7. Seu ride or die

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SETE

You're a doll, you are flawless

But I just can't wait for love to destroy us

Tess

Meu prazo de entrega estava quase acabando e o gosto do puro desespero era amargo na minha boca. As últimas duas semanas passaram tão rápido que poderiam ter quebrado a barreira do som bem na minha cara enquanto eu estava presa em um bloqueio milenar. 

Escrevi e reescrevi a mesma linha pela sétima vez tendo a impressão de que tudo só ficava pior a cada vez. Tentei escrever outra parte que estava mais viva dentro da minha cabeça, mas logo percebi que teria que dar uma volta enorme para conseguir conectar as ideias. 

Joguei a cabeça para trás no sofá, derrotada. E faminta. Havia passado o dia inteiro tentando fazer isso acontecer e me irritando no processo.

Salvei meu progresso e fui atrás de algum delivery, uma pizza inteira sozinha me destravaria nem que fosse na base do ódio. Entretanto, mal pude abrir o aplicativo pois meu interfone tocou escandaloso.

Chequei o relógio desconfiada. Sete e quarenta do sábado. Ninguém havia avisado que viria. 

— Oi? — perguntei quase em um sussurro.

— Ei, sou eu. Tá pronta? — a voz era de um homem, mas não me trouxe mais calma.

— Pronta? Quem é?

— Como assim quem é? É o John! — quase gritou desacreditado — Teresa, cê tá pronta, né?

Oh, merda. A surpresa.

Respirei fundo ao dar um tapa em minha própria testa.

— Tá, você não está pronta… Ótimo. — resmungou sem que eu precisasse me explicar — Eu posso pelo menos entrar? Tá frio demais aqui fora.

Destravei a entrada e o esperei subir. Quando tocou a campainha e me viu de pijama, despenteada e com a cara amassada quase deu meia volta.

— Você tem vinte minutos pra ficar pronta, mulher. Eu não tô nem brincando com você. — apontou em direção ao banheiro com os olhos estreitos para mim — A gente tem que chegar antes deles e fingir que nos encontramos por acaso, puta merda Teresa.

— Desculpa. — gemi mortificada — Fiquei quebrando a cabeça com…

— Vai pedir desculpas no carro, garota. — me empurrou em direção ao banheiro — A gente não pode atrasar.

— Eu preciso escolher a roupa. — tentei voltar, mas John usou toda sua estrutura para me manter dentro do cômodo.

— Eu escolho para você, toma banho rápido. — resmungou mais rápido que eu e fechou a porta comigo lá dentro.

Revirei os olhos, já sabendo que seria inútil lutar contra, ainda mais quando eu realmente estava errada. Nas últimas semanas estávamos andando mais juntos e conversando mais, mesmo que fosse por mensagens. Descobri que Kepner era um homem muito determinado e direto, sem tempo para enrolação. E essa praticidade era muito útil nesse momento, porque se fosse um namorado de verdade eu ficaria envergonhada de tê-lo revirando meu armário, mas John era John e eu não tinha muita coisa para esconder. 

Em dez minutos eu estava enrolada em meu roupão de banho tomado e skincare feito. Destranquei a porta e fui em direção ao meu quarto, ignorando o homem emburrado em meu sofá. Sobre a cama meu vestido de suede preto com mangas longas e uma meia-calça grossa me esperava, junto com meu sobretudo de lã amarela. Não me opus a combinação, não pela falta de tempo, mas porque realmente era bonito. Fui atrás da minhas roupas de baixo e me vesti correndo, seguindo para a maquiagem mais rápida da minha vida.

Como (não) Trazer Seu Idiota de VoltaOnde histórias criam vida. Descubra agora