- Que os deuses salvem o rei Odrr, senhor de Holteard, o maior dos três reinos. – berrava o batedor. – Que os deuses...
- O que ele planeja? – perguntou o Cavaleiro Branco a um de seus generais.
- É um louco, meu senhor. Não se pode prever suas ações.
O exército eterno dispunha-se sobre o campo aberto. Na retaguarda, os arqueiros aguardavam por um sinal. Ao centro, a cavalaria se prostrava, já preparando as lanças para a batalha. Mais adiante, falanges, de escudos pesados de marfim, protegiam de um ataque inicial.
- Gyldenburh caiu sem resistência. – lamentou o Cavaleiro. – Seu exército tem a moral alta. Arqueiros. – gritou. – Preparar!
Cruzando a grande ponte, o exército de Holteard avançava. Enormes catapultas eram empurradas por milhares de soldados. Estavam preparados para adentrar a Cidade Eterna.
- Os malditos avançaram. – praguejou Odrr. – Se puseram fora de seus domínios. Só facilitaram nosso trabalho. Em campo aberto, fora das muralhas de sua cidade, o exército eterno não terá chances.
- Mas estamos no território de Helius. – ponderou um general. – Se uma batalha se der nestas terras, meu senhor, poderemos atrair a atenção indesejada de Arland.
- Helius está desaparecido. E não há herdeiros. Nesse momento, Arland não tem rei.
- Eu entendo, meu senhor, mas e quanto ao povo?
- Questiona as minhas ordens? – Odrr encarou o general, o olhar fulminando-o.
- Não, meu rei.
- Então preparem as catapultas.
Pedras enormes foram dispostas nas grandes estruturas de madeira. Centenas de homens se colocaram para pôr em movimento o mecanismo. As rochas foram disparadas a grande altura, cruzando centenas de léguas pelo céu. O som que emitiam eram como um zumbido seco, quase inaudível.
Percebendo o perigo, o Cavaleiro ordenou que as falanges se dispusessem em formação tartaruga, para proteger a retaguarda. Ele próprio recuou alguns metros com o restante do exército. A primeira pedra atingiu o solo a alguns metros da formação. Veio rolando e nem mesmo os poderosos escudos de marfim foram capazes de segurá-las.
Houve um tumulto quando mais pedras foram lançadas. O exército ameaçou uma debandada, mas foi contido por seus líderes.
- Será um massacre. – disse o general.
- Não enquanto eu estiver vivo. – bradou o Cavaleiro Branco. – ARQUEIROS! ATIRAR!
Flechas cruzaram o ar, soando como um enxame de abelhas. Muitas se cravaram nas pedras, ainda lançadas pelas catapultas de Odrr. As que ultrapassaram o obstáculo atingiram os soldados inimigos na ponte, que caíram no rio, tingindo a água de vermelho.
- AVANÇAR! – gritou mais uma vez o líder da cidade eterna e o movimento foi preciso. O deslocamento das tropas atrapalhou os cálculos do exército inimigo. As pedras já passavam à milhas de distância, e as catapultas tiveram que parar o ataque para reajustarem o alvo. A cavalaria avançou, deixando para trás as falanges. Afunilaram conforme avançaram sobre a ponte, preparados para destroçar os inimigos.
Oddr respondeu imediatamente. Lanceiros avançaram em contragolpe, preparados para receberem os oponentes. Dispuseram-se em frente às catapultas para protegê-las do ataque. Ajoelharam-se e esperaram o impacto.
A cavalaria eterna, no entanto, saltou sobre suas cabeças. Os cascos dos cavalos, reforçados com ouro, atingiram com força a cabeça dos soldados de Holteard. Alguns foram capazes de levantar suas lanças, rasgando o abdômen dos animais, mas a maioria caiu diante da estratégia.
Agora frente às catapultas, os cavaleiros sacaram pedaços de madeira, que riscaram no chão produzindo fogo. Lançaram-nas contras as grandes estruturas que logo se incendiaram. Os catapulteiros tentaram fugir, mas foram travessados pelas lanças inimigas.
Percebendo sua vantagem diminuir, Odrr ordenou que uma legião de soldados, munidos de gigantescos aríetes, avançasse contra o inimigo.
- E quanto às catapultas, meu senhor?
- Estão perdidas.
A ponte estreita não permitia que cavaleiros eternos e soldados de Holteard ocupassem o mesmo espaço. A manobra de Odrr foi certeira. Homens e cavalos foram jogados no rio.
Um grande incêndio tomava a ponte, agora. Ela própria, feita de madeira, começou a ceder. Quando desabou, levou centenas de soldados de ambos os lados com ela.
Agora, os exércitos da Cidade Eterna e de Holteard tinham um rio entre si.
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Guerras de Mármore
FantasyApós um abusivo aumento de impostos para alimentar seus exércitos, uma crise se instaura em Holteard. Na capital do reino, Holteburg, um grupo de cidadãos se reúne em busca de uma solução. Ao mesmo tempo, um bárbaro ronda pelas proximidade com seus...