Capitulo 4

1K 42 4
                                    

Esse cara deve estar me perseguindo, só pode ser isso, o tal professor obviamente tinha que morar em frente ao meu apartamento! Olha só, que maravilha!

- Ah, oi, como você conseguiu meu endereço? Você precisa de alguma coisa?

- Na verdade eu estou perdidamente apaixonada por você e precisei vir aqui contar pessoalmente.

Por um segundo pude ver seus olhos verdes escurecerem e na sequencia um sorriso confuso se plantando em seu rosto.

- Sério Guinevere... Guinevere é esse o seu nome não é? O que você quer?

- Por que você acha que eu quero alguma coisa? Quanta prepotência.

- Você acabou de bater na minha porta, bem, presumo que não veio aqui tomar chá.

Dessa vez me pego, será que ele sempre vai conseguir me tirar do sério? Com esse sorriso debochado no rosto, e esses dentes tão retos, que raiva!

- Ok, na verdade, eu hã, moro no apartamento aqui da frente, e não tenho velas ou lanterna, na verdade só tenho a luz do celular...

Foi só terminar a frase e o celular desligou, parece que minha bateria estava tão viciada que mal conseguiu manter a lanterna do celular acesa.

- A, droga, não acredito, agora não tenho iluminação nenhuma.

- Você não recebeu o aviso da companhia de luz?

- Me mudei ontem à noite, não recebi aviso nenhum...

- Bem isso é uma droga, infelizmente só tenho uma lanterna, mas se você quiser entrar e ficar aqui até a luz voltar, não me incomoda ter companhia.

Eu sei que eu odeio esse cara, mas se tem uma coisa que eu odeio mais ainda é escuro, então não podia recusar.

- Não se preocupe, não sou nenhum desses assassinos da cidade sobre os quais você leu no jornal.

Era obvio que ele não podia deixar de fazer essa piadinha lembrando o que eu disse da primeira vez que nos vimos. Preferi ficar calada, para não sair dali correndo e ser atacada por algum monstro no caminho.

Agora eu vou seguindo-o em meio ao breu, entramos em seu apartamento e ele foi buscar a lanterna em algum lugar. Através da pouca luz que entra pela janela tento ver como é seu apartamento, consigo ver sombras nas paredes, parecem livros, nossa, são muitos livros. Mas o que mais eu podia esperar de um nerd professor de literatura, fazendo doutorado já aos 26?

Ele está voltando e com ele à luz, nem acredito no efeito calmante que um pouquinho de iluminação tem sobre mim.

Eu sei, estou parecendo uma garotinha de dez anos assustada, mas a verdade é:

Sempre tive muito medo daquilo que não posso ver.

Agora eu posso ver melhor o interior do local, realmente tem muitos livros aqui.

- Nossa você tem uma grande coleção aqui eim!

- O que mais você podia esperar de um nerd professor de literatura?

Agora não sei se disse essa frase em voz alta ou se ele além de nerd é o professor Xavier dos X-men.

Ele continua me olhando com aquele sorriso branco, parece não ter notado minha pequena confusão.

- A que indelicadeza a minha, você gostaria de sentar, senhorita Guinevere?

- Pode me chamar de Guine, achei que você tivesse vinte e seis, não se sessenta anos.

"Senhorita Guinevere"

Imitei sua voz, e ele não pode evitar a risada. Agora que eu já estou sentada, não faço ideia sobre o que falar, na verdade a minha vontade é de fundir-me a mobília e assim ficar, sem precisar socializar com esse homem que eu tão pouco conheço.  

DescoladaOnde histórias criam vida. Descubra agora