Cap. 4 - Holandesa

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Depois de devorar-mos os nossos hambúrgeres cheios de calorias, pagamos e saímos do restaurante, ficando apenas a vaguear pelas ruas de Springton.
-Como é a Inglaterra?- pergunto, brincando com um fio solto da manga da minha camisola.
-As coisas não são assim tão diferentes daqui- oiço-o raspar a sola do sapato contra o asfalto.

Eu tinha de admitir que ele era fofo, fofo e giro. Um dos rapazes mais adoráveis que eu já vira.
O seu cabelo loiro-escuro estava menos rebelde do que no dia anterior, os lábios avermelhados e as faces perfeitas eram chamativos.

-Em que é que estás a pensar?- passei a mão pelos cabelos, tentando manter os dedos ocupados.
-Nada. Tudo. Qualquer coisa. Eu sei lá- vi-o encolher os ombros e fechar os olhos por poucos segundos- E tu?

-Nada, também -senti-me ruborizar, não seria nada agradável que Jason soubesse que eu estava a pensar em como ela era fofo e em como o seu cabelo penteado para a direita, mas ainda assim selvagem, lhe ficava sexy- Não aguento por os pés em casa, a partir de agora.

-Alguma coisa que se possa saber?
-A minha madrasta foi viver com os filhos lá para casa. Os miúdos são estupidamente idiotas.

-São rapazes, ruiva. Habitua-te.

-Tu não percebes, Jason, são reencarnações do demónio!

-Que exagero...

-Não aceditas em mim, Forasteiro? Então vem comigo, podes entrar naquela casa de malucos e depois de uma hora lá dentro nunca mais queres voltar- disse sem pausas, gesticulando com as mãos.
Eu odiava quando duvidavam de mim ou diziam que eu exagerava sem nunca terem tentado perceber realmente o que se passava. E porra! Os miúdos eram terríveis.

-Estás a falar a sério?- ele franziu as sobrancelhas, criando um vinco adorável entre elas.
-Uhum. Porque haveria eu de estar a brincar?

-Nada, é só que...Ir a tua casa?
-Não é nenhuma caverna, Inglês, é só uma casa infestada de pirralhos idiotas. Vens ou não?
-Isso é um convite, ruiva?

-Não te estiques.

Enquanto andávamos, eu e o Forasteieo íamos trocando algumas palavras, até que eu me distraí e tropecei numa pedra solta da calçada, exclamando um palavrão em Holandês.

-O quê?

-Ignora- murmurei- Vais gozar comigo se eu te disser...
-Diz lá, eu juro que não.

-Aqui a ruiva nasceu na Holanda, meu caro. E sabe falar Holandês tão bem como Inglês. Vá lá, goza um bocado.

-Então parece que não sou o único que não é Americano por estes lados.

-Eu nunca disse que era totalmente Americana, não é verdade?
-Mas nunca disseste que não o eras.

-Não tenho culpa se o meu sotaque Americano é melhor que o teu.

Precorremos mais alguns quarteirões até chegarmos à minha rua e eu aformar um "chegámos".
-Os "demónios" estão lá dentro?- Jason ergueu uma sobrancelha e eu quis dar-lhe um estalo.

-Talvez estejam no meu bolso- resmunguei e ele revirou os olhos.

Destranquei a porta e logo pude ver Peter num amasso total com uma loira capa de revista.
-Nojento- bati com a porta com força a mais do que a necessária, fazendo notar a minha presença.
-Vai à merda, Mia- pigarreou o demónio mais velho.

-O meu pai e a Veronica estão em casa?

-Claro que não.

-Quem é esta?- pergunta a loira de voz fina.

-O gato da vizinha, queres ver?- provoquei e depois puxei Jason pela camisola- Vamos.

-É o teu irmão?- perguntou o Forasteiro, acabando de subir as escadas.
-Meio-Irmão- respondi enquanto agarrava na maçaneta, a minha mão escorregando em seguida- Stront.

-Quê?

-Significa Merda em Holandês. O idiota pôs vaselina na maçaneta.
-Truque baixo.
-Podes querer- concordei, enquanto ia buscar um pano da casa-de-banho para limpar a vaselina da maçaneta- Odeio ter de viver com estas pestes.

-Tenta ser compreensiva, ruiva, também não é fácil viver com raparigas.

-E que sabes tu sobre isso?- perguntei, entrando no meu maravilhoso e lindo quarto.

-Eu também tenho uma irmã.

Tive de admitir que aquela me surpreendeu, eu não sabia assim tanta coisa sobre Jason, mas não me havia passado pela cabeça que ele pudesse ter tido alguma inflência feminina na sua vida, bem, tirando a mãe, talvez.

-Oh. Uma caixinha de surpresas, não é Forasteiro?

Soltei um sorriso malicioso quando me surgiu uma ideia fantástica e totalmente o meu estilo na cabeça.

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