-Não!!! É mentira!!!- O barulho ao me redor some, e me ajoelho, só ouço os meus soluços.
Minha irmã mais nova e meu pai sentam ao meu lado e tentam me consolar. Eu não podia acreditar, a pessoa mais importante pra mim, se foi.
-Mãe...- soluço- porque? Eu preciso de você, preciso de você! - digo em um tom em que ninguém possa ouvir.
-Serena, você precisa se acalmar. Tenho que confiar em você para cuidar da Hellen, preciso ir resolver todo o velório e fazer alguns telefonemas. - Meu pai diz.
- Cala a boca! Você nunca se importou, você abandonou a gente e foi morar com aquela....- Ele me interrompe.
-Já chega Serena, e sei que é difícil, mas você já está exagerando!- ele grita.
Eu caio aos prantos.
Depois de muita luta eu me levantei e fui cuidar da minha irmã. Desde que meus pai se separaram eu nunca me dei bem com minha madrasta Maria. ela não me parece uma boa pessoa, só pelo fato de ter feito meu pai se apaixonar por ela, e ter separado nossa família. Eu lavo meu rosto e desço as escadas. Chamo pela Hellen, e nada. Eles devem estar no escritório. Entro no escritório sem bater.
-Mas Léo, você não pode simplesmente decidir se mudar pra fora do país, assim de repente...- ela diz.
-R-rum... Como assim? Quem vai se mudar?.-pergunto.
- Nós iremos... Semana que vem, já que o advogado determinou que a guarda de vocês pertence a mim. - ele diz.
- Ótimo, o corpo da velha nem esfriou e você já quer se mudar? Qual será o próximo passo? Mais um filho, casamento dos dois ai? - digo batendo a porta e indo para o meu quarto.
Depois que meus pais se separaram, eu ia a cada 15 dias junto com minha irmã para a casa do me pai. E justo esse fim de semana , minha mãe decidiu do nada.... morrer.
Isso dói , cara eu só tenho 15 anos!.
O velório dela foi ainda mais dolorido, sabe... Ver ela ali, deitada naquele caixão, com suas mãos sobre sua barriga, seu rosto pálido e sua cara inchada. Eu não aguentei, eu não podia ficar ali. Sai da sala onde o velório dela estava sendo feito, desci as escadas e fui até a imagem de Maria. Não sei quanto tempo passei ali. Ouvi meu pai me chamar, eu não disse nada, me levantei e quando fui andar, meu pai me chama.
-Ei, eu te amo filha, deixa eu te ajudar? - ele diz.
Eu me aproximo dele e digo:
- Já passou pela sua mente que talvez eu não queria ser ajudada? Que talvez eu só queira, sei lá... Ficar sozinha pai? Eu to tentando absorver isso tudo... E quer saber, eu não quero mais brigar com você, então me deixa sozinha por favor?.- digo chorando.
Ele se aproxima de mim e me abraça.
- Eu sei que não é fácil, sei que pra você ta sendo pior do que pra mim e sua irmã. E eu não quero te ver assim... Eu te amo querida... - ele diz com tanta ternura que eu o abraço mais forte e choro em seu ombro.
Não posso dizer que depois que meu pai me abraçou eu melhorei, também não posso dizer que lidei bem com a morte da minha mãe. Até porque ninguém sabe lidar com a morte. Então sinceramente eu não estava bem mentalmente e fisicamente, literalmente falando.
As coisas acontecem muito rapidamente, em um dia você está bem e curtindo a vida com seus amigos, e aquele dia é apenas um dia, você não pensa se ele é o seu ultimo dia, pra falar bem a verdade ele é apenas mais um dia com seus amigos. E então em questão se minutos a sua vida se transforma e a sua vida se torna uma droga, e não querendo ser pessimista, mas sendo realista, você não deve dizer eu te amo para as pessoas todos os dias, porque as pessoas realmente não se importam com isso, pra falar a verdade elas nem ligam para isso. Elas estão presas dentro de seus mundos preto e branco, sendo exiladas por não sentirem nada, sendo exiladas por elas mesmas. Então... Quem se importa? A maioria das pessoas que estavam naquele velório, só compareceu por obrigação, e eu fico fodida com isso, porque as pessoas hoje em dia não estão nem aí para as outras, então qual é o sentido de ficar indo nos velórios se elas nem se importam com o indivíduo em que se encontra, pálido e frio dentro de um caixão cheios de margaridas?.
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Se enlouquecer não se Apaixone
Teen FictionEu juro que não pretendia me apaixonar por ninguém. Mas aconteceu e eu esto feliz, quer dizer, parte de mim...