VONDY - 12 Horas de Terror

Capítulo 04

-Quer ficar com ela?
-Esta mais segura com vc.
-Mas o que há nessa porcaria de agenda?
-O que há em todas: nomes e endereços. 
Mistério irritante. Ucker perguntou, alto:
-Era então esse caderninho que procuravam? Por quê?
-Fale baixo, por favor. 
-Era?
-Ñ estou autorizada a contar tudo. Por enquanto basta saber que estou salvando sua vida. 
-Salvando minha vida! -exclamou Ucker-É gozação?
-Ñ se assuste. Tudo pode acabar bm - disse a moça mudando de tom. Parecia meio tonta.
Houve uma pausa maior em que o rapaz encaixou uma pergunta de outro naipe:
- Vc é namorada de Poncho?
Ela riu.
-O que vc acha?
-Acho q vc é namorada dele. E apaixonada. 
-Vc é irmão dele, deve saber melhor do que eu.
-Faz cinco anos que Poncho vive em São Paulo- disse Ucker- Durante esse tempo o vi poucas vezes.  Ñ sei quase nada da vida dele.
-Isso é normal. Eu tbm sei pouco da vida de minha mãe. Ela é freira.
A caderneta pareceu crescer e começou a pesar no bolso interna do paletó de Ucker.
-Fale da agenda. 
-Vamos descer na próxima estação. Levante-se.
O trem parou. Ucker e Dulce desembarcaram, ela andando à frente e lançado olhares cautelosos para os lados. Subiran a escadaria ja vendo a noite lá fora. O rapaz esperava encontrar o irmão à entrada do metrô, quando saberia de tudo o q acontecia. Mas ñ o viu.
-Para onde estamos indo? -perguntou, seguindo a moça. 
-Vamos pegar um ônibus.
-Tenho dinheiro para táxi. 
-Eu tbm. Entre naquele ônibus. Mas ñ vamos sentar juntos desta vez.
-Puxa, pra q essa correria? -protestou Ucker.
-É em nosso benefício, garoto. 
-Ñ me chame de garoto. Vc ñ deve ser mais velha do q eu.
Sem saber qual era o trajeto do ônibus, Ucker entrou e sentou-se ao lado se uma mulher grávida, vestida pobremente.  Dulce conseguiu lugar logo à frente dele, perto de um homem idoso q lia interessado um livro de bolso. De quanto em quando Ucker apertava cm o berço o volume que a caderneta fazia.  Estaria transportando uma bomba no paletó?
Decidiu retirá-la do bolso para solucionar o enigma.
Dulce devia ter algum poder extra-sensorial. Voltou o rosto para trás no msm instante.  Parecia uma mãe empreendendo o filho:
-Guarde isso.
Foi tão severa que Ucker obedeceu. Ñ se zangou, porém. Fora a primeira vez q pudera observar Dulce de frente, rosto a rosto. Ate então conhecera apenas seu perfil. Ela era realmente muito bonita msm. Cara de sorte, seu irmão! Estranho nunca lhe dizer q tinha uma namorada. Se o assunto eram garotas, desconversava. Aliás, pouco se falavam. Quando Ucker ia para o trabalho, Poncho estava dormindo.  À noite raramente se encontravam.  Ele se tivesse uma namorada como Dulce, contaria para o mundo inteiro.
A moça levantou-se e Ucker fez o msm. Desceram no ponto como se ñ se conhecessem. Na rua ela atrasou o passo, para que ele a alcançasse e perguntou:
-Que horas são?
Ele olhou o pulso. 
-Meu relógio parou.