Capítulo 12

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Havia, ao sul de Holteard e a leste de Lytelland, um grande território que foi, por muito tempo, julgado como inóspito. Em tempos antigos, homens e anões guerrearam por essas terras. A batalha, no entanto, nunca teve um vencedor, e aquele lugar continuava independente a qualquer reino.

Uma das razões desse lugar ter sido deixado de lado, no final das contas, era a quantidade de peculiaridades que apresentava.

Na região nordeste, havia uma grande cratera. Dentro dela, vermes gigantescos aguardavam por algum viajante desavisado para que pudessem se alimentar. Ao noroeste, grandes pastagens eram o habitat de indomáveis touros de três chifres, tão grandes que poderiam alimentar uma aldeia inteira caso sua carne fosse comestível. E ao sul havia os bosques.

Nenhum homem ou anão sabia que entre as árvores viviam pequenos seres, de pernas peludas que viviam festejando entre orgias regadas a vinho. Apenas os bárbaros eram conhecedores da existência dessas criaturas, já que muitas filhas foram raptadas, em tempos passados, pelos pequenos homens-bode.

Era para esse lugar que Cynemaer seguia. Ele conhecia a fama das criaturas que ali viviam. Arruaceiros imorais, como afirmavam os mais velhos de sua aldeia. Quanto estrago eles não fariam entre os homens?

Ele caminhou entre o bosque, sob a tênue luz do luar, seus olhos e ouvidos de caçador sempre atentos. Ouviu, ao longe, o som de uma flauta retumbando. Ao aproximar-se, um turbilhão de vozes foi tomando forma. Cynemaer se escondeu atrás de uma árvore para que pudesse ver melhor.

Ao redor de uma fogueira, os homens-bode dançavam e saltavam, com seus peitos peludos cobertos de vinho derramado. Havia algumas garotas de joelhos com dois guardas que as mantinham cativas. Uma das criaturas ergueu uma taça de vinho e a ergueu para o alto, brindando em nome de seus companheiros.

- Obrigado Baco, por nos proporcionar a bebida e as virgens. – um dos guardas trouxe uma das garotas e o homem-bode rasgou suas vestes, expondo os seios pálidos. Ele agarrou a jovem e preparava-se para iniciar sua perversão quando algo cortou o ar atrás dele. O ser ficou estático por um instante, e então seu tronco desabou ao chão enquanto suas pernas permaneceram firmes no solo. Havia sido cortado ao meio. Atrás dele estava Cynemaer com o machado manchado de sangue. O bárbaro então começou um massacre contra os homens-bode, que eram muito melhores em correr do que em lutar. Decepou o braço de um, rompeu o crânio de outro. Acertou um com tamanha precisão que o dividiu ao meio verticalmente.

Quando terminou, havia sangue e pedaços de homens-bode – e, é bem possível, de algumas virgens – por todos os lados. Cynemaer, é claro, manteve meia dúzia deles viva – nem todos inteiros – para que seu plano pudesse ser executado com maestria. Prendeu-os com boas correntes que trouxera consigo e partiu de volta para o norte.

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