Bem-vindo de volta dos mortos, Asher!

60 8 2
                                    

Fault Boys- Episódio 1- Asher

Capítulo 2

"Bem-vindo de volta dos mortos, Asher! "

Asher Henley


— Eu sabia. — A voz do meu irmão gêmeo, Cage, falou atrás de mim. Ele não gritou, na verdade ele parecia estar falando mais com ele mesmo que comigo. — Eu sabia, porra!

Eu me virei para ele, não tão certo de como agir. — Cage! — Forcei um sorriso no meu rosto quando chamei por seu nome.

Bray sempre foi o meu melhor amigo, mas Cage era minha outra metade. Ele me entendia sem necessitar palavras, ou gestos. Mas Cage e eu éramos apenas tão diferentes em personalidade quanto nos parecíamos fisicamente. Concordamos que ser melhor amigo um do outro não era algo para nós aos oito anos de idade, apenas porque mesmo que sempre nos apoiássemos, nunca realmente entenderíamos o comportamento um do outro, e estávamos bem com isso.

— Porra! — Agora sim ele gritou. — Eu sabia que você não podia estar morto, caramba! — Cage se jogou em mim com tanta força que eu cambaleei dois passos quando ele me abraçou.

E eu o abracei de volta com igual intensidade. — Pelo menos alguém está feliz em me ver.

Cage se afastou de mim, já com a testa franzida— O que isso quer dizer? Quem, porra, não ficaria feliz com isso?

Eu não cheguei a ter oportunidade de responder antes da porta da frente estourar aberta e minha mãe correr por ela. Stela Henley já tinha lágrimas correndo pelo rosto quando desceu os degraus da varanda com meus outros três irmãos em seu encalço.

— Filho... — Ela sussurrou antes de me abraçar contra ela, não disse mais nada, porém não precisava. Eu vi a emoção em seus olhos. Por cima de seus ombros comtemplei meus irmãos mais novos com olhos lacrimejantes.

Cage, Mark, Camerom e Max não precisaram perguntar se era realmente eu, ou me disseram com descrença que eu deveria estar morto. Eles não questionaram o porquê, apenas estavam felizes por isso.

...

Depois que finalmente minha mãe conseguiu me deixar ir a uma boa distância do seu braço, eu subi as escadas para o meu antigo quarto. Nem todas as minhas coisas estavam aqui, pois dois anos atrás eu havia começado a me mudar com Nox para a nossa casa antes de ter que ir em missão.

Eu tomei banho e peguei uma das minhas velhas camisetas, que ainda estavam limpas e dobradas na minha gaveta, apenas como se minha mãe estivesse esperando por mim para voltar para casa.

Deitei na cama, mas não parecia certo. O travesseiro sentia-se errado debaixo da minha cabeça, e o colchão era confortável demais. Minha coberta foi decepcionante, porque eu nutri expectativas por um longo tempo de que seria Nox a me aquecer, não um maldito pedaço de pano meio algodão meio poliéster. O quarto parecia limpo demais, estéril demais, intocado demais para quem viveu na guerra por dois anos. Para quem tinha sua cabeça e coração conflitando tudo aquilo que conhecia.

Eu não me sentia como em casa, por que minha casa passou a ser uma mulher. Mas ao que parece, muito mudou em dois anos e eu não recebi o memorando. Eu me sentia confuso, fora de lugar. Traído.

Embora, não foi o erro de alguém ao me declarar morto que tinha minha cabeça em parafusos. O que realmente importou para mim foi o fato que meu melhor amigo, e a mulher que eu amo mais que minha própria existência finita, terem me feito morto em seus corações.

Fault BoysOnde histórias criam vida. Descubra agora