Capítulo 31

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O táxi deixou Justine de frente com a casa do seu pai e ela respirou fundo. Estava um pouco nervosa e preferia que Jay estivesse ali para apoiá-la. Saiu para almoçar e apenas mandou um SMS avisando que não voltaria e o motivo de sua ausência. Ele respondeu com um ok simples e básico.

Anos tinham se passado desde que esteve ali pela última vez e nada parecia ter mudado muito. Ela tocou a campainha e esperou.

Uma moça de aproximadamente trinta anos atendeu a porta.

-Sim?

-Sou Justine Ray e vim visitar o doutor Charles Ray.

Os olhos arregalados  da empregada mostrou a Justine que ela sabia quem ela era mesmo que nunca tivessem se visto pessoalmente. Abrindo a porta para deixá-la entrar, a moça foi profissionalmente simpática.

-Vou avisar a senhora Ray de que está aqui. Um minuto por favor.

Enquanto esperava, Justine olhou a sua volta. A casa estava absolutamente da mesma maneira que um dia tinha sido. Nenhum sentimento de saudade ou arrependimento por ter partido se instalou em seu coração. Suas lembranças eram de uma adolescência solitária e infeliz.

Os passos pelo corredor deixaram Justine apreensiva. A imagem da sua mãe com expressão absolutamente pasma apareceu. Elas se encararam por segundos inteiros e então a mãe de Justine se apressou em direção a ela e a abraçou forte.

-Tini. É você... Max te achou.

Um pouco desconfortável pela abordagem tão amorosa, a SKULL retribuiu o abraço um pouco sem jeito.

-Como vai mãe?

-Melhor agora, muito melhor agora. - Pegando a filha pela mão. - Venha, sente-se aqui e me conte tudo...por onde andou esse tempo todo? Quantos anos foram? Cinco? Seis?

-Oito anos mãe. Foram oito anos.

-Senti tantas saudades Tini.

Aquilo era um circo ou o quê? Justine olhou profundamente pra sua mãe e não resistiu a ironia.

-Sério?

Sem palavras, a senhora Ray ficou em silêncio e sua filha decidiu tomar as rédeas da situação.

-Max me disse que meu pai está doente e queria me ver. Honestamente mãe? Não entendo porque agora, depois de tantos anos sem dar a mínima, mas enfim - ela abriu as mãos mostrando a si mesma. - Estou aqui.

Concordando com a cabeça, a mãe de Justine se levantou.

-Ele está debilitado. Está sofrendo de distrofia muscular. Sente muita fraqueza. Passa a maior parte do dia na cama e não tem disposição para se alimentar.

-Se ele não estiver bem o suficiente para me receber, posso voltar um outro dia.

-De jeito nenhum...não, não... ele tem falado muito de você ultimamente.

Fazendo sinal para que Justine a seguisse, a senhora Ray começou a caminhar e então parou.

-Sei que não tenho o direito de te pedir nada, mas mesmo assim, por favor seja gentil com ele.

-Claro.

Elas seguiram para onde sempre tinha sido o quarto do seu pai e esperou do lado de fora sua mãe anunciar sua visita. Quando a porta se abriu ela sentia o coração martelar freneticamente. Não sabia o que esperar e tinha a respiração alterada.

Assim que entrou e olhou para o homem na cama, Justine teve que se esforçar para não mostrar o quanto ficou surpresa. Seu pai não era mais que um fiapo no meio daquela cama enorme. Que ironia para um médico ficar acamado daquela maneira. Sua magreza era assustadora.

Os agentes do BSS - Livro V "A Armadilha"Onde histórias criam vida. Descubra agora