Ao aterrissarmos em Granda Dubajo, nossa comitiva foi recepcionada por um alto homem que trajava um longo casaco branco.
No seu peito, duas conhecidas insígnias se destacavam bordadas nele. De um lado, três círculos concêntricos azuis, o símbolo de Yuransha, do lado oposto, um globo ladeado de ramos de oliveira. Aquelas marcas identificavam de longe o funcionário da Organização das Nações Unidas, a instituição que administrava a Aliança, a união política das nações de Yuransha, espelhada na Constelação do Sistema de Ashunyah.
Idealizada para facilitar a cooperação entre países, a ONU passou a ser o órgão pelo qual a Ordem Harashi se utilizou para administrar Yuransha a nível internacional, bem como fiscalizar cada zona planetária e seus respectivos países.
Pela primeira vez em toda a sua história, a ONU passou a ter um papel central e concreto na política mundial.
Antes localizada na cidade Novjorko – antiga cidade de Nova York –, a sede das Nações Unidas havia sido destruída durante um grande conflito que ocorreu séculos atrás, durante nossa derradeira missão de contato com Yuransha. Com a restauração política do planeta, sua nova sede passou a operar em Dubai, uma das cidades que mais prosperou nessa nova era do pequeno orbe. Já o grande edifício em Nova York foi reconstruído para abrigar a sede administrativa da Zona Três, que abarcava os países das Américas do Norte e Central.
Entrando em um dos veículos oficiais do órgão, eu e meus companheiros de Ordem rumamos para as Nações Unidas. Aquele veículo hiperboloide arrancou com seu potente motor, sobrevoando as longas e largas avenidas de Granda Dubajo. Quase no horizonte, avistamos nosso destino, uma grande ilha no meio do mar, formada por três semicírculos abertos para o norte, e em seu centro, uma grande ilha, perfeitamente circular. Aquele era o complexo administrativo das Nações Unidas, onde nos três semicírculos se encontravam os prédios das Agências e Ministérios da ONU e seus respectivos escritórios. Já na grande ilha, se encontravam os escritórios dos países que compunham a instituição, bem como o salão da Assembleia Geral, o nosso destino. Seu edifício se encontrava ao centro da ilha, erguido como uma imensa cúpula dourada, que refletia o intenso sol que fazia naquele dia.
Pousando em uma plataforma situada no longo jardim que circundava a cúpula, logo descemos do módulo, adentrando no prédio central do complexo. Aqueles longos corredores nos levariam diretamente ao pleno da Assembleia, onde nossos Embaixadores de outras Zonas de Yuransha esperavam por nós.
Caminhamos todos em silêncio. A Sessão já estava próxima de começar, e o pai de Hen, juntamente com o Embaixador do Brasil abririam os trabalhos, como mandava a tradição desde o ano de 1947, quando o brasileiro Osvaldo Aranha foi o primeiro diplomata a discursar na Segunda Sessão Especial da Assembleia Geral.
Ao adentrarmos circunferência que formava a sala do pleno, nós fomos recebidos por uma mulher que vestia um terno com os paramentos oficiais dos funcionários da ONU. Direcionando nossa comitiva para uma das mesas que ali existiam, o Embaixador do Brasil logo se dirigiu ao púlpito, onde se encontravam os governadores locais, trajando suas tradicionais vestes e destacados turbantes. O pluralismo cultural estava ali presente, inclusive do ponto de vista religioso. Representantes de quase todas as religiões do mundo se encontravam na seção destinada a eles. Pastores e padres de suas várias denominações cristãs, rabinos judeus, imãs muçulmanos, monges budistas, líderes Hare Krishnas, Bahá'ís, Sikhs, e até pajés e xamãs de tribos indígenas e africanas se encontravam reunidos em um amigável clima de cordialidade.
Aquela imagem me fez voltar no tempo, às épocas em que guerras por motivos econômicos e religiosos explodiam em Yuransha, elevando o nome de Deus a uma mera bandeira política. Mas agora os tempos eram outros, e os conflitos haviam se restringido a pequenas insurreições de grupos rebeldes sem expressão. A paz definitivamente havia reinado em Yuransha. Pelo menos assim se acreditava.
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O Crepúsculo de Navadoh
Ciencia FicciónNo ano de 2020, a lendária Ordem Harashi estabeleceu definitivamente sua Embaixada em Yuransha - nome pelo qual o planeta Terra é conhecido no Cosmos -, dando início a uma gloriosa Era de desenvolvimento das sociedades, iluminação dos povos, e, sobr...