Capítulo 7

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Aparentemente isso que estou vendo é uma rua que começou do nada, percebo que há um rio logo à direita em uma descida e como estamos sujos e sem tomar banho a sei la quantos dias, decidimos revezar e eu trouxe algumas roupas comigo, então quando chegar a minha vez eu desço. A água está gelada, mas da para me virar, a mais de um mês não tenho o luxo de tomar banho com água quente, então isso é melhor que nada. Me seco com minhas roupas sujas, tomando cuidado com meu machucado que já está melhorando, mas ainda dói muito, pego uma roupa limpa e guardo as outras sem me importar se irá mofar ou umedecer as outras coisas que estão guardadas. Quando volto espero o último se lavar e começamos a andar novamente em uma estrada de chão e o sol está queimando, não faço ideia de onde estamos indo, estou sentindo como se estivesse derretendo, minha calça jeans está colocada ao corpo e minha regata branca está encharcada.

Todos estão calados e meu estomago já começou a roncar.

-João, tem algo para comer? Creio que deve ser hora do almoço!

-Temos alguns enlatados- disse ele.

-Então vamos parar pra comer.

-Temos que encontrar sei la, uma cidade por aqui ou morreremos de fome- diz Paulo cansado.

-Paulo tem razão, essa comida não irá durar por muito mais tempo- fala Josué preocupado.

-Mas no momento, vamos comer, por que fracos e desorientados não iremos a lugar algum, pelo menos conseguimos encher nossas garrafas de água e o galão no rio- diz João.

Então nos sentamos embaixo de uma árvore e comemos, ficamos um tempo descansando e voltamos à caminhada. Durante o caminho desviamos de estrume de vaca e como fedia! Queria muito um óculos de sol e um protetor solar, já estávamos bebendo todas as garrafas de água até que nos deparamos com uma porteira, umas que são pregadas em forma um x, chegamos perto e Paulo a abre, logo avistamos uma casinha abandonada no pé da montanha, quando subimos e chegamos a porta da casa eu sinto um deja vu e fico estática.

-O que ouve Sara?-João me pergunta.

-Tive um deja vu.

-Você teve algum sonho com ela?

-Sim. Sim, agora me lembro-Me subiu um calafrio porque eu me lembrei o que achei ali.

-Sara?-Pergunta Paulo.

-Sim?

-Você ouviu o que eu disse?

-Não.

-Você vai entrar primeiro, bater ou devo eu?

-Não, não há ninguém ai, pelo menos no meu sonho não havia.

-Então vamos, pelo menos para passar a noite e veremos se a algo para comer, já está começando a escurecer- diz João.

Josué só fica calado no canto dele, às vezes até me esqueço de que ele está conosco.

-Então vamos.

Quando pego a maçaneta a sinto gelada sob a minha mão, giro a devagar e quando a porta se abre totalmente me deparo com aquele cenário. A uma sala, os moveis estão escondidos com lençóis brancos, que agora estão sujos por causa da poeira, a várias teias de aranha e baratas, entro mais para mais dentro da casa e um rato passa sobre meus pés e grito.

-É só um rato Sara-disse Josué finalmente.

-Eu sei, mas é um bicho nojento.

-Hum- diz ele.

Os outros entram e cada um vai verificar um lado da casa, eu subo os degraus que estão logo a minha frente, quando chego ao primeiro andar tenho uma sensação ruim, as paredes são de madeira, como aquelas casas velhas de filmes de terror, melhor, como no filme "Os Mensageiros", que me da arrepios, o assoalho faz ruídos, não gosto de filmes de terror, sempre me escondia atrás de um edredom, foi assim que fiz quando assisti O Grito. No fim do corredor há uma janela, abro a primeira porta que vejo, é um quarto, só a uma cama e uma cômoda, na segunda porta encontro outro quarto é no fim do corredor tem outra porta e lá dentro encontro um quarto cheio de caixas, aparentemente cheias e algumas estão jogadas e a vidro quebrado espalhado pelo chão, aparentemente as caixas que não estão derrubadas estão cheias, entro mais e me agacho perto de uma das caixas que está encostada em um canto e a abro, dentro a alguns porta retratos e vejo uma família feliz, a esposa o marido e dois filhos, pelo menos que são uma família. Mexo mais e algo me interessa é um papel dobrado de qualquer jeito, está meio amarelado por causa do tempo e sinto que estou invadindo a privacidade de alguém. Retiro a carta e começo a ler.

Não sei quem encontrará está carta, mas espero que entenda o recado, estamos abandonando está casa, porque tem algo muito estranho aqui, estão nos observando, já vi alguns deles e usam mantos pretos que cobrem as cabeças, já cheguei a ver alguns fios de cabelo, mas não era exatamente cabelo, eram como se fossem cobras ou larvas não sei,alguns estão a cavalo e outros com serras, estou com medo.Mas enquanto escrevo está carta, sinto que eles estão vindo e que desta noite não passará, estou escutando passos no andar de baixo, mas não posso deixar de contar alguém sobre isso. Estou me trancando neste quarto, sei que estou sendo covarde deixando meus filhos e marido para sorte, só tive tempo de me trancar e escrever isto, eles estão subindo. Se isto acontecer com você, tranque-se ou corra e não olhe pra trás, já mataram meu marido e meus filhos, eu sei, e não tenho mais tempo, eles querem acabar com tudo.

Estou estática e com medo, sinto um calafrio subir minha espinha e olho a janela, já está escuro la fora e escuto um lobo uivar, levanto é vou até a janela- na minha antiga cidade, achei estranho quando ouvi lobos, por que não e típico da nossa região a não ser o lobo guará ou cachorro do mato, mas aqui é um lugar diferente e tudo está tão louco que fico perdida –Me levanto e vou até a janela e vejo a floresta agora banhada por um breu, sinto que sou observada e procuro algo, mas não encontro, me afasto da janela e fico pensando. Qual é a minha missão aqui, eu só queria ter minha vida de volta, ir à escola, fazer o vestibular, namorar me preocupar apenas com coisas fúteis, mas isso não será mais possível. Me afasto da janela, e escuto João me chamar no andar de baixo, deixo a carta onde estava e penso se devo ou não avisar os garotos, pois querendo ou não isso tem haver com meu sonho e se realmente for eu quero estar bem longe daqui.

<r~


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