Prólogo

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Prólogo

     Meu drama começou quando eu tinha 13 anos! Só que ate então eu não sabia o que era um drama de fato! Eu estava chegando do colégio eram umas seis da noite, quando vi um caminhão de mudança na frente do meu prédio, ate que enfim teremos vizinhos novos, o apartamento ao lado dos meus pais, estava desocupado a mais de um ano, desde que a minha vizinha se formou na faculdade e por sorte (muita sorte, diga-se de passagem) começou a trabalhar em um escritório em um bairro distante do nosso, então os pais dela decidiram vender o antigo apartamento e compraram um novo, praticamente na rua do trabalho dela, eu acho que eles ficaram tão felizes por ela ter finalmente terminado a faculdade, e também aliviados (ela gostava muito de festa) que acabaram fazendo a vontade dela, ou será que foi pra que ela não tivesse a desculpa de chegar atrasada no trabalho por causa do transito? Vai saber né?

     Desci do transporte escolar dei boa noite ao porteiro, e fui para o elevador. Estava tudo muito movimentado por causa da tal mudança. Quando estava chegando perto do elevador, as portas do mesmo estavam se fechando, eu gritei para que alguém segurasse o elevador para mim, já sem esperança e correndo feito uma louca, e com a mochila pesando no meu ombro. Por sorte alguém me ouviu e segurou o elevador, entrei esbaforida quase com a língua para fora, quando me recuperei e fui agradecer a pessoa que me "salvou" foi que olhei de fato, e quase tive um treco, dentro do elevador estava o menino mais lindo que eu já tinha visto na minha vida, ele era alto, forte mais sem exageros, moreno, cabelo preto e liso os olhos num Tom de castanho mais que de acordo com a luz ficava mais claro ou escuro, ele era lindo!

_ Você está bem? - ele disse...

_Estou, por quê? - ele só balançou a cabeça como quem se desculpa. E nessa hora eu me olhei no reflexo do elevador, e quase chorei de desespero eu ali na frente de um gato como aquele, e parecendo a gata borralheira da historia da Cinderela, meu uniforme todo amassado, meu cabelo estava mais armado que um soldado indo pra guerra no Iraque toda suja de tinta guache, eu tinha tido aula de pintura naquela tarde. Comecei passar a mão no cabelo numa tentativa desesperada de arruma-lo, como se fosse possível.

_ Vai ficar em que andar mesmo? - ele ficou me olhando com uma como se estivesse se segurando pra não rir, e só ai, eu percebi que estava olhando para ele, encarando melhor dizendo, fiquei sem graça e disse.

_ 10°, por favor.

_Legal, eu também vou para lá - ele disse e abriu um sorriso com dentes brancos e tão perfeitos, que me fez lembrar que tinha dentista marcado na segunda de manhã, estremeci só de lembrar a agonia que dava toda vez que apertava meu aparelho.

_Você é o novo morador do 815? Que massa ate que enfim alguém vai se mudar pra lá, aquele andar estava um deserto, eu já estava achando que a Marcela tinha feito algum tipo de vodu naquele apartamento, porque tem mais de um ano que ninguém mora lá, e é um bom apartamento sabe, eu já entrei lá e achei muito legal, mas ninguém vinha nem se quer olhar, às vezes escutava alguém limpando, acho que era da imobiliária na tentativa de alugar ou vender. - ele riu e ficou me olhando com uma expressão divertida, e eu pensei que merda eu tenho na cabeça, porque fui falar essas coisas agora no mínimo ele acha que sou uma retardada. Saímos do elevador e um menino com mais ou menos minha idade veio ao nosso encontro e disse:

_ Ainda bem que você chegou Cadu eu estava morrendo de fome e aqui não tem nem água para beber, não vejo a hora de fazer 18 anos e poder dirigir, só pra não ter que depender mais de você pra nada. - Só então percebi a sacola do pits-burg que ele trazia.

_ Vou buscar uma garrafa de água pra vocês - eu disse, nem sei como as palavras saíram da minha boca, eles ficaram me olhando e ai o bonitão falou.

_ Obrigado é muito gentil da sua parte, não é Tony? Aproposito eu me chamo Carlos Eduardo mais pode me chamar de Cadu, e esse é meu irmão Marco Antônio, mas pode chama-lo de insuportável Tony.

_ Fale por você seu idiota, pode me chama pelo meu nome, o apelido é só para os íntimos. - Disse o insuportável Tony. E foi assim que os conheci, Cadu sempre foi gentil e educado mais sempre me tratou como se eu fosse um bebe, já Tony... Bom Tony sempre foi uma incógnita, sempre misterioso às vezes eu achava que ele me considerava uma amiga, às vezes achava que ele me odiava, mas enfim... Estudamos na mesma escola, e acabei descobrindo que os pais deles se separaram, e eles estavam indo morar com a mãe, uma senhora muito bonita, descobri de onde os filhos tinham herdado tanta beleza, o pai deles era um senhor bonitão também, mas sua cara de antipático o deixava mais feio. Nunca soube o motivo da separação sempre tive curiosidade, mas nunca tive coragem de perguntar, e também isso não era da minha conta, então nunca toquei no assunto com Tony. Íamos para a escola todos os dias no mesmo transporte escolar conversávamos muito, porém, bastava ele ver os amigos retardados dele para ele fingir que não me conhecia, até que eu cansei disso e por um tempo deixamos de nos falar. Cadu sempre foi minha paixão de adolescente, desde o dia no elevador que ele e seu sorriso não saíram mais da minha cabeça. Minha mãe dizia que eu não sabia o que era amor e ficava rindo de mim, o que me deixava com raiva, ela não sabia o que passava no meu coração pra afirmar com tanta certeza, mas eu nem dava atenção pra minha mãe, eu já sofria demais por um amor não correspondido. Para o Cadu eu era apenas uma criança, e eu o entendia e respeitava-o, embora eu gostasse muito dele, gostava demais da minha vida das minhas amigas e também das minhas bonecas, mas sempre que agente conversava eu ficava com cara de abestalhada admirando-o, não só sua beleza, mais sua educação, generosidade, paciência com seu irmão e cuidado e dedicação com sua mãe, o que não entendi foi, quando um ano depois de se mudar ele voltou pra São Paulo cursar arquitetura e morar com seu pai, me deixando aqui sem sua beleza para eu admirar!


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