DOCUMENTO 010: UMA OPORTUNIDADE ÚNICA

2 0 0
                                    

Supervisor? Perguntou Zendrah.

Sentados no meu apartamento, eu e Hen levamos um susto com aquele grito da garota.

- Isso. – Confirmei, não muito empolgado.

- Mas é incrível! – Disse Zendrah, me dando um beijo, quase descolando minha boca.

- Mas por que não me contou? Assim que soube vim correndo para cá.

- Porque não estava à vontade.

- Não estava à vontade? Você é o Harashi mais preparado que temos. – Ela continuou com aqueles elogios, descontroladamente animada. – Você sabe quantos Discípulos tiveram a mesma oportunidade que você?

- Não sei se estou pronto para isso. – Disse-lhe, não me sentindo confortável com aquela promoção. Era muita responsabilidade para um garoto como eu, embora os cientistas do Atlas me considerassem como um expert no assunto.

- E por que não estaria? – Perguntou.

- Você tem ideia no trabalho que estou envolvido?

- Sim, na criação de energia a partir da antimatéria. – Disse Zendrah, sem entender onde queria chegar.

- É muito mais do que isso. A partir de agora vou trabalhar no maior laboratório de Yuransha, supervisionando as operações do maior acelerador de partículas desse mundo.

- E onde se encontra esse acelerador? – Eu pedi para ela esperar. Fui correndo até o meu quarto e de lá trouxe um globo colorido.

- O que é isso? – Perguntou Hen, curioso.

- É um modelo em escala de Yuransha, contendo todos os seus países.

- E é com isso que vai nos mostrar o acelerador?

- Exatamente. Como já sabem, o acelerador de partículas é uma máquina em forma de círculo, construído embaixo da terra e instalado em imensos túneis. Dentro desses tubos, partículas atômicas são aceleradas à velocidade próxima a da luz, e assim é criada a antimatéria. Este túnel passa exatamente abaixo da sede dos laboratórios do Atlas, localizado na longitude de grau 105, onde se encontra a cidade de Roswell. Esse meridiano passa pelo México, Estados Unidos e Canadá, continuando sua trajetória pela longitude de grau 75, que passa por países como a Rússia, China e Índia. Por isso o acelerador forma um grande círculo traçado ao redor do planeta. – Expliquei, passando o dedo em cima das linhas dos meridianos do globo.

- Roswell? Você está falando da cidade dos Estados Unidos? – Ela perguntou, surpresa.

- Exatamente. – Respondi, enquanto Hen olhava para mim confuso.

- Que lugar é esse? – Perguntou.

- Essa é a região onde no ano-padrão de Yuransha de 1947, alguns caças da Força Aérea Americana derrubaram um módulo de exploração da Ordem no deserto, matando os quatro Sacerdotes que o pilotavam. Esse episódio ficou conhecido como "O Caso Roswell" e foi o início de uma longa história que culminou em nosso contato definitivo. Na realidade, desde a Segunda Grande Guerra nossos ancestrais passaram a intervir cada vez mais no planeta para evitar que suas nações o destruíssem pelas constantes guerras que provocavam.

- E também para evitar que os planos da Sociedade do Sol Negro fossem executados. – Disse Zendrah. Assenti com minha cabeça, concordando.

- A única coisa que eu não entendo é esse interesse da Sol Negro em sabotar o Ponto Ômega. – Hen questionou.

- Um planeta sem energia é um planeta sem defesa. – Zendrah argumentou.

- Como? – Perguntei, sem compreender.

- Imagine, uma nova invasão e nenhum governo podendo defender seus territórios. Cortes na distribuição de energia, nas comunicações, em qualquer aparelho no planeta. A única salvação de Yuransha seria a proteção da Ordem. Por isso entendo a preocupação de Ashbar em deslocar nossos melhores Sacerdotes para cá.

- Não temos uma invasão em Yuransha há centenas de ciclos. A última tentativa culminou no nosso contato definitivo com este mundo.

- Mas ainda assim pagamos um preço alto por conta da nossa falta de visão em momentos como este.

- Você acha que aquilo foi falta de visão da Ordem? E o que podemos falar disso agora? A única invasão que estou enxergando é a das Mentes de nossos Mestres e de um mundo inteiro que ainda teme seus fantasmas do passado. Não existem mais Zahranianos, não existe mais Nazismo, não existe mais Sol Negro!

- Então você deveria dizer isso lá em Nemashi.

- E por que acha que ainda não fui? Tenho uma missão a cumprir aqui em Yuransha. Agora sou Supervisor do Ponto Ômega. Mas pela primeira vez na minha vida desejei ser um Embaixador. – Zendrah me abraçou, enquanto Hen não dizia uma palavra.

- Mas nessa situação o que poderemos fazer? – Ela me perguntou.

- Você ouviu Manohal. Só nos resta ter paciência. – Respondi, contrariado.


O Crepúsculo de NavadohOnde histórias criam vida. Descubra agora