Guerras de Mármore

Capítulo 1

- Duas galinhas? – pragueja Wine. – Isso é tudo que pode oferecer, Alfarr?

- Sinto muito, Wine. – lamenta o mercador. – As fichas estão desvalorizadas ultimamente.

- Mas apenas duas galinhas? – o pobre homem olha com tristeza para o saco cheio de fichas. Depois contempla seus dois filhos, sujos e famintos. – Tudo bem, eu aceito. – então entrega o saco ao mercador e recebe as aves. Em seguida, segue seu caminho empurrando a carroça cheia de alfafa.

Alfarr observa o homem partindo. Também sente pena, mas não pode sair no prejuízo. Ele também tem uma família para alimentar. Joga as fichas em um canto e prepara-se para receber o próximo cliente.

Ao longo, ele pode ouvir, cascos de cavalo soam contra o chão. Quando fita o horizonte, vê o brilho reluzente das armaduras de bronze da guarda real que se aproxima.

Os soldados desmontam e seguem, cada um, para uma barraca da feira. Um deles vai até Alfarr e brada.

- Mercador, em nome do rei, vim reclamar os impostos!

- Mas eu já paguei esse mês.

- Deves saber que estamos em tempo de guerra. Nosso exército precisa de recursos.

- Mas já temos tão pouco. Vão tirar mais ainda?

- Não. Só aqueles dois sacos que estão ali. – o cavaleiro aponta para os fundos da barraca.

- Mas é tudo o que tenho!

- Ousa contestar a autoridade real? – o soldado ergue-se diante do pobre mercador. Logo ao lado, um pequeno grupo agride um velho peixeiro. Quando seu filho tenta ajudá-lo, um dos soldados saca a espada e decepa a cabeça do garoto. Em seguida crava-a no coração do homem. Alfarr pensa bem e entrega as fichas ao soldado.

- Melhor ser um homem pobre do que um homem morto. – ele sussurra.

O guarda colhe as fichas e volta a seu cavalo. Pendura os sacos no animal e parte junto ao restante dos soldados. A viúva do peixeiro chora incessantemente as mortes do marido e do filho. A maioria dos homens não consegue olhar nos olhos um do outro.

Alfarr fita o céu, pedindo ajuda aos deuses.