Capítulo 03

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QUASE SETE HORAS

Ucker virou a cabeça e a garota veio para o seu lado.
-Como me reconheceu? - ele perguntou.
-Tem certeza de que não foi seguido? -ela quis saber num sussurro. Sua voz era mesmo rouca, rouquinha. Parecia ter cantado a tarde inteira num show de rock.
-Por que me seguiriam?
-Vamos entrar no metrô.
Ucker nunca entrara numa estação de metrô. La e voltava ao trabalho de ônibus. Foi descendo as escadas ao lado de Dulce. Ela, provavelmente namorada de Poncho, não vestia jeanz como a maioria das moças de sua idade. Usava um vestido Verde, inteiriço, duma elegância discreta, e levava uma bolsa a tiracolo. Era bonita, ruiva, de corpo bem modelado, e chamava a atenção, como ele pôde observar.
O movimento no metrô o deixou desnorteado. Os passageiros passavam apressa pelas catracas, empurrando-se nas filas. Um homem idoso perdeu o equilíbrio e caiu. Ucker fez menção de levanta-lo. Dulce o deteve pelo braço
-Precisamos pensar em nós agora. Nada de perder tempo.
Ucker irritou-se
-Afinal o que esta acontecendo? Pra mim só houve uma tentativa de roubo, mais nada.
-Vamos pegar o metrô.
-Para ir onde?
-Não que ver seu irmão?
-Sabe onde ele está?
-Sei. Acho que sei.
Dulce dirigiu-se ao guichê e comprou dois tíquetes. Apesar da situação inusitada Ucker examinava a estação com olhos de interiorano, admirando. A moça continuava alerta, olhando disfarçadamente a todos que eles se aproximavam. Passaram pela a catraca rumo a plataforma.
-Alguém telefonou para o apartamento? - Perguntou Dulce enquanto esperavam o trem
-Telefou, mas como eu não disse o número, a pessoa também não falou nada. So ouvi um respiração forte.
-E vc saiu em seguida?
-Quase correndo.
-Fez bm
-Fiz? Por quê?
-Lá vem o trem. Vamos.
Entramos num vagão e sentaram-se. Ucker achou que ja era hora de a moça dar explorações.
-Como me reconheceu? - tornou a perguntar.
- Poncho me mostrou um retrato seu. Mas nem saria preciso. Adivinhei que era vc.
-Tem ideia de qm revirou o apartamento?
-Não precisamente- ela respondeu de forma vaga.
Parecia não querer revelar de uma só vez tudo que sabia.
-Ladrões comuns teriam levado o televisor e o aparelho de som.
- Isso é verdade. Não eram ladrões comuns.
-Então procuraram alguma coisa- Conclui Ucker.
- Procuraram, mas não encontraram.
-Como sabe que ñ encontraram?
Ela ñ respondeu logo, mas disse enfim:
- Porque essa coisa esta cm vc.
-O quê?
-Porque essa coisa está cm vc -ela repetiu.
Não dava pra entender.
-Comigo?
-Está.
-Do que está falando?
Depois Ucker lembrou: Poncho dera-lhe um caderninho de endereços para guardar, protegido por um elástico. Dissera para sempre leva-lo, quando saísse, smp. Deixa-lo no apartamento seria imprudente: não confiava na mulher que fazia a limpeza. Por que não guardava ele msm?, perguntara Ucker. Por que ha perdera mais de uma vez agendas e documentos. Era um cuca-fresca. Guarde só por uns dias, Ucker, pedira Poncho.
Apalpou o paletó.
-Se fala da caderneta...
-Não tire do bolso- advertiu a moça

VONDY - 12 Horas de TerrorOnde histórias criam vida. Descubra agora