Os agentes do BSS - Livro V "A Armadilha"

Capítulo 8

Boss estacionou seu Maserati conversível de frente com a moderna construção do  Forte que o governo mantinha para o treinamento de agentes regenerados. Um local seguro, moderno e estruturado que tinha se tornado simplesmente "A Toca" no vocabulário dos caras rústicos que moravam ali. Era o lar deles e a única coisa que os unia.

Sorrindo para si mesmo, Boss se lembrou de quando escolheu aqueles quatro homens para formar seu bando particular. Seus superiores quase infartaram. Eram detentos de crimes inteligentes, se é que poderia acrescentar uma nova nomenclatura ao ato de violar uma lei.

Os rapazes não se conheciam quando assinaram o contrato de prestação de serviços por permuta com o governo. Tiveram suas identidades alteradas, seu passado apagado. seus destinos modificados e passaram a ser apenas os SKULLS. Não havia nome de verdade, nem sobrenomes, nem famílias para retornar. Apenas um apelido os faziam cidadãos desse novo mundo criado só para eles.

Moicano podia derrubar qualquer programa de segurança, abrir qualquer trava elétrica, violar qualquer conta bancária com o dedilhar de algumas teclas. Era um hacker genial, de inteligência incomparável e que deu muito trabalho para ser pego. Se não tivesse pedido ajuda ao comandante do BSS que acionou seu agente perito em tecnologia, eles talvez nunca teriam colocado as mãos no homem.

Polar era mais braçal. Abria qualquer porta com um simples remexer aqui e ali. Um clique rápido e certeiro e a trava de qualquer lugar se soltava com facilidade. De maçanetas de carros à portas de segurança de cofres bancários, o cara podia entrar no lugar que quisesse.

Carioca era brasileiro imigrante, com gingado, lábia e o poder de se transformar em qualquer personagem convincente de que a coisa mais errado do mundo, era a coisa certa a se fazer. Jogador nato, podia fazer uma complexa conta matemática em segundos e montar situações estratégicas que lhe favorecessem em uma velocidade impressionante.

Bull era força bruta. O homem era capaz de parar um touro com as mãos. Arrastar um trator com apenas um punho e arrebentar a cabeça de um homem em uma pancada só.

Eles juntos tinham formado uma equipe fodidamente brilhante. Foram incansavelmente treinados para entrar onde as mãos do governo não alcançavam, de uma forma clandestina. Eram diferentes dos outros departamentos como o FBI, CIA e BSS que lidavam com os peixes grandes de uma maneira mais peculiar.

FBI era invasão, rastreamento e encarceramento. CIA era investigação internacional e BSS era fazer o impossível com os casos de projeção mundial não resolvidos. Agora os SKULLS não, eles entravam no olho do furacão e faziam parte do sistema porque conheciam, pela vivência, o mundo obscuro dos negócios ilícitos. Eles trabalhavam com a fonte de conhecimento, colhiam as informações, mapeavam as estatísticas e chegavam ao culpado com evidências incontestáveis.

O trabalho dele, o Boss, era entregar o serviço feito aos agentes federais do FBI que cuidavam da acusação formal e consequentemente da prisão dos envolvidos. Havia uma curiosidade mútua dentro do departamento para saber como ele chegava ao caso resolvido, mas ele era respaldado pelos superiores para manter seus meninos na surdina.

De fato, eram todos departamentos à serviço do governo, com a exceção de que nenhum deles, nem mesmo o tão famoso BSS sabiam da existência dos SKULLS. Não era necessário a exposição. Por serem regenerados, eles tinham que ser mantidos em segredo para que o trabalho de infiltração que praticavam não fosse revelado ou comprometido e a coisa estava funcionando muito bem assim.

O chefão entrou sem bater. O local estava estritamente limpo. Moicano tinha mania de limpeza e colocava todo mundo para colaborar com a casa. Desde o início, quando escolheu os homens para formar o bando, ele sabia que Moicano lideraria o grupo. O homem era sisudo, autoritário e um líder nato. Mesmo sem ter sido eleito, ele tomou conta do lugar e foi naturalmente que os outros seguiram seus passos.