Capítulo 01

1.2K 35 1
                                    

DEPOIS DAS SEIS

No edifício Fronteiro ao Mercado
Velho, situado numa das zonas caóticas da cidade, caberia toda a população da minúscula Serra Branca, onde Ucker morara ate um mês atrás. Ainda acostumado à paz do interior, ao voltar do trabalho bastava avistar aquele imenso prédio cinzento e ele ja se sentia deprimido.
Junto do confuso visual da região, vinha agregado o mau cheiro quase Centenário do mercado, sobressaindo-se o de peixes, entranhado no ar e em tudo. As próprias pessoas que residiam nas imediações,ou que simplesmente por ela por las transitavam, davam a impressão de exalar um odor nefasto. A cidade, ali, apodrecida.
Os inquilinos que Ucker encontrava no hall de entrada, corredores ou elevado elevadores, eram como que habitantes de um mundo estranho. Gente mal-encaradas, machucada pelo o trabalho rude e revoltada pela a falta de dinheiro. Mesmo as mulheres eram assim.
Poncho, o irmão com quem Ucker vivia, era o único morador de bm aspecto do edifício. Não entendia por que um cara tão bem vestido e propenso ao luxo residia ali. Aliás os dois não se davam bm. Poncho, vinte e cinco anos de idade, sete a mais que Ucker, opusera-se a ia do mano a capital, mesmo tendo o rapaz emprego garantido. Por correspondência conseguira um muna firma de representações.
Ao ver o caçula chegar, Poncho fora logo dizendo:
-Não espere que eu vá ser sua babá, sou muito ocupado. Vire-se. Ucker tratara pois de cuidar da própria vida. Tinha começado no trabalho e todos os dias chegava em casa pouco depois das seis. Nessa tarde, não doi diferente.
Depois de alguns minutos de fila Ucker entrou no elevador. A lotação sempre esgotava. Apenas dois carros serviam a população de cerca de sem apartamentos. O pior, contudo, vinha depois, ao ter de percorrer o corredor estreito e escuro do andar onde ja houvera ate assassinatos. Era como circular pelos porode um Castelo medieval, a espera de que um vampiro, algum Drácula, de capa preta, viesse cravar os dentes em sua carótida. Uf!
Girou a chave e abriu a porta do apartamento.
O que era aquilo?
O que havia acontecido?
Parou à porta,as pernas bambas. Entrava ou recuava? Tudo revirado e espalhado pelo o chão: gavetas e seu conteúdo, peças de roupa, livros, almofadas, o divã tombado e um abajur pisoteado, aos pedaços. O televisor fora jogado no assoalho. Entrou e abriu a porta do quarto. Mas desordem. A roupa das camas formava uma trouxa no canto. Os colchões fora do lugar. Os dois criados- mudos sem as gavetas. As cortinas arrancadas. Na cozinha, ao lado, a geladeira aberta r suas prateleiras soltas. Ate o compartimento das verduras fora vasculhado. Por fim dirigiu-se ao banheiro onde o armário embutido, cm sua porta escancarada, mostrava que alguém o revirara.
Ucker voltou a sala e atordoado, suando, largou-se na única poltrona deixada em pé.
Ladrões... Mas que ladrões eram aqueles que pelo menos aparentemente não havia levado nada? Ja ouviria falar de roubo de televisores no edifício. O de Poncho, porém, estava la, bem como o aparelho de som. Por que não roubaram as boas roupas do mano? Estariam apenas interessados em joias e dólares num edifício cujos inquilinos provavelmente nunca tinham visto a cor da moeda estrangeira? No entanto o rebuliço indicava que estiveram no apartamento à procura de alguma coisa. Mas o quê?
Pensoi em comunicar-se cm o irmão. Mas nem sabia onde Poncho trabalhava. Ele mencionara uma agência de Turismo e só. Na verdade ignorava ate o que o irmão fazia na tal agência. Teria de continuar a sa espera. Porém o mano voltava invariavelmente tarde, às vezes apenas no dia seguinte. Deveria, para ganhar tempo, ligar à Polícia?
O trim-trim do telefone
Ucker assustou-se. O telefone nunca tocava naquele apartamento. Não tinha ainda amigos na cidade e era ele quem ligava à mãe, em Serra Branca, uma vez por semana. Quando ao irmão, recebia raros chamados.

VONDY - 12 Horas de TerrorOnde histórias criam vida. Descubra agora