tarde com ela. Ed e Emma poderiam se revezar nos cuidados com a pequena.

Outrora esta era mais uma razão para que, mesmo depois de ter se livrado dos parentes, o Natal não ser uma época que o jovem confeiteiro via com bons olhos. No fundo Niall sempre detestou ficar sozinho e ter o apartamento vazio, com apenas ele para ocupar os cômodos não era nada atraente. Ao menos não por muitos dias quando o silêncio começa a incomodar. Todo ano, quando Ed vinha buscar Curly e suas malas para passar as próximas semanas com ele, um vazio chato se acomodava em Niall, da mesma forma quando os pais da menina entravam de férias. Convencendo-se sempre de que ele tinha que aprender a administrar suas carências sem ser um peso para os outros, ele não confessou aos amigos que se sentia daquela forma, parecia constrangedor.

Não adiantaria ter um bicho de estimação, ele achava uma maldade deixar o pobrezinho trancado em um apartamento por horas e no final do dia receber um dono cansado sem condições de suprir suas carências. Além da série de responsabilidades que fazem ter um mascote quase se equiparar aos cuidados a uma criança. Gatos são melhores para o seu perfil, Ed dizia. Niall, porém, preferia cachorros.

Desta vez, esporadicamente recebendo Zayn em seu apartamento e vice versa, ele nem sentiu um vazio tão violento quando sua amada Curly Sue saiu pela porta de seu apartamento de mãos dadas com Ed e Emma que levavam seus pertences. Nem o medo de enfrentar sozinho a sua própria chatice.

Mas assim que eles se sentaram no sofá da sala depois que os outros três saíram, Niall falou:

- Eu preciso te contar uma coisa antes da gente começar a nossa... Lua de mel. - ele disse meio incerto, rindo leve de como aquela palavra soou ao sair de sua boca.

Guy Next DoorOnde histórias criam vida. Descubra agora