Típico dia frio em Springton.
Jason ainda não tinha dado sinal de vida. Nem uma maldita mensagem.Decidi dar um tempo a mim mesma. Vesti qualquer coisa e senti um arrepio de frio mal pus os pés fora de casa.
Precorri alguns quarteirões sem rumo até me aperceber de que estava a poucos metros do beco. Já que estava ali, podia aproveitar um bocado do silêncio que me proporcionava.O frio regelava-me até aos ossos e o meu cabelo ruivo escorria água de uma chuva que eu nem me apercebera que tinha começado, mas eu não dava importância a isso.
Naquele momento eu perguntava-me quem era Jason. Sabia tanto e tão pouco sobre o Britânico que aparecera na minha vida vindo do nada.
Eu perguntava-me onde estivera Kaya aqueles anos todos. E Louis.
Eu perguntava-me como é que o meu pai se apaixonara por Veronica.
Eu perguntava-me a razão pela qual os meus meio-irmãos pestinhas tinham parado de me perturbar desde o meu pequeno colapso com Jason lá em casa.
Eu perguntava-me o que estava a passar-se comigo.Saltei para cima do contentor descolorido pela chuva e pelo tempo e usei-o para subir para cima do muro de cimento que rodeava o beco. Dali, eu podia ver grande parte da pequena cidade que era Springton.
Casas mal-pintadas, jardins cheios de ervas-daninhas, a estrada principal já gasta e relvados mal-cuidados. A chuva dava um aspeto ainda mais triste à cidade, mas isso reconfortava-me.A imagem de Jason como o vi no primeiro dia assombrou-me a mente. Mesmo na minha imaginação, ele continuava adorável. Ele era, sem sombra de dúvidas, o rapaz mais adorável que eu conhecia.
Algo me veio à cabeça, logo de seguida. Um aviso que a minha mãe me dera cerca de três anos antes. "Tem cuidado com os rapazes com que te dás, filha." foi o que dissera "Podes apaixonar-te e acabar magoada."
Os meus pais tinham-se divorciado quando eu tinha doze anos e meio, mais ou menos, eu fui só mais uma de várias crianças apanhada no meio de um divórcio.
Acabei por ficar com o meu pai.
Raramente falava com a minha mãe, ela podia até estar a viver na China que dificilmente eu saberia.
Mas ainda assim a amava. E todas as noites esperava que ela me ligasse ou me enviasse uma mensagem SMS.Procurei o meu telemóvel nos bolsos do meu casaco e enviei uma mensagem a Kaya, dizendo que precisavamos de falar ao que ela respondeu "Vem ter ao restaurante daqui a 15 minutos".
Pus-me a caminho assim que li a mensagem.
Uma parte de mim perguntava-se porque raios é que o Forasteiro ainda não tinha anunciado a sua presença neste mundo, mas outra dizia para deixar quieto.
Eu chamava-o de "Forasteiro" apenas por embirrância, porque, vistas as coisas. Eu, Carmen, Kaya e Louis também não eramos completamente americanos e não nos andavamos a chamar "Forasteiros" uns aos outros.A minha mãe era Holandesa. Carmen e os filhos eram Mexicanos embora nunca tivessem passado assim tanto tempo da vida deles no México.
E o Inglês era Inglês.Eu nem queria imaginar o meu aspecto físico naquele momento. Eu devia parecer um caco. Deveria? Uma adolescente afogada nas suas dúvidas e que passara uns bons quarenta minutos à chuva. Sim. Eu deveria.
E assim que cheguei ao restaurante, fui deparada com a confirmação dos factos, vinda da boca de Kaya:
-Céus, miúda, tu estás horrível!
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Inconscientes
Teen FictionQuando alguém se encontra no estado de inconsciência, não tem consciência do que se passa à sua volta. Está desacordada e não tem qualquer contacto com o mundo em que vive. Mia Mortmier era assim. Inconscientemente apaixonada por um estranho que apa...